— Alô??? — Nam-joon gritou ao celular. — O que você vai fazer? — Ele se distraiu ao ver Hye-ri tirar seus saltos.
A moça mantinha um olhar determinado. Jogou seus sapatos para longe e, abaixada, levou uma mão até a chave para abrir a porta.
— Enviem a segurança para o segundo andar, escritório do prefeito. Tem um cara armado aqui. Rápido! — Nam-joon parecia um rapper ao falar tão rápido.
Logo, a porta abriu violentamente. Hye-ri pulou nas costas do homem armado e prendeu seu pescoço com os braços, enforcando-o. Ele tentou mirar a arma em sua cabeça, mas ela puxou o cano com força, acertando um tiro no teto e deixando a arma cair próximo aos pés de Nam-joon. Que se encolhia perto a uma estante, segurando o guarda-chuva como um taco de basebol.
— PEGA! — Hye-ri gritou para Nam-joon. Ele pegou a arma com medo de disparar sem querer.
Enquanto isso, aquela espécie de gangster tentava tirar os braços de Hye-ri de seu pescoço com fortes puxões e tentativas de mordidas. Resistindo, ela chutou a parte de trás de uma de suas pernas e, jogando todo o seu peso para frente, caiu sobre ele. Colocou seu joelho sobre suas costas e uniu seus pulsos. Nam-joon se aproximou pegando a fita adesiva e ajudando a prender o homem jogado no chão.
— Você acha que vai ser fácil assim? — Ele perguntou em tom de deboche. Sua respiração parecia um pouco falhada. — Você vai pagar pelo o que fez, Megera.
— Não existe dívida — ela respondeu levantando de suas costas.
Segundos depois, os seguranças chegaram. Cada um segurou em um dos braços do criminoso, pediram perdão pelo incidente e saíram da sala. Em seguida, surgiu um terceiro policial pedindo para que comparecessem à delegacia para darem seus depoimentos.
— Seu vestido... — Nam-joon disse com o rosto avermelhado, enquanto desviava seu olhar para a janela.
Agora ele entendia o porquê dos olhares dos policiais.
— Que droga... — Hye-ri parecia irritada ao ver a costura lateral de seu vestido aberta. — Por que está desviando o olhar? — Ela riu desentendida. — Nunca viu algo assim?
— Toma — Nam-joon entregou seu paletó sem ligar para as provocações.
Hye-ri deu de ombros e o vestiu. O tamanho ficou tão grande, que ultrapassava o seu vestido.
— Vamos. Eu te dou uma carona — ele disse saindo da sala.
Não havia mais ninguém no salão. Todos correram depois que escutaram o tiro. No lugar, só ficara o som ambiente e as mesas vazias. Tudo colocado como em uma cena de crime, até mesmo os instrumentos da possível banda que tocaria às 22 horas.
Os dois atravessaram o salão até a saída dos fundos. Dando de cara com uma rua deserta, onde geralmente ficavam alguns táxis esperando a sua vez de trabalhar. Nam-joon destravou seu carro e com uma certa elegância abriu a porta para que Hye-ri entrasse. Eles seguiram até a delegacia em silêncio. Nam-joon estava muito confuso para dizer alguma palavra e Hye-ri pensava no tteokbokki que vendia próximo a sua casa.
Quando chegaram à delegacia, relataram uma perseguição seguida de tentativa de assassinato. Ambos deram os mesmos detalhes e foram liberados.
— Você — um homem os parou quando estavam prestes a cruzar a porta de saída. — Já é a... — fingiu contar seus dedos — décima vez dentro da delegacia. Você é alguma heroína? — o homem perguntou com os olhos arregalados.
O detetive Kim Tae-hyung tinha um humor peculiar e muito odiado por Hye-ri. Ambos possuíam a mesma idade e por obra do destino moravam no mesmo prédio. Mas, não mantinham muito contato, porque a mulher o evitava.
— E você é pago para fazer piadas? — Ela o encarou séria e seguiu caminho.
— Ajumma, tenha mais paciência! — ele gritou enquanto Nam-joon fechava a porta.
O rapaz tinha uma felicidade contagiante para muitos ao seu redor. Tinha um bom trabalho, vivia trocando de namorada e tinha um bom carro. Mas, Hye-ri odiava aquele tipo de pessoa. Não por inveja ou coisa do tipo, mas por que ele se parecia com ela.
— Espera! — Nam-joon correu para acompanhar o passo da mulher, que ia em direção ao carro preto.
Ele destravou o carro e novamente abriu a porta para ela. Hye-ri sentia-se estranha com aquele ato. Queria saber por que aquele homem a procurava.
Depois de um tempo os diversos letreiros luminosos de Gangnam colocaram-se em seus olhos. Lojas e pessoas de todos os tipos, eles passavam por uma parte realmente movimentada. Mas alguns segundos depois, Hye-ri pediu para que Nam-joon entrasse em uma rua um pouco escura e o rapaz pensou que estava prestes a morrer.
— Pode parar — ela pediu fechando o paletó com as mãos e abrindo a porta. — Pode deixar o carro aí, é uma rua sem saída e já está tarde mesmo.
Nam-joon tentou deixar algum espaço para que outro carro passasse, mas não adiantou, aquele lugar era literalmente um beco sem saída.
— Tteokbokki? — Nam-joon perguntou ao se sentar.
O restaurante era compacto, mas tinha uma grande clientela. Possuía dois andares, mesas de plástico e nenhuma espécie de decoração surpreendente. Alguns certificados na parede, fotos de família, e o que Hye-ri mais gostava, uma parede de post-its. Geralmente, ela escrevia xingamentos a alguém e os colocava na parede como se a pessoa fosse receber.
— Duas porções de tteokbokki e dois sojus, por favor! — Ela gritou levantando o dedo.
Depois cruzou seus braços sobre a mesa olhando pela embasada janela e pensando na droga que havia sido aquele dia. Imaginava que estaria com Park Ji-seo naquela hora e não com seu suposto filho. O seu plano estava indo pelo esgoto.
Hye-ri tomou um gole sem mudar sua expressão como se bebesse água. Nam-joon, a sua frente, comia sua porção de tteokbokki entre algumas fugas de atenção. Ora se distraía com alguma notícia na televisão do restaurante, ora com os arranhões nos braços em sua frente.
— Você deu sorte — ela riu.
— Eu sei por que você estava lá — Nam-joon disse depois de um longo gole.
Um silêncio se instalou.
— Fiquei sabendo que você trabalha com favores e nunca fica em dívida.
Hye-ri sentiu algo estranho. Sempre escutou esse tipo de frase, mas de alguma forma aquela a decepcionou.
— Eu quero o que você quer — pausou olhando fixamente em seus olhos — destruir Park Ji-seo.
Depois dessa frase, Nam-joon bebeu duas doses de soju uma atrás da outra, em absoluto silêncio. Hye-ri observava séria como se estivesse assistindo a uma novela. Seus dedos entrelaçados faziam um suporte para o seu queixo. Ela gostava do que via.
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A Megera de Gangnam | rm
FanficAhn Hye-ri nunca deixou de pagar ou reivindicar suas dívidas. Ela sempre cuidou para que ambos os lados tivessem suas partes, não importando a situação. Porém, quando uma é esquecida no passado, seu valor pode ser alterado.