O Começo da mentira Cap. 1

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Sinto uma dor forte e algo escorrer pelo meu rosto, passo a mão sobre minha testa e assim que levo na altura dos meus olhos vejo que estou sangrando. Passo a mão mais uma vez levemente sobre a testa e sinto um corte, acho que é profundo, tento me recordar do que houve até que lembro dos meus pais, estávamos juntos, o jatinho... a queda... meu Deus, o que houve?

Levanto e me sinto tonta, assim que fico em pé sinto um dos meus joelhos ir com tudo na direção do chão, não consigo firma uma das minhas pernas pela tremenda dor que sinto quando tento ficar de , olho na direção da dor e vejo o motivo, tem um pedaço de madeira preso um pouco acima do meu joelho.

Não posso ficar aqui, tenho que achar minha família, tento mais uma vez ficar de e parece que aquela dor vai me fazer desmaiar, preciso ser forte por eles, me concentro em o que há em minha volta em vez da dor e quando olho um pouco pra cima vejo fumaça, talvez seja o jatinho.

Praticamente me arrasto na direção da fumaça e quando chego vejo a cena que iria marcar a minha vida pra sempre.

Eles estão mortos e nisso vejo meu mundo desmoronar com apenas 10 anos, antes que eu possa chegar até eles, me vejo no chão mais uma vez e nisso sinto tudo escurecendo...

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Acordo e mais uma vez tenho o mesmo sonho, ou melhor, o mesmo terrível pesadelo. Faz uma semana que tenho o mesmo pesadelo com o acidente que tirou minha família de mim. Isso faz 7 anos, 11 meses e alguns dias... como eu sei tanto assim? Além de ser a data que transformou minha vida em um inferno foi exatamente no dia do meu aniversário de 10 anos. Infeliz coincidência, não?

Depois do acidente fui mandada para um orfanato pelos meus tios.

- "Não vamos ficar com uma aberração feito você" - foi isso que eles me disseram depois que eu bati no meu primo Fred.

Fred Davis, mas teve um motivo ele me jogou no chão do jardim e disse que eu era um menina nojenta e que a culpa do acidente foi minha, sangue de barata eu não tinha e nunca vou ter.

Me levanto e vou ao banheiro, me olho no espelho e vejo que a cada dia estou mais abatida, talvez seja por causa dos pesadelos, mas daqui uma semana vou poder finalmente ir embora desse orfanato que só me trouxe dor (dores físicas também) e tristeza, ninguém nunca gostou da menina que tinha fama de assassina e "agradeço" ao meu primo por essa fama.

No dia que fui largada aqui ele berrou pela janela do carro.

-"Ela matou a família dela, fujam do monstro chamada Anne Miller!".

O inferno estava feito e eu era a pobre coitada que pegaram para punir e eu nem tinha culpa.

Me olho mais uma vez no espelho e observo os traços que herdei de minha mãe, seus olhos largos e boca levemente carnuda com uma leve cor rosada. Do meu pai puxei a cor dos olhos que são azuis acinzentados, suas sobrancelhas grossas e escuras, a cor castanha de seus cabelos e puxei também suas leves sardas no centro das minhas bochechas e em cima do nariz.

Decido descer para tomar o meu café da manhã, se ainda tiver porque aqui temos horários e o horário do café vai até as 09h00 e já são 08h30... putz.

Corro pelas escadas e esbarro no único garoto que nunca me fez mal algum, o belíssimo e charmoso Aart Riley, sei que os pais dele não capricharam no nome, mas talvez que pai capriche no nome do filho que largou em um orfanato? Ok, talvez fui um pouco cruel.

-Des... desculpa, Aart. - digo sem graça.

- Você vai embora em uma semana, correto? - ele pergunta ignorando meu pedido de desculpas.

- Com certeza - digo com um sorriso maior do que pretendia - mas por quê?

Ele me olha sério e não diz nada, apenas se vira e vai na direção do salão principal. Aguenta só mais um pouco, Anne, só mais um pouco... Repito isso toda vez que algo estranho ou ruim acontece.

Depois de tomar café, que por sinal quase não consigo por causa do horário, levo meu dia normalmente, ou quase isso, gente me xingando, alguns tentando me bater, outros ignorando e não apenas nesse dia, mas no resto de toda semana foi assim, um inferno em forma de dias.

Finalmente chega o dia que irei me mudar, irei ir embora sem olhar para trás. Levanto me arrumo mais rápido que os outros dias, já tinha deixado minhas malas prontas, desço até a sala da diretora do orfanato para terminar de acertar algumas papeladas e agora sim posso ir embora, pego minhas coisas e vou direto para o portão principal, chegando lá eu congelo com quem me espera na saída... puta merda, não é possível, Fred?

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