MIKE
Realmente não esperava ver isso quando cheguei aqui, essas pessoas são... como posso dizer? animadas demais. Onde eu estudava não era assim, chega a ser engraçado ver eles pulando e gritando como se não houvesse amanhã, as vezes sem motivo e as vezes por um bem tosco, mas eu gosto! Não me entenda mal, em minha antiga escola era muito chato e sem graça.
Lembro do meu primeiro dia aqui, eu estava bem nervoso - o clichê do primeiro dia na escola nova - mas todos foram receptivos e legais comigo, pelo menos naquela hora eles me escutavam!
- Não Mike! Você tem que falar essa parte! - Grita Renata já totalmente irritada. Me forçando a falar em uma cena que eu não quero.
- Mas não tem nada a ver com a outra parte!
- Foda-se! É o que tá no livro e no roteiro!
- Olha, eu deixa que falo essa parte, não tem problema... - Diz Lucas, todos olham para ele após sua fala, porque ele faria isso? Essa cena é a pior que tem. Quem a fizer terá que fazer uma dançinha totalmente brega, do século retrasado enquanto conta uma poesia mais brega ainda. (A professora tem um gosto... impecável.)
- Não me olhem desse jeito, eu não sou besta que nem o Mike. - Ele olha para mim e aponta para meu peito - Fresco de merda.
- Repete! - Grito totalmente controverso, eu nem mexi com ele!
- Porque? Vai bater em mim? Eu faço a cena e terminamos logo esse trabalho - Com um sorriso no rosto ele perigosamente se aproxima porém eu o empurro antes que chegue mais perto. Sou mais alto que ele, tenho certa vantagem.
- O que você tem? Mas que droga!
- Relaxa cara, só tô' brincando - Lucas diz fazendo um gesto com as mãos.
Devo ter revirado tanto meus olhos que por um momento acho que eles não voltam mais. E é nesse momento que eu me sinto a pessoa mais sem sorte do mundo, por que caralhos eu saí no mesmo grupo que ele?!
Ah é, me lembrei que foi por emprestar meu caderno. É isso que acontece sendo gentilApós meu momento de revolta, continuamos gravando aquela merda (também conhecida como curta de literatura) por umas duas horas ou cinquenta dias, não sei.
Depois de minha cena, sento ao lado de Esther, uma colega da sala, ela dirige o olhar a mim e pergunta: - Você tá bem?
- Hã? Sim, tô sim.
- Você ficou estranho depois da briga - Fez aspas com os dedos - com Lucas, você não precisa se incomodar, ele é assim mesmo. Sei que ele te considera um amigo.
- Ah, acho que é porque eu nunca passei por esse tipo de situação antes, você sabe, minha antiga escola... - Ela assente, acho que ela me entende apesar de não sermos tão próximos. Sempre tive que explicar o porquê que eu não sou tão animado como eles, nos Estados Unidos é super diferente.
- Ei, vou ali botar meu celular pra' carregar - Esther fala.
- Certo.
Aproveito e vou em direção à cozinha - Da casa de Lucas e Júlio (Sim, estou na casa dele e do primo dele, o que piora a minha situação) - Mas antes que eu pudesse por os pés na cozinha, vejo Lucas e outra garota - que não reconheço - se beijando, é... Adeus água. Saindo de fininho acabo escutando alguns passos me seguindo e então eu aperto o passo, estava quase correndo quando que uma mão segura meu braço.
- Ei, espera. - Levanto meu olhar e o vejo. - Quero falar com você.
- Achei que estava ocupado. - Digo apontando com a outra mão para a área onde ele estava com a garota. Lucas coloca a mão no cabelo e faz uma expressão desconfortável.
- Você é mais importante. - Realmente não entendi o porquê de sua fala mas o seu sorriso de convencido me faz ficar sem opção, acho vou escutar o que ele tem a dizer.
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QUANDO NOSSOS OLHOS SE ENCONTRAM - 1
RomanceSINOPSE: Lucas é daquele garoto carismático, típico "amigo de todo mundo". Apesar de um pouco esquentadinho, ele sempre viveu a vida intensamente. Mike é novato no Colégio Ciano, e aos poucos seus colegas vão percebe que ele é um menino brincalhão e...