Município de Lages Santa Catarina, Escola Eeb Visconde de Cairu, vinte e oito anos antes
Pode ser coisa de adolescente, mas ultimamente tenho a sensação de estar sendo seguido principalmente quando venho à escola. É apenas uma impressão, mas é estranho. Olho para trás e não vejo nada. Também não posso afirmar, pode ser coisa da minha cabeça, mas meu pai insiste em manter um de seus peões que mais parecem capangas a andarem comigo pra cima e pra baixo. Eu acho que tem alguma coisa errada.
Dimas me trouxe até a aula na velha Picape F75 que meu pai mantém na fazenda para uso do pessoal que trabalha na lida. Ultimamente, ele pegou a mania de me trazer à escola e levar para casa. Isso é muito estranho, aliás, meu pai é estranho.
Eu sinto que tem alguma coisa errada, porque tanta preocupação? Meu pai nunca foi um cara ligado a carinho, sempre me tratou bem, mas a distância. É como se entre nós exista um muro onde um não consegue passar para o lado do outro.
Independente disso, eu entro na sala de aula, mas a matéria de química não consegue me prender. Além do mais estou cismado, tenho impressão que vi um homem olhando pra mim quando entrei na escola, tive a sensação que ele queria falar comigo. Não consigo me segurar e resolvo dar uma volta pelo pátio para quem sabe encontrá-lo. Eu tenho dezessete anos, sou desconfiado e quando cismo com algo preciso tirar a limpo. Pode não ser nada, mas eu quero saber.
Sento em um dos bancos localizados no pátio da escola e fico observando alguns colegas da outra turma fazendo educação física. Eu gosto de ficar olhando os garotos se exercitando, gosto de ver as pernas deles e o gingado que eles fazem com o corpo. Não sei se isso é certo ou errado, mas é uma coisa que eu gosto, porém não mexo com ninguém, apenas vejo e guardo minhas conclusões no meu subconsciente.
— Ricardo? — levo um susto por estar distraído. Volto minha atenção para a voz que fala comigo e, realmente eu não estava equivocado.
— Quem é você? — pergunto assustado já querendo sair dali, mas curioso para saber quem é o sujeito que agora me encara com certa admiração. É o mesmo cara que vi quando entrei na escola e ficou olhando para o momento que desci da camionete. Dimas não o viu, mas eu vi e não comentei.
Encaro o homem a minha frente ele tem o cabelo castanho escuro, barba rala, jaqueta e calça jeans. Na cabeça ele usa um boné daqueles de aba voltada para frente. Os olhos e as feições dele parecem com as minhas, mas como? Quem é esse homem que meu pai nunca comentou sobre ele?
— Eu sou Luiz, um amigo de sua mãe — ele senta ao meu lado e como falou de minha mãe, mexeu em algo que tenho curiosidade.
Esse é um assunto proibido lá em casa, meu pai não tolera que se fale em minha mãe. Eu não sei o que houve, mas quero muito saber e esse homem talvez possa me ajudar.
— Você conheceu minha mãe? — a curiosidade brilha em meus olhos. — Tenho muita vontade de saber como ela era.
— Adroaldo nunca lhe falou sobre Amélia? — ele me encara confuso e eu mais ainda.
— Fala logo o que você sabe e não enrola — digo com pouca paciência. Se ele veio para falar sobre minha mãe que fale. Eu não tolero pessoas que ficam enrolando sem dizer nada.
Ele sorri e resmunga algo que não consigo entender.
— Ricardo, você é um garoto bem esperto, então não vou fazer rodeios. Eu sou seu pai e sua mãe é Amélia irmã de Adroaldo, ou seja, ele diz que é seu pai, mas se você investigar e fizer um teste de paternidade irá constatar que estou falando a verdade.
— Isso é mentira, Adroaldo é meu pai — levanto para sair, mas ao dar dois passos ouço outra declaração que muda tudo.
—Não é, e tem mais, você tem dois irmãos! — engulo em seco, giro meu corpo e saio correndo sem olhar para trás. Entro no banheiro com a respiração acelerada. Ligo a torneira da pia, molho minhas mãos e passo no meu rosto.
Eu tenho dois irmãos! Mas como? Quem eu sou afinal?
Boa noite amores, eu estava com saudade de vocês. Amanhã vou acrescentar mais alguns personagens, estou separando aqui.
Amo vocês!
Rosa Martine!
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Entre o Céu e o Inferno - Degustação
RomantikNo passado Ricardo conheceu o amor através de Paulo, os dois viveram uma tórrida relação de amor encerrada abruptamente através de um ato de crueldade, uma tentativa de assassinato dentro do próprio seio familiar. Ricardo foi dado como morto conhece...