Prólogo

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Corro por entre árvores tortuosas, minha pele está gelada e já não sinto mais minhas bochechas. Em um segundo de coragem, ouso olhar para trás, a coisa ruge mais alto que qualquer som que eu outrora tenha ouvido. Minhas pernas agora estão bambas, não consigo dizer se é o medo que me move ou uma força maior que deseja que eu me salve. Meu corpo não me obedece, dores atingem os lugares onde minha pele está exposta, julgo ser galhos me arranhando em meio a mata densa e suja de Maderim. 

Quero chegar em casa logo, ver minha irmã com seus cabelos pretos ônix, sorrindo gentilmente enquanto prepara algo para o jantar, quero olhar para os olhos cor de mel de meu pai e dizer a ele coisas que eu nunca havia dito, quero sentir o cheiro especial que só minha mãe tem e no auge dos meus 18 anos, quero me aninhar em seu colo...

Lágrimas agora percorrem meu rosto enquanto essa enorme vontade de viver me atinge. Nunca tinha reparado no aroma da floresta até ele ser arruinado pelo odor fétido que exala desta besta que me persegue, seu hálito quente já esta em minhas costas e faz meus pelos arrepiarem.

Percorro o caminho para casa como nunca percorri antes, eu sei que esta besta não consegue sair da floresta dos ursos, vejo um feixe de luz se esgueirando entre as últimas árvores da floresta, e esperança enche meu peito...

Mas logo sinto meu rosto entrar em contato com o chão gelado do reino de Maderim. Minha visão se torna escura e meu corpo deixa de me obedecer subitamente.

A última coisa que consigo registrar é a besta rugindo mais uma vez, talvez em um rugido de vitória...

Aquela Que Se Tornou BruxaOnde histórias criam vida. Descubra agora