Quando acordo, estou de frente com Sabrina. Ela me olha e me dá um sorriso.
- Bom dia dorminhoca perversa.
- Bom dia leãozinho. - eu a chamo de leãozinho, porque ela tem personalidade forte, esta sempre pronta para defender as amigas e aquilo em que acredita. Ela é um leãozinho também nos cabelos, cheio daquele volume lindo e marcante.
Nossa amizade sempre foi intensa, crescemos juntas, nunca nos desgrudamos. Sei que posso contar com ela para tudo e é recíproco.
Ela é a mulher da minha vida, somos almas gêmeas.
Nas aventuras sexuais, já fizemos muitas loucuras juntas. Nunca afetou nossa amizade, sabemos separar sexo com amizade.
Sabrina trabalha na minha empresa, é meu braço direito. Quando estou fora do país, ela que me deixa ciente em tudo que acontece por aqui.
- Quem era aquele gostoso de ontem?
- Olha tenho que concordar, que homem gostoso. Um dos meus melhores sexo.
- Vocês já se conheciam?
- Ontem fui ao shopping comprar roupa para sair a noite, quando estava voltando para o carro, esbarrei nele. Mas não nos apresentamos, o desejo foi nítido. Então quando o vi no bar, pensei: " preciso desse deus grego agora dentro de mim". E ele veio até a mim.
- Trocaram telefone?
- Não, ele pediu. Mas não passei, senti que seria perigoso continuarmos mantendo contato.
- Sthe, você não pode correr do amor o resto da vida...
- Não começa leãozinho, primeiro que foi só sexo, não era o homem da minha vida. Segundo que você está solteirona também e não tem moral pra falar disso comigo - solto uma risada.
- Mas eu não fujo do amor, eu só não senti ainda. Você está indo na terapia certinho?
- Sim amiga, não começa logo cedo, por favor. - Começo a bater nela com travesseiro e ela retribui.
***
Naquele domingo, depois do almoço Sabrina foi para casa dela.
Eu fiquei de bobeira a tarde, organizei minha agenda da semana e aproveitei para descansar. Por alguns momentos me peguei pensando na noite anterior, mas logo tentava desencanar.Às 7h30 meu despertador toca, hora que começo a me arrumar para ir a empresa.
Chego na empresa às 09h, chegando em meu escritório, passo pela mesa da Sabrina para saber que reunião tenho hoje e vou para minha sala.
Alguns minutos depois, batem em minha porta, é a Sabrina:- Srta. Alencar, você ao menos sabe o nome do galanteador de ontem? Já viu se tem Facebook ou Instagram?
- Sabrina esquece isso! - dou uma risada espontânea e respondo - Só sei o primeiro nome, Bjorn. Agora vamos trabalhar.
Ao decorrer da semana, a rotina foi a mesma.
***
Enfim sexta-feira, hoje tenho uma palestra em uma ONG, pois além de ser sócia de uma empresa de indústria farmacêutica, eu faço um serviço voluntário de palestrar sobre relacionamentos abusivos.Saí mais cedo da empresa, para me arrumar.
*Look para palestra:
Chego no local as 18h, Sabrina sempre me acompanha. Observo o lugar, vejo que é uma ONG grande, irei palestrar para 800 mulheres, todas foram vítimas de agressão ou abuso.
- Os relacionamentos abusivos acontecem de várias formas, seja através de relacionamentos afetivos, através de uma amizade ou até entre pais e filhos. A relação pode ou não ter agressão, seja ela física ou psicológica, então é importante estar de olhos abertos para os primeiros sinais de um relacionamento tóxico. - Começo a palestra.
- O relacionamento abusivo, começa aos poucos, por isso as vítimas não percebem. É aí que entra a teoria da rã, alguém aqui já escutou? - E continuo explicando.
