A brisa da noite se tornou uma ventania, o corpo de Hyunjin, completamente álgido, com exceção das mãos, agarradas na roupa quente do garoto no qual se apoiava.
Foi necessário que o devoto aplicasse toda a sua força mental para não pedir auxílio a Deus. Já O havia incomodado o suficiente hoje. Talvez mais do que no ano todo até o momento.
Hyunjin não se envolvia em problemas. Não se envolvia com motos, álcool, saídas na madrugadas ou motociclistas.
Porém, lá estava. Montado em uma moto, com a mão enfaixada, recentemente disjunta de uma garrafa de whiskey, às duas da manhã, o corpo colado no de um motoqueiro completamente desconhecido.
Na tentativa de escapar a própria repreensão, Hyunjin voltou seus pensamentos ao que aconteceria quando chegasse em casa. Estava enfaixado, poderia dizer que um cliente quebrou uma das mesas da livraria e, enquanto limpava os fragmentos de vidro, acabou se cortando.
Mentir é pecar. E mesmo que não fosse, nada garantia que os pais não arrumariam outro problema com a situação.
Havia tantos problemas com a situação.
"...inho."
A fala do ruivo quase passou despercebida, o ruído do motor de sua moto alto demais para que Hyunjin conseguisse ouvir com clareza.
Virou o rosto na direção do garoto e esperou que este repetisse.
"Sabe," Recomeçou, buscando confirmação de que o outro o escutava dessa vez, "já passamos de onde eu tinha que te deixar há um tempo."
Arregalando os olhos, Hyunjin olhou em volta. Era verdade, eles já haviam passado, no mínimo, seis ruas do lugar combinado.
Se fosse seu endereço real, ele teria notado e era claro para Hyunjin que o outro garoto também sabia disso.
Se preparou para saltar do veículo.
Se machucaria e provavelmente levaria o ruivo consigo, já que este ainda o cercava com os braços, mas Hyunjin estava aterrorizado demais para pensar em qualquer outra possibilidade.
Em completo silêncio, o garoto estacionou a moto no canto da rua, surpreendendo Hyunjin por tempo suficiente para que ele não escapasse de imediato.
"Seu Deus gosta de mentiras, loirinho?"
Com ainda mais facilidade do que antes, Hyunjin poderia fugir. Correria.
Apenas sua mão estava machucada, não demoraria mais que cinco minutos para chegar em casa.
Nada garantia que o ruivo não o seguiria, mas ele não havia forçado Hyunjin a nada até o momento.
É um desafio, Hyunjin relembrou, um teste divino.
Então, parvamente, permaneceu sentado, encarando o ruivo.
Os dedos do outro garoto foram até o capacete vermelho de Hyunjin e, delicadamente, o retiraram, pendurando a proteção no guidão da moto.
"Eu não posso te dar meu endereço. Você é um..." Hyunjin hesitou por um momento, então olhando diretamente nos olhos do ruivo, sussurrou. "...Você é impuro."
O garoto apenas sorriu, retirando um telefone do bolso de sua jaqueta.
"E seus pais?" desviou o olhar para o celular em suas mãos. "Eles gostariam que você chegasse em casa de madrugada com a mão rasgada e sem explicação nenhuma?"
Entregou o telefone ao outro.
"Liga pra eles."
Hyunjin não havia levado seu celular à livraria, o dispositivo não era digno de um ambiente de completa pureza como o lugar. Se fosse ligar para os pais, teria que ser através do celular do outro.
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sanctuary, hyunho.
FanfictionDeus, servi-Lo e amá-Lo. Esse era o propósito de Hwang Hyunjin na Terra. Um motoqueiro, ruivo, sorridente, despreocupado, era o oposto do que o garoto desejava em sua vida. Uma noite de álcool, gritos e corridas ilegais, todavia, certamente era o ba...