Tudo que desejava naquele momento, era cortar algum membro de seu corpo e enfim, conseguir o almejado detalhe vermelho. Não é como se Jongin fosse um psicopata louco por sangue, ou como se estivesse afim de sofrer, muito pelo contrário. O moreno apenas desejava sorte, coisas boas para essa noite que não teria fim graças a um pequeno erro ocasionado pelo melhor amigo baixinho com cabelos rosados.
A blusa que usava era lilás, as calças jeans e os sapatos não passavam de um All Star preto e surrado. Até mesmo sua cueca, decidiu conspirar contra seu favor e se tornar a única limpa disponível, preta, é claro. Era como se estivesse em um filme de terror, onde o mocinho, ele, vai a uma festa com o melhor amigo e no meio de toda a alegria, começa uma perseguição com um assassino mascarado. Tudo porque esqueceu de usar vermelho.Vermelho. Uma cor primária e ao mesmo tempo complexa, era como Jongin pensava. Ouviu desde pequeno, que era a cor do amor, sempre colorindo a cidade no dia dos namorados, a cor da safadeza, a mais sexy de todas, que por algum motivo estampava os sexy shops de cima a baixo e até mesmo dava nome a um site de vídeos adultos que as vezes, nos seus dias de carência, teimava em visitar. Tudo pela sorte, é claro. Foi assim, ao passar dos anos, ao juntar tais fatores com seu amor por frutas vermelhas, pirulitos e pastas de dente tutty-frutty, que o Kim definiu que essa era sua cor.
Todos tinham uma, mesmo sem saber.Algum tipo de cor que pode te definir, te dar sorte e ainda, te ensinar o que fazer ou não. Estava usando meias vermelhas quando decidiu entrar para aula de ballet, aos sete anos, lápis vermelho quando fez sua última prova no ensino médio e sapatilhas vermelhas quando fora escolhido para o papel principal do espetáculo de ballet mais importante da cidade. O rubro só o trazia sorte, assim como a falta dele, azar. Dias chuvosos, um celular estragado e uma perna quebrada, eram a prova disso. E Jongin em breve poderia adicionar mais um item a lista grande de fracassos da sua vida, pois mesmo checando cinco vezes, deixando o chaveiro em cima da mesa e jurar tê-lo pego ao melhor amigo, o que aconteceu na verdade fora um esquecimento ridículo, seguido de péssimas notícias. Para começar, Park Jimin nunca perderá uma competição de dança antes e agora, graças ao melhor amigo, econtrava-se aos soluços, tentando a todo custo arrastar o moreno com culpa nos ombros para o mais novo bar da esquina e se embebedar de líquidos alcólicos e nada vermelhos. Pegou raiva desta cor, e com razão, por fazer Jongin parecer tão mais irritante e culpado por sua derrota dolorosa. Agora ele que aguentasse a sua fossa, oras!
A essa hora, em uma quinta-feira à noite, o bar não se encontrava muito cheio. Apenas o bar-man, um cara alto com um violão na porta do banheiro, e cerca de outras quatro pessoas faziam presença no pequeno estabelecimento que o melhor amigo do Kim alegava ter a melhor música e bebida, graças ao bar-man bonitinho que cantava nas quartas. Mas não era Quarta-Feira, para alegria de Jongin, cansado de ouvir o amigo tagarelar.Era apenas um pequeno local escuro e confortável, com uma banda ajeitando os instrumentos no palco e alguns casais se pegando pelos cantos. Jongin odiou o lugar. Cadeiras pretas, um balcão marrom e decoração azul e dourada faziam o lugar completamente azarado os olhos do Kim, sem coisa alguma atrativa, nem mesmo os acordes do violão sendo testado, rasoávelmente agradáveis, o alegrava.
