Jealousy [ShowHo]

Jealousy

A chuva caia fraca na minha cabeça, mas o vento era cruel e jogava meus cabelos nos olhos. Os afastei do rosto em um movimento irritado. Continuei a observar Shownu enquanto ele dava passos largos e apressados, levantando a gola do casaco pra tentar se proteger da chuva que eu sei que ele considerava irritante. Quando ele virou mais uma esquina eu me mexi, e o mais silenciosamente possível andei em sua direção, logo me abrigando atrás de uma enorme viga de um prédio, continuando a observa-lo de longe.

Veja bem, não é que eu não confiasse em Shownu, meu namorado a quase um ano agora. Mas quando Minhyuk, sua paixão da adolescência e melhor amigo, mandou mensagens com um pedido para encontrá-lo eu fiquei nervoso. Fiquei ainda mais nervoso quando ao questiona-lo sobre onde iria aquela tarde, ele simplesmente não falou sobre o acontecido, não mencionou o amigo. Como eu tive acesso a essa informação não importa, a questão é que isso foi o que fez o animal furioso despertar no meu estômago e assim que ele saiu pela porta, eu o segui.

A chuva estava aumentando gradativamente e minhas mãos tremiam - de raiva ou de frio, eu não saberia dizer. Observei Shownu entrar em uma cafeteria de aparência agradável a alguns metros à frente. Pelo vidro que ocupava toda a fachada do ambiente eu consegui ver seus ombros largos e seu cabelo castanho levemente escurecido pela chuva se direcionando até o meio do lugar. Ao se aproximar de uma das mesinhas, ele dá um abraço rápido, mas afetuoso em alguém. Não, não alguém. Ele. Minhyuk. Senti minha mandíbula travar e meu sangue ferveu ao mesmo tempo que uma dor violenta atingiu meu peito. Shownu era meu. Negar isso seria quase uma heresia. Quase ouvi um rosnado sair da minha garganta.

Parado no meio da rua, agora ensopado pela chuva, observo-o sentar-se de frente para Minhyuk e começo a calcular minhas possibilidades. Shownu ficaria puto comigo se eu aparecesse ali e fizesse um escândalo - porque se eu for honesto sei que não vou conseguir me controlar. Por outro lado, eu realmente não ia conseguir me controlar, o escândalo aconteceria de qualquer forma, aqui ou em casa; não faria muita diferença. Além de que, se o escândalo acontecesse em casa, ele ia fazer perguntas de como eu sabia onde e com quem ele esteve. Ou seja, não há escapatória nesse sentido.

Pendi minha cabeça para a direita e franzi as sobrancelhas pensando que ele ficaria menos puto se não houvesse uma plateia. Me sentindo derrotado, suspiro e aperto os punhos enquanto meus pés se viraram para o caminho que me levaria de volta para casa. Veja bem, eu tinha certeza de que iria fazer isso, esse era o plano. Mas então o universo provou seu ódio por mim. Ao me virar meus olhos foram direto para o interior da cafeteria, onde eu vi, claro como o dia, o desgraçado do Minhyuk colocar sua mão nojenta por cima da mão do meu homem. Meu corpo foi impulsionado para frente e eu não me impedi, o plano agora esquecido no fundo da minha mente.

A porta bateu forte contra a parede - uma parte da minha mente registrou que aquele vidro era extremamente forte. No mesmo instante todos os olhares se viraram pra mim. Eu respirava pesadamente, e molhava o chão todo.

- Tira a mão dele! - minha voz ecoou pelo ambiente no mesmo momento que um trovão soava no céu. A chuva estava ficando mais forte.

- Wonho? O que é isso? - pergunta Shownu levemente assustado e levemente puto.

- Eu é que pergunto, que porra é essa, Shownu? Que porra é essa? - perguntei apontando um dedo pra Minhyuk, que parecia levemente assustado com meu tom de voz, e é bom que estivesse mesmo. Ele se inclinava na direção contraria a que eu estava.

Shownu se levantou lentamente enquanto olhava nos meus olhos. De repente eu parecia muito ciente do silêncio no ambiente.

- O que você está fazendo aqui? - sua voz tremia levemente.

- Eu é que pergunto, o que você está fazendo aqui? E com ele! Por que você fez isso? - Imediatamente entrei na defensiva e senti minha voz ficando cada vez mais histérica e lágrimas de raiva começaram a atrapalhar minha vista. - Eu pensei que... Eu pensei que nós...