Hye-ri desceu do conversível com total elegância e sem nenhuma espécie de despedida ao seu atual motorista. Seu curto e decotado vestido parecia inadequado para aquela ocasião. Mas, ela não se importava e até achava divertido provocar expressões de desgosto.
Na maioria das vezes, as pessoas a olhavam torto, cutucavam alguém próximo e as duas balançavam a cabeça ou tomavam um gole de algum drink para disfarçar a cara feia. Era tão engraçado que ela poderia passar um dia todo revendo essas reações em um telão.
Um tapete vermelho se estendia até o grande portão de entrada do palácio da prefeitura, para aquele grandioso evento. A Park Technologies estava desenvolvendo uma nova inteligência artificial com capacidade militar e promessa de extrema segurança e eficiência. Jornais de toda a Coréia e até mesmo os internacionais não deixavam de citar qualquer atualização de progresso sobre o desenvolvimento.
Havia uma rica reputação em torno daquela empresa, toda bordada com estratégias de marketing e publicidade. Mentiras, de acordo com Hye-ri. Cultivavam uma pura imagem de empatia e bom trabalho em equipe. Todos almejavam trabalhar lá dentro, e quem já trabalhava possuía grande ambição.
Hye-ri entrou com os olhos pouco surpresos. Ela podia sentir o cheiro de dinheiro em todos os lugares. Os lustres exagerados, as longas mesas de comida e bebida e, ainda, grandes figuras milionárias em sua frente. Boa parte criminosos, pensou a moça indo em direção à comida.
— Que merda é essa? — Ela murmurou encostando um minúsculo aperitivo com o dedo indicador.
— Esses são os escargots, senhorita — um garçom apareceu atrás, surpreendendo-a.
— Que coisa mais... — Hye-ri procurava a palavra que descreveria o nojo que sentia.
— Exótica, não é mesmo? — Uma voz masculina surgiu, cortando seu surto gastronômico. O garçom concordou com um sorriso e saiu de perto.
A figura polida de Hong-jae tomou a visão da moça, piorando o seu enjoo. Um homem de terno marrom escuro e poucos fios grisalhos tentando tapar a careca. Tinha 42 anos e trabalhava há 20 anos como repórter. Alguém desesperado por qualquer informação que levantasse a sua popularidade e também o seu salário. Apesar de seu aparente comportamento gentil , mantinha uma vida completamente movida ao interesse e à mentira.
— Então, eu disse que minha palavra é de ouro! — Ele sorriu sem mostrar os dentes, levantando suavemente a taça como se fosse brindar.
— Não devo te elogiar, você só estava me devendo — Hye-ri respondeu friamente, procurando alguém entre as inúmeras pessoas naquele salão.
— Ele já deve descer. Você saberá quem é. — Hong-jae disse e seguiu caminho. — Você está encantador hoje, senhor — e assim ele seguiu bajulando todos os convidados possíveis.
De repente, uma música clássica começou a tocar ao fundo e uma voz anunciou o nome do presidente da empresa, Park Jin-seo. Imediatamente, toda a atenção foi levada a um homem alto de cabelos grisalhos que descia as escadas acompanhado de seu filho. Ele tinha um rosto largo e uns olhos fundos. E o sorriso que direcionava aos convidados era quase indescritível, talvez algo entre a gentileza e o sadismo. Seus lábios não se esforçavam em mostrar os dentes, resumia-se em uma pequena contração no canto da boca.
Hye-ri, agora com um copo de whisky nas mãos, observava com muita atenção cada movimento daquele espetáculo. Porém, sua diversão teve fim quando avistou uma pessoa, que não deveria estar naquele lugar. Um rapaz extremamente alto, que mantinha os olhos entre os convidados. Ela segurou a respiração por um segundo, deixando o copo na mesa em sua frente e apressando os passos para o segundo andar.
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A Megera de Gangnam | rm
FanfictionAhn Hye-ri nunca deixou de pagar ou reivindicar suas dívidas. Ela sempre cuidou para que ambos os lados tivessem suas partes, não importando a situação. Porém, quando uma é esquecida no passado, seu valor pode ser alterado.