- Imagine uma panela cheia de água fria na qual, nada tranquilamente, uma pequena rã. Um pequeno fogo debaixo da panela e a água aquece muito lentamente. Pouco a pouco, a água fica morna e a rã, achando isto bastante agradável, continua a nadar.
A temperatura da água continua subindo. Agora a água está quente, mais do que a rã pode apreciar, sente-se um pouco cansada, mas não o bastante, isso não a assusta. Agora a água está realmente quente e a rã começa a achar desagradável, mas está muito debilitada, então aguenta e não faz nada.
A temperatura continua a subir, até que, a rã acaba simplesmente cozida e morta.
Se a mesma rã tivesse sido lançada diretamente na água a 50 graus, com um golpe de pernas teria pulado imediatamente da panela. E assim funciona com relacionamento abusivo, começa aos poucos, até que a vítima fica total na dependência emocional ou muitas vezes até financeiramente dele...A palestra teve uma duração de 2h. Quando acabei, fui para o buffet com Sabrina. Pois já estávamos mortas de fome.
- Sabrina vou ao banheiro. - Digo depois de beber alguns drink e beliscar algumas comidas.
- Ok, te espero aqui. - Ela estava conversando com algumas mulheres.
Quando chego no banheiro do terraço, tem umas 8 mulheres na fila. Quando a segurança me ver, fala que posso ir no banheiro do 1° andar.
Chegando no banheiro, utilizo e aproveito dou uma retocada na maquiagem. Quando estou saindo, vejo um homem parado esperando.
É ele, meu coração dispara. Fico sem ação. Até que ele se aproxima, me leva para o banheiro e fecha a porta. E nossos lábios se encontra, é um beijo de desejo, saudade. Sinto o coração dele batendo forte, meu corpo já não me obedecia mais, não resistia aquele encontro de desejos.
Foi um beijo intenso.- O que faz aqui? - Mumurro.
- Essa ONG é minha e da minha irmã, sou psicólogo. Jamais imaginei que era você que iria palestrar. Minha irmã que te ligou, quando te vi precisava de você.
Sua voz me paralisa. Olho para ele desconcertada.
Sem responder nada e sem reação, lhe dou as costas e vou saindo. Mas então sinto sua mão segurando a minha. Me solto e digo:- Você não tem o direito de me beijar assim do nada, como já te disse foi só sexo. Não temos nada, nem nos conhecemos.
Bjorn olha para mim, vejo-o fechando os olhos e por fim ele diz:
- Desculpa, Sthe. Você tem razão. Desculpa pela minha atitude sem pensar. Eu realmente queria ter a oportunidade de te conhecer melhor. Mas respeito sua decisão. - Em seguida ele sai do banheiro e eu fico ali pensando em tudo o que acabou de acontecer.
***
Quando volto para o buffet, vou direto na direção da Sabrina.- Amiga vamos, já terminamos por aqui.
Ela me olha sem entender, e concorda.
No carro ela pergunta:
- O que aconteceu que você apareceu pálida? - Ela me olha, esperando minha resposta.
- Nada, só minha pressão que baixou e quis vir embora. - Minto, não quero explicar nada para ela agora. E ela vai calada no resto do caminho.
Assim que chegamos em minha casa, pergunto se ela quer dormir comigo. Ela nega, me dá um selinho e vai embora com o carro dela.
Eu vou direto para o banho, ali na banheira relaxo e consigo chorar. Afinal, cansa ser forte o tempo inteiro com feridas que nunca cicatrizaram. Pela primeira vez em 9 anos, sinto algo diferente com alguém que não sei nada. Porém não posso me apegar, não posso me entregar. Preciso me curar primeiro para ter a capacidade de amar e ser amada de novo.
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Perversa
Любовные романыSthephany Alencar, uma mulher no auge de seus 30 anos, sócia de uma grande indústria farmacêutica, bem sucedida, empoderada. Porém nunca se apaixonou por ninguém, até porque alguns segredos obscuros do passado, a impedem que se apaixona, mas isso nã...