Os firmes olhos castanhos corriam por todo o salão, a medida que a música começava, calma, o relaxando, a procura do tão almejado objeto vermelho. Os sapatos do segurança, o pingente do colar do bar-man e até mesmo a saia lápis de uma garota foram objeto de desejo do Kim, com seus tons mais variados de vermelho, mas ao perceber que não poderia roubá-los para sua própria sorte e segurança, só desejou correr para casa, se enrolar no cobertor quentinho vermelho e assistir Moulin Rouge até o sono bater e finalmente salvar-se das desgraças que aquela noite poderia trazer.
A melodiosa introdução da música soava calmamente, sem despertar o mínimo interesse do Kim no sucesso relativamente antigo de um cantor pop americano qualquer com um topete idiota, até o momento em que aconteceu. A voz mais angelical que Jongin já ouvira ecoou pelo bar em uma letra em inglês com pronúncia enrolada e impressionantemente adorável, ao seu ver. Tirou os olhos da saia vermelha daquela garota e enfim viu, o homem da sua vida sentado bem ali, naquele palco, sobre uma cadeira de ferro que praticamente gritava: “Morra de inveja, Jongin, ele está sentado em mim, não em você”, e com aquela perfeição toda estampada em si.
Kai sempre foi um romântico incorrigível. A vida toda apaixonou-se na mesma velocidade que deixava de se apaixonar, com seus mínimos quatro crushs semanais e uma mania de trouxísse maior do que o traseiro dos melhores amigos. Mas nada, nadinha, necas de pitibiríbas, o fez sentir-se daquele jeito. O jeito que o cantor/anjo misterioso conseguiu o deixar. O coração acelerado, o sorriso bobo, a sensação de estar no paraíso apenas de ouvir sua voz...Tudo, para o Kim, indicava uma paixão avassaladora e inexplicável, típicas de filme, em que os protagonistas se apaixonam a primeira vista e assim, vivem a mais linda das histórias de amor.
Veja bem, aquele era o anjo mais perfeito já capturado pelos olhos de Kai. As perninhas lindamente cruzadas, o jeito de segurar o microfone, os olhos fechados da maneira mais linda existente, a pele tão alva, que praticamente implorava para ser marcada por centenas de chupões avermelhados, e o que mais lhe chamou atenção: Os fios capilares sedosos, perfeitamente coloridos daquela cor, a cor que o trazia sorte. Era praticamente um sinal de Deus! Jongin deveria consquistar o garoto, deveria ter um novo amuleto da sorte e motivo de tão grande rebuliço na sua barriga, causado pelas borboletas agora, mais agitadas do que nunca. O pequeno cantava o refrão lindamente, claramente o dizendo que se fosse seu namorado, nunca o deixaria ir e seria um cavalheiro, e é claro que aquilo derreteu ainda mais o moreno, se é que era possível.
Ao fim da música, o Kim caminhou lentamente até o palco, sem abandonar o sorriso bobo ou o olhar fixo naquele rosto, perfeito aos olhos do moreno. Pode sentir seu coração disparar ao finalmente ter a chance de falar algo, após aplaudir feito louco, e tudo que conseguiu murmurar foi um “Olá”, tremulo, seguido da resposta: Um olhar em sua direção e um sorriso doce, em forma de coração.Jongin não pôde ouvir o murmurar do rapaz a sua frente de um “oii!”, deste jeito mesmo, com o “I” prolongado e o ponto de exclamação, de tão surdo de paixão que estava, mas teve certeza naquele momento, de que a sorte estava sim a seu favor, e lhe enviou o mais perfeito dos anjos, par garantir isto.
Com um simples olhar, Do Kyungsoo tornou-se o melhor amuleto da sorte de Kim Jongin, e Kim Jongin, o supersticioso predileto de Do Kyungsoo.
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Supersticioso • Kaisoo
FanfictionJongin é supersticioso demais. Acredita em qualquer ditado que sua avó ouse ditar em seus ouvidos, em pedras da sorte e trevos de quatro folhas. O moreno tem a superstição de que cada um, com suas idividualidades, nasce com uma cor da sorte, influên...