𝙃𝙤𝙢𝙤𝙥𝙝𝙤𝙗𝙞𝙖 - 𝑀𝑎𝑟𝑘ℎ𝑦𝑢𝑐𝑘

Three

Naquela noite, mais uma vez o garoto não conseguiu dormir direito. A maior parte das horas sua mente ficava vagando pelas cenas ocorridas na tarde anterior, no que a irmã de Mark havia dito e no que o próprio Mark havia dito. Ele não sabia como reagir a seguir, não sabia o que fazer e nem como apenas seguir seu rumo normalmente. Havia discutido com o canadense e agora tinha plena consciência que ele não iria se aproximar mais. Não que para ele fosse fazer alguma diferença, já que era totalmente acostumado a ficar sozinho e sabia que o garoto tinha sido apenas um colega de trabalho e nada mais. Apenas algo momentâneo.

Agora chegando na escola, havia se arrependido completamente de ter saído de casa. Várias pessoas lhe encaravam e riam dele enquanto ele caminhava por entre elas, indo em direção ao seu armário. Ele não sabia o que estava acontecendo, aquelas pessoas, mesmo que não ligassem para ele, nunca faziam isso de ficar lhe encarando.

Ao chegar ao seu destino e destravar a porta, algumas folhas de papel, de diferentes tamanhos, caíram dali de dentro. O garoto olhou para o chão, pensando se pegava ou não aquilo, para ver do que se tratava aquele conteúdo. Suspirou, ouvindo alguns sussurros atrás de si e se abaixou, juntando todos aqueles papéis e olhando por cima, para ver o que era. Na maioria era xingamentos, palavras de baixo calão e coisas pejorativas sobre ele, por ele ter saído com Mark. No meio dos papéis, ele retirou uma foto.

A foto era dele entrando no carro do canadense no dia anterior e estava escrito em canetinha vermelha para ele virar a foto e ver seu verso. Ao olhar na parte de trás da fotografia, havia algumas coisas escritas, a qual ele leu rapidamente. " Lee Donghyuck, o gay da escola, saindo com o popular Mark Lee, este que tem uma namorada. O que será que você foi fazer na casa dele, hein? Creio que não seja apenas um trabalho escolar". Ele sabia que aquela foto era trabalho de Joy, mas não ligou. O coreano ia fechar o armário e jogar aqueles papéis todos, mas alguém chegou ao seu lado e tirou os mesmos das mãos dele, o assustando pelo ato repentino. Ele olhou para o lado, em busca de quem era e se deparou com Mark olhando as folhas e a foto. Os dois ouviram uma risada conhecida por si e olharam para a garota.

— Parece que o herói do Donghyuck chegou para o salvar, não é, Mark? — Ela disse com deboche. Ela provavelmente gravava algo para seu vlog, já que estava com o celular em mãos, apontando para os dois.

O coreano queria apenas sumir dali e nunca mais voltar, mas Mark o segurou antes que ele pudesse fazer algo, o puxando para seu lado, como se quisesse protege-lo, então ele apenas permaneceu ali, olhando a multidão ao redor deles dois.

— Você não tem nada melhor para fazer não, Joy? — Mark questionou e ela riu, lhe dizendo que não tinha mesmo, já que aquele era seu hobbie. — Ao invés de cuidar da vida dos outros, por que não cuida da sua então? Já que ninguém mais suporta você, nem mesmo sua melhor amiga.

Donghyuck, que a encarava, viu sua face vacilar por um breve momento, mas ela logo voltou com seu sorriso de lábios vermelho, como sempre estava e apenas balançou a cabeça, ignorando o que ele disse, questionando se ele estava devendo algo para o coreano, e, por conta disso, vinha o defendendo várias vezes ultimamente. Mark estão soltou o braço do garoto, arrancando o celular da mão dela e começando a lhe gravar.

— Sim, eu venho defendendo o Donghyuck, mas não é uma coisa que eu precisaria fazer se vocês não agissem como animais sem raciocínio, que não pensam nos outros. Ninguém vê pelo que ele passa, só se importam consigo mesmo. — Ele disse e olhou para o menino, que permanecia parado no mesmo lugar, se sentindo em pânico com toda aquela situação. Após breves segundos, ele voltou a olhar para a câmera. — E daí se ele é gay? O que é que isso tem a ver com vocês? Não é só por ser gay que a pessoa irá lhe atacar e nem te assediar. — Ele então baixou o celular, olhando para todos aqueles adolescentes que se encontravam na frente deles. — Vocês deveriam ter um pouco mais de respeito pelas pessoas, porque um dia será a vez de vocês pagarem por tudo que estão fazendo com ele.