"Inspiração dos meus sonhos, não quero acordar. Quero ficar só contigo, não vou poder voar"
Há exatamente quatro dias atrás, eu fiquei sabendo da minha aprovação no curso de Artes plásticas que começa no segundo semestre. Quando o Ensino Médio acabou, ano passado, eu simplesmente não tinha a mínima noção do que eu queria fazer. Meus pais queriam que eu fizesse algum desses cursos tradicionais, tipo engenharia, sabe?
Mas, sei lá, isso nunca foi minha praia. Eu sempre quis trabalhar com algo que me desse prazer, então depois de bastante tempo pensando eu resolvi me aventurar nesse mundo das artes. No começo do ano eu não tinha certeza do que queria fazer, então por mais que tivesse uma nota legal, eu precisava colocar minha cabeça no lugar, ao invés de fazer uma escolha precipitada.
Depois de pensar e pesquisar bastante, cheguei à conclusão que esse é o curso ideal para mim. Bom, não sei se é o curso ideal para o meu bolso, mas e daí? Quem disse que eu não posso ser o novo Van Gogh? Assim que o Sisu abriu, agora no segundo semestre, coloquei minha nota, e bum, passei!
Meus pais não ficaram felizes e nem tristes, eles simplesmente começaram a organizar as coisas para minha mudança. Agora eles estão começando aceitar um pouco melhor essa ideia do filho deles ser um artista, ou um desorientado, como minha tia costuma dizer.
Ontem, enquanto terminava de organizar os documentos para a matrícula, vi um anúncio nas redes sociais, referente a quadrilha do IFMG, a escola onde eu fiz meu ensino médio. Em primeira instância descartei na hora a possibilidade de ir, afinal não estou muito no clima de quadrilha. Mas, quando pensa que não, chegou uma mensagem da minha amiga, Cláudia.
"Benjamin, vamos à quadrilha do IF?"
"Não mesmo! Não estou afim de ver certas pessoas..."
"Ahhh! Para com isso, vai ser muito divertido, vamos, por favor?"
"Não sei não, vou ver e te falo..."
O meu ensino médio foi bem divertido de um modo geral, não tenho nada a queixar, só que ir a quadrilha é o mesmo que reviver tudo isso de novo. Ok, talvez esteja sendo um pouco dramático, mas sinceramente, não estou muito afim, ou melhor não estava.
Resolvi mandar uma mensagem para Cláudia falando que iria, afinal, mal tão bem não vai fazer. Ela ficou animada, e falou que iriamos nos divertir muito, pois até a banda Enigma estaria presente. Mandei uns emojis contentes, mesmo sem ser muito fã de sertanejo.
Combinei de encontrar com a Cláudia um pouco antes da entrada do instituto, ela como sempre se atrasou. Assim que ela chegou, cumprimentei-a, e senti uma nostalgia me invadir naquele momento, pois nosso reflexo na poça molhada não era de dois jovens com roupa xadrez, mas sim de dois jovens meio cabisbaixo com todas as pressões do colegial.
Caminhamos em direção ao local onde ocorreria a festa, e a cada passo que eu dava, um misto de alegria e tristeza se misturavam no meu coração. Alguns rostos conhecidos surgiam na escuridão da noite, alguns sorriam, e outros continuavam seus trajetos sem interferência.
—Oh, meu Deus! — uma das nossas professoras veio nos abraçar com um sorriso estonteante — estou morrendo de saudade de vocês!
—Oi, Soraya, também estamos com muita saudade!
—Eu só queria descobrir o seu segredo para ficar sempre mais nova — a Cláudia falou colocando a mão na cintura, com ar de curiosidade.
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Minha Última Chance
Roman d'amourBenjamin acabou de passar para o curso de Artes Plásticas, mas antes de começar esse novo ciclo da sua vida ele tem uma última chance de viver seu amor de colegial, na quadrilha da sua antiga escola... E aí, será que ele vai conseguir realizar esse...