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Saí do colo dele sem nenhum esforço, levando em consideração que ele mal podia se mover. O que há de errado com esse cara?! Ele me olhou de uma forma terna, os lábios abertos, e eu sem perceber acabei olhando para a boca dele. Ele começou a se mexer desconfortavelmente e tentou se levantar.

- O que você está tentando fazer agora??

- Quero tomar um banho e limpar essa sujeira.

Concordei com a cabeça e coloquei as mãos na cintura.

- Ah tá. Claro. Vai em frente. Mas só para você saber, se você tropeçar e cair enquanto estiver se lavando, eu não vou entrar aqui para te ajudar.

Ele sorriu e continuou a se levantar, com dificuldade. Não vou ajudá-lo dessa vez, ele está assim por culpa dele mesmo.

- Não vou ficar pelado. Só quero jogar uma água no corte para limpá-lo melhor.

- Tanto faz. Usa aquela toalha ali.

Apontei para uma toalha que eu quase nunca usava e que tinha separado para visitas. Saí do banheiro com os braços cruzados e fui me sentar no sofá. Minha atenção agora estava na TV, que eu havia ligado. Eu precisava de respostas. Não era nada sábio da minha parte receber um estranho, um ladrão para ser exata, em casa e ainda cuidar de seus machucados. Eu não achava que ele fosse me machucar, claro, mas e se tivesse alguém atrás dele? Mantê-lo seguro fazia de mim sua cúmplice? As pessoas que o machucaram, viriam atrás de mim também?

Escutei o barulho da água do chuveiro e ele gemendo baixinho, de dor. Ai meu Deus e se ele não for só um ladrão, e se ele for mesmo um Assassino? Me senti paralisada por esse pensamento, sem saber o que fazer. Não conseguia suportar a ideia de ter um assassino em casa, andando pra lá e pra cá, como se não houvesse nada errado. Levantei e fui andando em direção a cozinha.

Acidentalmente, bati o pé esquerdo na mesa de jantar e caí no chão. Como eu sou estúpida, desse jeito vou acabar morrendo antes mesmo que ele encoste em mim. Agarrei a parte que tinha batido e fiz uma careta de dor. Nada se comparava à dor de bater o dedinho numa quina, nem cólica doía tanto. A porta do banheiro abriu com força e ele saiu, uma nuvem de vapor atrás dele. Me levantei, tentando ignorá-lo, mas acabei olhando para ele. Ele tinha feito um curativo no corte e estava tentando vestir a camiseta, com cuidado. Seus passos pareciam um pouco mais firmes, mas ainda assim ele tropeçou.

- Que barulho foi esse?

Perguntou, enquanto se sentava no sofá. Esse cara pensa que está em casa, todo a vontade, com essa cara de quem vai me dar ordens como se eu fosse empregada dele.

- Cuida da sua vida! Eu disse irritada, massageando o pé dolorido.

- Por que você tava todo ensanguentado??

Perguntei, determinada. Dessa vez eu ia ter minhas respostas. Nada de joguinhos.

- E se você não me levar a sério e responder o que tô perguntando, vou te chutar daqui. Melhor ainda, vou chamar a policia.

Ele me encarou intensamente, levantando a sobrancelha direita, como se estivesse me desafiando.

- Acho que já te respondi isso antes e-

- Você é um assassino?

Ele ficou sério em questão de segundos. Andei até ele, mas mantive uma distância segura. Nunca se sabe, ainda mais com esse cara. Ele inclinou a cabeça pro lado e lambeu o canto dos lábios.

- Sabe, você é bem mais legal como garçonete... não tô gostando dessa sua atitude. 

A compreensão me atingiu feito um raio e eu puxei o ar pela minha garganta seca.

ROBBER - Im JaebeomOnde histórias criam vida. Descubra agora