CAPÍTULO 3
- Você pode ir para o seu lugar senhor Theodore – Elza ordenava para o garoto.
Como assim "Theodore", eu pensava, esse não era o nome do meu pequeno Blue, e sim Mattheo, esse era o nome dele. Ele estava exatamente como eu me lembro, exceto pelo fato de estar mais crescido e com uma expressão mais séria.
- Senhora Newran? Senhora Newran, você está me ouvindo? – Elza quase gritando pergunta a mim.
Quase em piloto automático, simplesmente saio da sala de aula, pois não estava mais conseguindo segurar as lágrimas. Seguindo pelo corredor e entro na primeira sala que encontro, por sorte era o banheiro feminino – o infantil – mas era o feminino.
Como é possível! Eu sabia que ele estava vivo, mas não era esse o sentimento de encontrar que eu esperava ter. Ele estava exatamente como eu me lembro, Exatamente como eu o trouxe ao mundo. Os mesmos cabelos louros e lisos caídos sobre os olhos, a mesma íris azul, igual a minha. Nesses dois anos ele inevitavelmente cresceu.
Meu Blue, meu pequeno Theo... Como você veio parar aqui nessa cidade, como veio parar tão distante da cidade...do lago... Ainda não tinha caído a ficha de que ele estava vivo. Demoro vários minutos e acabo perdendo a noção do tempo, perdida em pensamentos. Até que me dou conta do quanto já havia demorado olhando meu reflexo nos azulejos muito brancos.
Lavo então meu rosto, e tento manter a compostura. Por fim volto a caminhar em direção a sala de aula. Eu precisava descobrir onde e com quem ele estava, mas eu tinha que permanecer calma pois hoje é meu primeiro dia de aula. Eu não posso ser demitida logo agora que o encontrei.
Volto para a classe tentando manter manter os sentimentos sob controle, então paro diante da porta da sala de aula, e respiro o mais fundo que consigo e bato na porta duas vezes. Segundos que parecem horas se passam até que Elza abre a porta, a fechando logo em seguida atrás de si antes de me permitir entrar.
- Anny o que aconteceu? – Elza pergunta carregada de preocupação – Você está pálida, o que aconteceu?
- Não foi nada senhora Elza, foi apenas um mal estar, mas já estou me sentindo melhor – tento parecer convincente.
- Acho melhor você ir para casa e descan...
- Não! – acabo falando mais alto do que queria – Digo, estou melhor, eu juro. Eu já estou bem melhor.
Sem disfarçar ela me analisa de cima a baixo e arqueia a sobrancelha. Por fim suspira fechando os olhos abre caminho para que eu entre.
- Se sentir qualquer mal estar me avise o mais rápido possível, não quero quinze crianças traumatizadas com uma substituta desmaiada – ela deixa sair sua verdadeira preocupação.
- Avisarei com certeza Elza.
Seguindo a passos elegantes pelo corredor ela dobra em um dos corredores e desaparece. Antes de entrar, dou uma espiada pelo vidro da porta e vejo o meu pequeno Blue sentado ao lado da janela com a cabeça apoiada sobre a palma da mão. Sinto uma pontada no peito e respirando fundo novamente entro na sala de aula.
- Desculpa crianças pelo susto – todos me olham com preocupação – onde era que estávamos mesmo?
- Estávamos nos apresentando tia Anny – Alice toma a frente e me atualiza.
- Certo, obrigada Alice. Faltou alguém se apresentar para nós? – pergunto com o olhar fixo no meu Blue que se mantem a observar fixamente pela janela.
- Só faltou o atrasadinho aí – Billy debocha e todos riem do meu Theo.
O Theo continua a observar pela janela sem ao menos se alterar com o que a turma falava, nenhuma expressão, absolutamente neutro.
- Você poderia se apresentar garotinho? – tento articular um inicio do díalogo, mas ele permanece indiferente, e não responde nada – bom dia, você poderia se apresentar?
Ele simplesmente me ignora, e continua a observar pela janela aberta. Então me aproximo dele, mas a Alice me coloca a par da situação.
- Tia Anny, o Theodore é meio surdo – ela se levanta do seu lugar e vai até o Theo – Ei? Ela tá falando com você.
Com a expressão inalterada ele leva a mão até a orelha direita e mexe em algo que finalmente consigo ver que se trata de um aparelho auditivo, que se escondia por baixo de seu cabelo.
Percebendo finalmente minha existência, ele erguendo seus olhos até a altura do meu rosto como se não me conhecesse fala:
- Oi – ele expõe uma única palavra.
Ele não me reconhece, e ainda por cima está surdo? O que aconteceu com meu pequeno. Fico simplesmente extasiada observando aquele garoto que tem uma aparência assustadoramente parecida com meu filho, não parecida, é ele!
Tento permanecer o mais calma possível. Ele deve ter perdido a memória pois é provável que quase tenha se afogado, ou batido a cabeça. É a explicação para ninguém nunca o ter levado até mim, quando desapareceu, elaboro uma explicação para a atual situação que nos encontramos.
- Você pode se apresentar para mim? – exponho finalmente após sabe se lá quanto tempo – eu me chamo Anny, e vou substituir por um tempo sua professora.
Ele escaneia com aqueles lindos olhos azuis por alguns minutos antes de me responder.
- Meu nome é Theodore, Theodore Danner – ele declara para minha decepção.
- Gostaria que mantivesse seu aparelho auditivo ligado enquanto estivermos em aula, por favor – Explico da maneira mais calma possível.
NÃ, NÃO ABANDONEI O LIVRO, KKK. APENAS DEI UM TEMPO PARA ORGANIZAR AS COISAS.
VOU POSTAR UM NOVO CAPITULO APENAS ESPEREM
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Após a tempestade
General FictionAnny acorda um certo dia, e recebe a notícia de que seu marido e seu filho sofreram um acidente de carro, mas o corpo de seu filho nunca foi encontrado. Ela vai então trabalhar como professora substituta em uma escola do interior a pedido de sua ami...