Prologo

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Esse livro não apoia qualquer violência sexual, pelo contrário, qualquer ato desse tipo descrito aqui, serve pra alertar, mostrar  e deixar claro que existem milhões de mulheres, homens e crianças que passam por esse ato repugnante. Violência sexual é crime e merece ser denunciado.



Não revisado

ALINE  SANTANA

Anos antes....


Eu estava deitada, podia ouvir o som do rádio ligado no volume mais alto, tão alto que me dava dores de cabeça, uma música animada, como sempre algo que dizia sobre amor, de como era bom a vida, músicas que as vezes me faziam chorar apenas em ouvir que o rádio havia sido ligado, eu odiava aquele rádio e odiava a televisão, toda vez que era ligado eu sentia medo, sentia os pelos do meu corpo arrepiar, o choro vinha sem que pudesse controlar, ano apoia ano era sempre a mesma coisa, nada mudou, não ia mudar, eu sabia que morreria daquele jeito, minha vida estava destinada aquilo, eu ouvir ele dizer isso, e eu acreditava.

Sentia falta de falar com outras pessoas, de sair dessa casa, de poder descer passar pelo corredor e correr para fora daquele lugar, mas eu estava presa, eu ouvia vozes, ouvia passos, mas nunca ninguém me alcançava, nunca ninguém me ouvia, mas eu também não chamava por ninguém, sempre ficava em silêncio, quieta como ele sempre dizia que deveria ficar.

O sol era apenas um luz fraca que passava pela janela que sempre estava fechada, os livros que tinha, não era mais interessantes, não conseguia ler, e não tenha muitas imagens neles, então tinha os deixado de lado.

Mas eu ainda me lembro da rua, me lembro da minha mãe segurando a minha mão enquanto caminhávamos, de como ela dizia coisas bonitas sobre o mundo e de como deveríamos ser educadas com todos, me lembro das noites frias que ela se esforçava para me esquentar, dos dias quentes que procurávamos por papelão ou pedíamos dinheiro paras as pessoas que passava por nós duas.

Me lembro da dor que sentia em meu estômago, de como a água tinha um gosto ruim e da dificuldade de nos proteger da chuva, me lembro da minha mãe me dar banho em um banho de posto, de como ela dizia coisas boas sempre.

Eu me lembrava dela sempre, ela era muito boa, e dizia que deveria ser também, bom eu era, eu tentava ser, eu me lembro do dia que aqueles homem aparecem, dos gritos, da briga com as outras pessoas que dormiam ali, me lembro que a minha mãe me fez ficar atrás dela enquanto todos gritavam, enquanto pequenos estourou eram ouvidos, da minha mãe gritar e depois cair pra frente, eu correr até ela e senti sua mão em meu rosto, ela não tentou dizer algo mais não disse, fechou os olhos e dormiu.

Foi daí que ele apareceu, estava nervoso, gritando como todos alia estavam, eu me lembro de olhar ao redor e perceber que todos estavam deitados dormindo, eu deveria deitar ao lado da minha mãe e dormir também, assim disfarçaria a fome, mas não fiz, o homem me estendeu a mão, falou comigo com carinho, me disse que me daria comida, que deveria ir com ele.

Me lembro de dizer não, de ter me sentando ao lado da minha mãe e dizer que deveria dormir, mas ele novamente pediu que fosse com ele, que minha mãe tinha deixado, que logo voltaria, eu confiei, confiei pois minha mãe sempre disse para confiar em pessoas de uniforme como ele, que apensar de não expulsar de frente de algumas lojas e dizer que não deveríamos está em alguns lugares, minha mãe dizia que policiais eram bons e que só estavam fazendo o seu serviço.

Eu segurei em sua mão, vi ele sorrir e falar algo sobre fogo, eu sorrir também, pois um pouco de fogo deixaria aquela noite melhor, eu estava com frio, e a fogueira que geralmente fazíamos não estava acesa, mas eu não fiquei para ver o fogo, eu fui colocada no carro, eu ouvir ele dizer que tudo ficaria bem, que nada ia me machucar.

Minha mãe mentiu, ele mentiu.

Policiais não são pessoas boas e ele me machucava.

O som do rádio ainda fazia a minha cabeça doer, mas eu continuava olhando a macha no teto, parecia maior a cada dia, ou fosse apenas coisa da minha cabeça, eu pisquei, deixando a lágrima cair, sentindo ele sair de cima do meu corpo, de pegar um cigarro ao lado da cama e acender ainda nu.

Eu cobrir o meu corpo, vi ele caminhar pelo quarto, o pequeno cômodo que ele visitava apenas para me machucar.

_Bons sonhos meu anjo. _Aquelas eram suas palavras, era o demônio dizendo tais coisas, ele sempre me dizia isso quando antes de ir embora, ou quando me fazia sufocar até perder os sentindo-se, quando estava com raiva ou quando pedia perdão, anjo era sua palavra favorita.

E eu odiava aquela palavra.

Eu chorei quando a porta se fechou, quando a música parou e o lugar ficou novamente vazio, eu chorei pois apensar de ver a morte nos olhos dele, ela nunca vinha, nunca chegava, e apensar de sempre quer pedir ajuda, quem ajudaria alguém que nunca existiu.

Eu não existia, não tinha um registro, não tinha amigos, não tinha colegas ou parentes, ele era meu dono, e como uma boa menina eu deveria o obedecer.

Eu não existia, não tinha um registro, não tinha amigos, não tinha colegas ou parentes, ele era meu dono, e como uma boa menina eu deveria o obedecer

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EM BREVE....

ALINE -Quando o amor aconteceOnde histórias criam vida. Descubra agora