UM - Pesadelos e primeiras impressões

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Olá, querido leitor!


Como coloquei no disclaimer, esta shortfic faz parte do projeto Junho Scorose 2020 e foi postada originalmente no Nyah!. Gostaria muito de agradecer pelo convite da Ari, me sinto lisonjeada demais de estar participando de algo tão lindo (e bem nervosa também hahaha!) ♥Esse capítulo foi escrito com carinho e muitos chás. 


Espero que gostem! Conversamos mais nas notas finais, certo?

Boa leitura! ♥


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CAPÍTULO UM

 "Onde há predisposição para antipatia jamais faltará motivo."

— JANE AUSTEN

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R O S E

Melbourne, AUSTRALIA

Alguns diriam que sonhos são meramente sonhos — resultado da categorização da memória em meio a tantas sinapses. Outros acreditam que possuem significados místicos, expressam a intuição pessoal e preveem o futuro. Filósofos dissecaram o assunto com suas alegorias subversivas e ilógicas, eternizando questionamentos nunca respondidos. Há vários estudos sobre o aspecto, em várias culturas diferentes.

Honestamente? Rose não dava a mínima pra merda nenhuma de sonhos. Normalmente dormia feito uma pedra e acordava com o despertador na sensação de que apenas dois minutos tinham se passado.

Porém, naquela madrugada em particular, ela havia acordado com o coração batendo rápido por causa de um pesadelo terrível. Horrível. Que não poderia ser verdade, afinal de contas Rose não se importava com sonhos. Apenas por precaução, em um movimento instintivo levantou a mão esquerda para checar. Piscou, se acostumando com a escuridão do quarto. Foi com assombro que sentiu a falta da joia que colocara no dedo.

O pesadelo não podia se tornar realidade, tentou se confortar. Tinha usado o anel apenas por duas noites naquela viagem, não seria possível tamanho azar.

— Tudo bem, fica tranquila. Você com certeza guardou em algum lugar.

Assim começou sua procura. Seu sono esvaiu-se de súbito, como se tivesse posto os dedos na tomada para ver o que acontecia. Revirou o quarto do hotel de cima a baixo, partiu para seus casacos, bolsas e até sapatos. Chacoalhou a mochila de todas as formas possíveis — e repetiu o processo uma, duas, três vezes.

Até se dar conta com a maior infelicidade de que seu pesadelo tinha sim se tornado real. Para quem não se importava com sonhos, Rose tinha passado a odiá-los em questão de segundos.

Céus! Fazia apenas algumas semanas que James tinha lhe alcançado a caixinha vermelha de veludo por cima da mesa de jantar de um restaurante caro. Ele a encarou com um sorriso discreto no rosto como se dissesse "Chegou a hora, não?!". Assegurou Rose de que não era oficial ainda, seria apenas para ela se acostumar com a sensação de usar a joia. Então ela riu nervosa, assentindo e colocando o anel no próprio dedo.

Nunca perderia ele. Rose era prática e cuidadosa — e um pouco impulsiva, quem sabe. Cinco dias depois de ganhar o anel ela embarcou no primeiro voo para a Austrália e o guardou no fundo da mala. James brincou dizendo que ela sumiria com a joia antes de lhe dar uma resposta definitiva. E, no momento, riu, porque a ideia do objeto desaparecer era absurda.

Antes que seja tardeOnde histórias criam vida. Descubra agora