Ione dirigiu-se a casa daquela que dizia ser a sua Mãe de Santo. Tentaria
algo em benefício de Erasmino.
Encontrou Mãe Odete em meio a um ritual de magia e resolveu esperar.
Passou-se muito tempo, quando então foi atendida pela mulher que se dizia conhecedora dos
mistérios da vida e da morte.
_ Pois é isso, Mãe Odete, eu queria muito ajudar essa família e resolvi
recorrer a sua ajuda, a fim de fazer uma consulta para Erasmino. Quem sabe à senhora não
encontra um jeito para ajudar, eu aposto que é caso de mediunidade...
_ Vamos consultar os guias, minha filha. Antes de ele vir aqui vamos fazer
uma consulta e ver do que se trata. Você sabe, às vezes tem casos que nem nós podemos
resolver...
_ Como não pode? A senhora não é dona dos espíritos?
_ Dona? Eu apenas faço contatos com eles e eles me dizem o que fazer
conforme o caso, mas dona eu nunca disse que era...
Feitos os preparativos, Odete sentou-se numa cadeira em volta de uma
mesa com toalha branca, onde havia uma pequena peneira com conchas dentro e colares em
volta. Uma pequena campainha foi acionada. Era o sinal de que Odete estava entrando em
contanto com os espíritos, seus guias.
Pronunciava palavras numa língua incompreensível para Ione, enquanto
balançava a campainha. Juntou as pequenas conchas nas mãos e jogou-as dentro da peneira.
Estranha sensação dominou as duas, enquanto Odete olhava o resultado da
Ueda das conchas. Arrepios intensos percorriam os corpos das duas mulheres, enquanto
estranha força jogou Odete para longe da mesa, para espanto de Ione, que ficou
extremamente assustada com o ocorrido. Nunca vira algo assim.
Quando Odete se dispôs a consultar os espíritos sobre o caso de Erasmino,
estabeleceu imediatamente a sintonia mental com o caso e atraiu para perto de si a entidade
que acompanhava o rapaz.
O espírito aproximou-se com intenso magnetismo primário, cheio de ódio
porque alguém queria interferir no “seu” caso.
Tentou de todas as maneiras impedir que Odete participasse do andamento
da questão em que estava envolvido com Erasmino. Para isso, utilizou-se de uma força que se
assemelhava à sua própria: os fluidos de Odete e de Ione.
Concentrou-se intensamente e, sugando as energias de ambas, logrou
atingir Odete fisicamente e joga-la distante da mesa onde se encontravam as duas.
Foi o suficiente para espantar Ione e colocar fim à tentativa. Odete, por sua
vez, aconselhou que encaminhassem o jovem para outro lugar.
Existia, em outra localidade, um centro umbandista que era diferente do
seu. Diziam que só trabalhavam com forças do bem, com energias superiores. Quem sabe não
poderiam ajudar? Ela, afinal, não estava bem de saúde e com muitas atividades por realizar,
não conseguiria solucionar a problemática.
Na verdade, o conselho foi uma confissão de sua própria incapacidade para
resolver o problema de Erasmino. Tinha medo. Nunca antes encontrara tanta energia como a
que a atingira naquela ocasião. Fez de tudo para encaminhar Ione para outro terreiro.
D. Ione foi embora um tanto decepcionada com o ocorrido, mas de certa
forma, ainda continuava querendo ajudar. Procurou o terreiro do qual ouvira falar
anteriormente. Diziam que era diferente, mas não importava, iria assim mesmo. E foi o que
fez.
Procurou se informar direito e assim que pudesse iria conduzir D. Niquita e
Erasmino ao tal lugar. Com prudência, freqüentou algumas sessões antes de indicá-lo à amiga
e, depois de algumas duvidas esclarecidas, resolveu então indicar o caminho a D. Niquita e à
família.
Foi providencial o caso ocorrido com Odete e Ione. Muitas vezes,
circunstancias adversas são emissárias de oportunidade de acerto encaminhadas às vidas das
pessoas. Algumas investidas das sombras, ao invés de atrapalhar, costumam ser revertidas
em benefícios, conforme as circunstancias
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