CAPÍTULO IX

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BU-CE-TA.

Parecia que eu havia sido atropelada por uma manada de elefantes.

Abri os olhos, olhando ao redor. Eu estava em um quarto com paredes brancas e alguns aparelhos barulhentos ao meu lado faziam: πππ.
Eu descansava sob uma cama de lençóis brancos com cheiro de mijo e minha pele estava colorida por hematomas.

— Ai. — Gemi quando virei para um lado mais confortável.

Nesse momento uma enfermeira entrou.

— Você acordou? — Perguntou ela, perplexa.

Eu comecei a entrar em pânico achando que havia dormido por anos em estado de coma.

— Calma, você não estava em coma por 40 anos, querida. Foi brincadeira.

Se eu não estivesse inválida a teria surrado, então me contentei em perguntar:

— O que aconteceu?

— Um carro a atropelou, mas não foi nada muito grave. Você está inteira, não quebrou nenhum osso, não morreu, está tudo bem. — E saindo do quarto ela se virou e avisou: — Ah, você tem visita.

E logo a porra da porta se abriu e entrou uma cambada de gente. Mamãe, papai, vovó, recepcionista loira oxigenada (que incrivelmente não possuía arranhão algum) e CEO, acompanhado de sua capivara.

O quarto foi tomado por vozes embaralhadas e um médico entrou e gritou.

— TODO MUNDO PARA FORA, AGORA! — E todo mundo saiu.

— Olá, — E olhando o prontuário, o médico sorriu para mim. — SN, a senhorita foi muito sortuda.

— Creio que se eu fosse sortuda de fato, não teria nem sido atropelada.

O médico deu uma risadinha e deixou que meus pais e somente eles entrassem.

— Oh, minha filha, minha filha, o que foi-te acontecer! — Exclamou mamãe.

Papai veio até mim, dando-me um abraço doloroso e vovó se jogou na cadeira ao lado da cama, falando para todos:

— Ela está bem, deixem de ser tão dramáticos.

Quando papai e mamãe se acalmaram, eles puderam finalmente me explicar melhor o que aconteceu. Na noite de ontem, um carro desgovernado me atropelou, e pelo que parecia o puto do motorista era um papudinho. Mas antes que eu pudesse surtar de raiva, vovó logo tratou de falar, com um sorriso sem dentes (literalmente) que o papudinho já estava no chilindró.

BEM FEITO PARA AQUELE FILHO DA ÉGUA DESGRAÇADO.

Antes que mamãe pudesse abrir o champanhe que trazia escondido em sua bolsa para comemorarmos o sublime fato de eu não ter batido as botas, a enfermeira chegou e despachou todos, alegando que eu deveria descansar.

E eu acho que dormi bastante, pois quando acordei, os raios de sol que invadiam o quarto do hospital pela janela eram típicos do fim de tarde; leves e dourados.

Então ouvi uma batida tímida soar na porta, era CEO e trazia um buquê de flores amarelas.

— Pensou que eu havia morrido? — Perguntei com um sorriso divertido.

— Oh, não, — Ele respondeu, enrubescendo. — apenas me recordei desta cor, pois você a usava em nosso primeiro encontro. Lembra? A abelhinha?

Ri.

— É claro que lembro, inclusive fiquei pensando se aquilo era um elogio.

CEO arregalou os olhos.

— Ma-as é c-claro que foi, SN. Sabe, eu ado-oro abelhas. — Ele pôs as flores na cômoda. — E você lembrava uma, tão fofa e bonitinha.

— Obrigada. — E rindo como um golfinho engasgado, continuei: — E agradeço pelas flores e por você estar aqui.

— Não existia possibilidade alguma de eu não estar. — Replicou ele.

— Tenho minhas dúvidas.

CEO me fitou por um tempo mais alongado do que o comum, repensei sobre o que falei para o caso de ter me expressado mal, mas antes que pudesse me corrigir, ele sentou na cadeira ao meu lado e inclinando-se para mim, disse:

— Todas as pessoas que amam você estão aqui, ainda está surpresa por eu também estar?

Porra, eu não entendi, ou entendi não entendendo. Então só pude dizer:

— O que?

Sua mão pousou delicadamente sob a minha.

— Minha nossa, como você é lerda. — Ele ria da minha cara, depois se engasgou e quando se recuperou pode enfim continuar: — E-eu quero dizer que amo você, SN, eu sei que faz apenas duas semanas que nos conhecemos, mas essas duas semanas foram suficientes para o destino me fazer amá-la, e agora anseio saber se foram também suficientes para você.

Tentei absorver todas aquelas palavras. A princípio me senti uma acéfala por não entender merda nenhuma, mas quando compreendi a extensão daquelas palavras, algo se remexeu em meu peito. Parecia que meu coração estava fazendo um Rave na minha caixa torácica, em companhia dos meus pulmões. Olhei CEO, ele esperava pacientemente por uma resposta minha e retribuiu meu olhar com ternura.

— Sim, — Consegui dizer enquanto idiota do meu coração fazia um escandalo. — foram suficientes para mim também.

Seu rosto se iluminou, ele sorria tão radiante que parecia Chernobyl. Saltou da cadeira dando pulinhos entusiasmados enquanto eu ria sentindo vergonha alheia.

CEO só parou de pular para vir até mim e me presentear com um beijo. E foi o mais encantador dos beijos que eu já havia recebido, mas creio que qualquer carícia se tornar infinitamente intensa quando o alvo sente o privilégio de uma paixão, então talvez eu não fosse uma juíza desprovida de parcialidade.

Ou ele beijava gostoso mesmo.









A SN e o CEOOnde histórias criam vida. Descubra agora