Capítulo 2

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Foi até ao alpendre e arrastou os sacos para dentro de casa. Lá em cima, deparou ncom um corredor muito comprido que cheirava a lã. Tinha seis portas. percorreu o corredor até ao fundo, e o arrastar dos sacos era ampliado pelo silêncio da madeira. 

Quando chegou à ultima porta da direita, largou os sacos e procurou o interrupetor. A primeira coisa em que reparou quando a luz se acendeufoi que o papel de parede tinha filas de lilases pequeninos  e que o quartocheirava mesmo a lilases. Encostada à parede, estava uma cama de dossel, com os restos pendentes do que em tempos haviam sido cortinas.

Aos pés da cama, estava uma arca branca que tinha gravado em letras desenhadaso nome Dulcie, a mãe de Emily.

Aproximou-se, passou a mão pela tampa e ficou com as pontas dos dedos cizentas de pó. Sob a pátina da idade, havia uma forte marca de previlégio naquela divisão.

Não fazia qualquer sentido. Aquele quarto não tinha nada a ver com a mãe dela.

Abriu as janelas da sacada e aiu para aa varanda, pisando uma altura de folhs estaladiças até ao tornozelo. Desde que a mãe morrera, parecia-lhe tudo muito preecário; era como se estivesse a atrevessar uma ponte feita de papel. Saíra de Boston com uma sensação de esperança. Sentira-se confortada pela ideia de ir para o berço da juventudeda sua mãe e por criar laços com o avô que nunca imaginara ter.

Mas a estranheza solidária daquele sítio troçava dela.

Aquilo não parecia uma casa.

Estendeu a mão para tocar na pulseira da sorte, mas só palpou pele. Levantou o pulso, assustada. A pulseira desaparecera.

Pontapeou furiosamente as folhas da varanda, tentando encontrá-la. Voltou a correr para o quarto e arrastou as malas lá para dentro, pensando que a pulseira tenha ficado presa numa delas. Mas não estava em lado nenhum. Desceu as escadas a correr e saiu porta fora. Passado dez minutos de buscas, percebeu que ou a deixara cair no passeio e alguém a apanhara, ou tinha caído no táxi.

A pulseira era da mãe. Dulcie adorava-a -- especialmente o amuleto do quarto crescente , que já estava desgastado pela grade quantidade de vezes qye Dulcie o esfregara.

Emily voltou devagar para dentro de casa. Não queria acreditar que a perdera. Ouviu o que lhe pareceu ser a porta de um secador de roupa a fechar-se; depois, o avô saiu da cozinha.

-Lilazes- disse ela quando se encontraram no hall.

Ele fitou-a como que desconfiado.

-Lilazes?

- Pediu-me para lhe como era o papel de parede do quarto da minha mãe. Tem lilazes.

-Ah! Quando ela era pequena, sempre foi com flores. Mudou muito quando cresceu. Uma vez, era com relâmpagos sobre um fundo preto de azeviche. De outra vez, era de um azul- escamoso, como se fosse a barriga de um dragão. Ela odiava-o, mas não conceguiu mudá-lo.

Aquilo fez Emily sorrir.

-Isso não parece nada da minha mãe. Lembro-me de uma vez...

Calou-se quando Vance afastou o olhar. Ele não queria saber. A ultima vez que vira a filha fora à vinte anos. Não teria sequer curiosidade? Ofendida, Emily afastou-se, dizendo:

- Acho que me vou deitar.

-Tens fome?- perguntou-lhe o avô, seguindo-a - Fui à mercearia esta manhã e comprei comida de adolescente.

Ela chegou às escadas e respondeu:

- Obrigada, mas estou mesmo cansada.

O avô acenou com a cabeça.

- Pronto, talvez amanhã.

Emily regressou ao quarto e deixou-se cair em cima da cama. O colchão largou imenso pó e humidade. Olhou para o teto, tentando não chora. Havia de conceguir sobreviver ali um ano.

Ouviu o vento a espalhar as folhas do chão da varanda e virou-se para olhar pela janela aberta. A  luz do quarto iluminava as àrvores do jardim. Sentou-se e levantou-se da cama. Lá fora, olhou em redor.

De repente ouve uma coisa que lhe chamou à atenção na limha de árvores para lá do caramanção do jardim desmazelado. Ali! Era uma luz branca intensa- um flash rápido e enérgico- saltitando por entre as árvores. Gradualmente, a luz foi-se desvanecendo na escuridão até desaparecer completamente.

«Bem-vinda a Mullaby, Carolina do Norte», pensou ela. «Terra de luzes fantasmas, gigantes e ladrõesde jóias».

Virou-se para entrar no quarto e estacou.

Em cima da mesa da varanda, sobre uma camada de folhas secas, estava uma pulseira da sorte da mãe. 

No sítio onde não estava pouco minutos antes.

A Rapariga que perseguia a LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora