͎ᨛ᤹ Fallon e Peter não passavam de colegas de classe, onde apenas conversavam o básico sobre trabalhos de física e afins. E ninguém conhecia a garota além dela mesma. A loira nunca foi muito sociável devido sua criação, e isso sempre foi motivo par...
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FALLON ABRIU A PORTA DO TELHADO do prédio com pressa e respiração raivosa, fechando a mesma atrás de si. Caminhou até a beira do prédio, onde se sentou e deixou suas pernas balançarem para o lado de fora, lhe causando um frio na barriga convidativo. Seu prédio não era tão alto, mas talvez fosse o suficiente para ela se machucar feio. O que diabos estava pensando? Sua mente andava tão perturbada pelas discussões da mãe e do pai que qualquer opção de escapar daquela situação era viável.
A loira apenas começou a chorar antes de notar que a vontade estava presa na garganta. Estava tão estressada, tão sobrecarregada. Trabalhos escolares, pressão psicológica, discussões todos os dias. Não havia saúde mental que aguentasse tudo isso. E todos os dias orava mentalmente para que o divórcio dos pais chegasse logo, mesmo que os dois nunca tivessem falado a respeito disso. O que havia no relacionamento dos dois não era amor, e muito menos respeito mútuo. Era dependência financeira e apego emocional.
Sentiu alguém atrás de si e se virou alarmada pensando ser o seu pai para gritar qualquer coisa sem sentido com ela. Mas não era ele, felizmente. Demorou um pouco para ela digerir quem estava ali parado, tanto é que ela coçou os olhos para ter certeza de que via certo.
— Está tudo bem com você? Não estava pensando em se jogar, não é? — Disse ele. Ninguém mais, ninguém menos que o Homem-Aranha.
— Não deveria estar salvando pessoas por aí? — Fallon riu nasalmente, voltando a se sentar na beirada do prédio. Gostava tanto do amigo da vizinhança que se segurava para não ter nenhum tipo de ataque estranho que o assustasse.
— É o que eu estou fazendo. — Ele respondeu, se sentando também ao lado da garota. — Eu vi de longe que você estava chorando. O que aconteceu?
A Warren respirou fundo antes de responder, e se deveria responder. Querendo ou não, mesmo que Nova Iorque inteira conhecesse o Homem-Aranha, ninguém sabia quem ele era. Mas confiava o suficiente no herói para salvar a vida dela, e talvez até para dar alguns conselhos. E talvez não saber quem ele era fosse o melhor para os dois.
— São meus pais. — Disse rapidamente. — Eles brigam todos os dias e acham conveniente descontar isso em mim, além da escola e minha falta de autoconfiança.
— Eu sinto muito por isso... — O Parker deixou subentendido que queria saber o nome dela, mesmo que já soubesse. Estudavam na mesma escola.
— É Fallon. Fallon Warren.
— Fallon, o que posso fazer pra ajudar você? — Ele perguntou.
— Você não pode ajudar todo mundo, Aranha. — Fallon sorriu para tranquilizar o herói. Mesmo que seu rosto estivesse sob a máscara, a garota teve a certeza que ele sorriu também.
Peter se pegou pensando que aquele sorriso era o mais bonito que havia visto, o tipo de sorriso que ele tinha a obrigação de retribuir com um duas vezes maior. E foi o que ele fez. E se sentiu tão culpado por esconder sua identidade de Fallon, mesmo que não a conhecesse mais profundamente. Culpado por saber dos problemas dela como Homem-Aranha e também como Peter Parker. Como poderia olhar para ela na escola no dia seguinte?
— Mas é meu trabalho ajudar todo mundo. — Ele argumentou.
— Me ouvir e não contar pra absolutamente ninguém é o bastante. Você tem coisas mais importantes pra fazer. — A loira arrumou o cabelo de um lado do ombro.
— Seus segredos estão guardados comigo. — Ele segurou sua mão, que repousava sobre a perna dela. Ela o encarou, exalando gratidão.
— Injusto eu não saber seu nome e você saber do meu. — Ela riu, soltando a mão dele, a puxando para si de volta.
Peter riu nervosamente antes de olhar para o lado oposto do dela.
— É por uma boa causa. Quanto mais pessoas sabem quem eu sou, mais pessoas com quem me importo são colocadas em perigo. — Ele engoliu em seco. Mesmo que não fosse amigo de Fallon na escola, ele tinha que zelar pela segurança dela.
— E se importa comigo? Você não me conhece. — Fallon pontuou.
— Eu me importo demais com você pra ser seu amigo. Não posso colocar você em perigo assim. — Ele retornou à olhá-la.
— Se não fosse meu amigo, provavelmente não se importaria comigo e não estaria aqui, certo? — A garota catucou a ferida, e Peter arregalou os olhos sob a máscara, mesmo que ela não conseguisse ver.
— Ponto pra você. — Ele disse entre uma risada fraca. — Eu tenho que ir agora, Fallon. Foi muito bom conhecer você.
— E foi bom conhecer você também, Aranhazinho. — Ela se levantou do chão, sendo seguida por ele também.
— Nunca mais me chame desse jeito, já basta o senhor Stark. — Ele tentou parecer bravo, falhando miseravelmente. Quando percebeu, Fallon já estava rindo. Ele revirou os olhos, acompanhando a risada dela. — Podemos nos encontrar amanhã, nesse mesmo horário, se você quiser.
— É claro. — Ela assentiu. — Vou esperar por você.
— Até amanhã, Fallon. — Ele disse, antes de lançar a teia em um prédio e pular do que estava antes.
— Até amanhã, Homem-Aranha. — Ela sussurrou, o vendo ir embora até que não estivesse mais em seu campo de visão.
