Capítulo 3

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Oito anos depois

Curitiba - Paraná

Minha vida nunca foi fácil

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Minha vida nunca foi fácil. Ainda adolescente descobri que meu pai não era meu pai e sim meu tio. Um homem frio, calculista que nunca mediu esforços para se livrar de seus adversários. Não estou falando de uma competição ou um jogo, mas de dinheiro, bens de família, ou seja, Adroaldo tinha ganância pela riqueza. Vício por estar acima de tudo e de todos à sua volta.

O meu verdadeiro pai surgiu como um vento em um dia de tempestade. Assim como veio, se foi deixando para trás a consequência de seus atos, mas não o culpo. Imagino que Adroaldo deve ter descoberto que ele estava atrás de mim. Provavelmente tenha dado um fim nele. Luiz também era muito esperto, pode ter se mandado antes que meu tio acabasse com sua vida. Na guerra entre eles, eu não fiquei sabendo que rumo ele tomou.

Como disse a minha vida não valia muito para o único ser que restou da família da minha mãe. Adriana, a minha esposa também foi mais uma vítima da ganância de Adroaldo.

Infelizmente, com o tempo ela aprendeu a me amar apesar de eu nunca ter lhe dado esperanças. Meu sentimento por ela era de amizade, mas Adriana sempre quis mais do que eu pude lhe oferecer. Nunca lhe escondi sobre Paulo, apesar dele ter chegado em minha vida bem depois do nosso casamento. Adriana sabia que ele era importante pra mim. Nós brigávamos, mas acredito que ela não tenha me traído com Adroaldo, tinha muito a perder, pois a única pessoa que poderia ajudá-la a encontrar sua filha perdida seria eu.

Paulo entrou na minha vida como um bálsamo à rotina dura que levava, ele foi minha redenção e talvez a única pessoa que amei em toda minha vida. Amor daqueles que marca para sempre, que faz você ter vontade de acordar pela manhã e apreciar o dia do nascer ao por do sol, de aproveitar a noite estrelada sob a iluminação da lua e até mesmo enfrentar um dia chuvoso fazendo tudo parecer sereno.

Eu me senti assim durante quatro anos, conheci o lado belo e pleno da vida. Pena que perdi muito tempo para dar uma oportunidade ao verdadeiro amor da minha vida. Tínhamos planos de conseguir dinheiro para nos manter por um bom tempo e irmos embora com Lourenço. Iríamos formar uma família. Foi o período mais intenso que vivi e infelizmente acabou pelas mãos de um monstro.

Neste momento me encontro na mais completa escuridão. Não sei quem sou, mas estou ciente de tudo que aconteceu embora nesse momento fosse melhor que eu estivesse morto. Não consigo ver, meus olhos estão vendados e estou ligado à aparelhos.

Ainda sinto a dor tomando conta do meu corpo, tiros, muitos tiros, o galpão onde eu estava com Paulo tinha pouca luminosidade. O pouco que pude ver foi a luz de uma lanterna direcionada a nós dois na cama. Adroaldo falando coisas sem sentido nos ofendendo como se não tivéssemos o direito de ser feliz. O momento seguinte é apenas dor e tudo se apaga.

Agora não tenho dor física, mas ela está na minha mente e reflete em meu corpo a cada segundo.

— Ele está acordando — uma voz desconhecida fala ao meu lado.

Entre o Céu e o Inferno - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora