Cat People

Don't stop me now

Os dedos já calejados de Kyungsoo, estavam extremamente doloridos. Ele havia passado a tarde inteira tentando tirar o começo de "Something" no violão, mas a única coisa que saía era o mesmo som oco. Aprender a tocar gaita parecia ser bem mais promissor. 

Diferente dos fins de semana, ele não estava na casa dele, mas sim no dormitório da faculdade. Tudo era muito barulhento o tempo todo, cheio de pessoas indo transitando pelos corredores, conversando alto e rindo. O som do violão não faria diferente em meio a tantos dormitórios. Contudo, não havia sequer a possibilidade de gravar seus covers pelo mesmo motivo.

Frustrado, soltou um longo suspiro e largou o violão ao lado da cama, se jogando nela logo em seguida.

— Acho que seu eu insistir nisso, os meus dedos vão acabar se desintegrando — disse observando a coloração arroxeada das pontas dos dedos. — Desse jeito vou acabar me tornando o Thanos. 

Descansou a mão esquerda em cima da barriga, encarando o teto e lembrando da aula com Chanyeol. No fim das contas, acabara por não aprender nada. Apesar disso, ficou realmente admirado pela dedicação do Park para ensinar cada acorde com uma paciência invejável. Se fosse ele em seu lugar, com certeza acabaria ficando sem paciência e fingindo estar com dor intestinal só para ir embora correndo. 

Estirado na cama, olhou para o relógio de parede do Toy Story, dado por Yixing no dia de sua mudança para o dormitório. Nele marcava "19:30", dando a entender que Kyungsoo passou cerca de uma hora e meia praticando cinco segundos de música. Ele estava esgotado. E como um bom jovem sensato e responsável, a coisa mais inteligente a se fazer seria: tomar um banho, jantar e ir domir. Mas ele iria mesmo tratar o próprio corpo da maneira saudável que merecia? Não. 

Kyungsoo levantou, pronto para tomar um banho e, diferente do planejado, começar a se arrumar para sair. Iria para o único que lugar onde ninguém o acharia, o karaokê Poppin, que ficava a duas quadras de lá. O Poppin ficava bem perto, então caminhar não seria incômodo algum. 

Pegou a carteira, calçou os sapatos e saiu do dormitório. Já tinha em mente o horário do toque de recolher, então não poderia ficar mais de duas horas fora da faculdade. E de fato, ele não pretendia passar muito tempo no Poppin, pois se ele extrapolasse o horário, acabaria dormindo no banco do pátio. Os tios da segurança, como ele gostava infantilmente de chamar, não davam mole para alunos espertinhos que fingiam não saber do toque de recolher. Da última vez que perdeu o horário, tentou ir para o quarto pulando a janela e, obviamente, acabou com o dedão do pé quebrado. Mas agora, sendo membro de uma banda, precisava ficar inteiro para participar dos ensaios regularmente. 

Caminhou pelo campus com os fones de ouvido no volume mais baixo, apenas no caso de algum conhecido aparecer e querer colocar o papo em dia, e então ele poder usar alguma desculpa sobre estar distraído. Uma tática que na maioria das vezes conseguia ser bastante eficiente. 

O caminho para o portão principal da universidade Hanyang não era muito extenso. Sinceramente, ele gostava de andar por lá e observar os alunos, tanto que usou essa oportunidade para ver se encontrava algum integrante dos Pinkmans no caminho. Além de Jongin, obviamente. 

Jongin era um cara fácil de encontrar, justamente pelo fato do veterano estar frequentemente jogado debaixo de alguma árvore do pátio com a cara enfiada enfiada em um livro que, na maioria das vezes, era um dos os clássicos da comunidade cult. Não que Kyungsoo ficasse o observando ao ponto de saber disso, entretanto, a presença dele é algo difícil de não se notar. Afinal, toda hora tinha alguém suspirando por Jongin pelos arredores do campus.

E aquele dia não foi diferente dos outros, o estudante de Letras estava no pátio mas, diferente do habitual, ele não estava com um livro no colo ou seduzindo uma pobre alma pronta para o abate. Jongin estava com as mãos nos bolsos da calça, saindo tranquilamente de Hanyang. Nesse momento, Kyungsoo implorou aos céus para que o veterano não estivesse indo para o mesmo lugar que ele.