"O pequeno, apenas depositou o celular sob o suporte novamente e retornou para o banho"
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- JC, você não vai acreditar... - disse o loiro batendo na mesa ansioso. Júlio colocou o celular sob a mesa e ficou encarando quando ouviu Gustavo o chamar por um dos 300 apelidos existentes.
Júlio César ou JC, agora se encontrava em uma cafeteria com seu melhor amigo/ fiel escudeiro Gustavo Giarno de Souza, ou Gusta. Os dois mantinham a amizade a anos, haviam se conhecido quando crianças no jardim de infância e desde então nunca mais haviam se separado, todos sempre comentavam sobre a proximidade dos garotos, sobre a confiança entre eles, até sobre certas brincadeiras que eles mantinham entre si.
Os pais de Júlio já o haviam proibido inúmeras vezes de ver o amigo, apenas por não gostar da proximidade dos garotos. Mas quando se tratava de Gustavo, não existiam limites.
Uma vez Gusta havia dito que queria muito assistir um filme e queria que o amigo o acompanhasse, mas os pais o proibiram. Logo, Gustavo agiu com sua mente travessa e durante a madrugada entrou pelas janelas dos fundos da casa de Júlio e passou a noite inteira vendo filmes com o melhor amigo.
- Bom, já que não vou acreditar, melhor não dizer - Júlio deu de ombros mas logo lançou uma risada, sabia que Gusta ficava furioso por não poder contar suas notícias.
- Um dia eu prometo que vou te dar uma surra - o loiro falou mas sem enrolar deu continuidade a notícia que queria contar - então... meu primo, o Matheus, disse que tem um novo garçom, e pela descrição que ele me deu, ele é divino - Gustavo piscou enquanto assentia a cabeça e observava Júlio com um sorriso travesso.
Júlio por sua vez, sabia oque significava e claramente não era bom. Quando o assunto era ajudar Júlio a namorar aí sim o grande Gustavo entrava em ação desde que descobrira sobre a sexualidade de Júlio, ele não parava de arranhar pequenos namoradinhos para o amigo. Mesmo que todos acabassem em solidão
- Não. Já chega de pretentendentes - advertiu Julio de modo sério - você sabe que eu não estou afim de nada Gus, só quero dar o meu máximo no Ballet e na escola, nada de namorar, nada se flertar...
- Aaa já sei, já sei, mas você sabe que é o...
- O seu dever de melhor amigo - interrompeu Júlio - Você só começou a fazer isso depois que eu falei que era gay.
- Okay... desculpa JC - o loiro sorriu para o melhor amigo.
Júlio retribuiu com um sorriso leve, como se tentasse dizer que tudo estava bem, mas seu coração apertou naquele momento. Júlio queria muito alguém ao seu lado e apreciava a ajuda do melhor amigo, mas ele sabia que sua família era irredutível com esse assunto.
O medo sempre tomava conta do garoto quando pensava na possibilidade de apresentar alguém para seus pais. Era cruel de mais viver em um ambiente sufocante e inóspito.
- Ju, você sabe precisa conhecer alguém..., esse novo garçom parece ser lindinho - Gustavo bradou tocando o braço do amigo com seus longos dedos.
- Gus, não posso, não agora - nem nunca - tenho que me preparar para o campeonato e tenho aquelas audições no final do ano... Não posso deixar nada me atrapalhar - Júlio sempre dava um jeito de despistar o melhor amigo.
- Fala sério. Você ainda vai fazer aquela audição? Você não podia achar algo mais próximo da sua casa? - perguntou Gus com um tom engraçado.
Júlio apenas negou com a cabeça e procurou encontrar outro assunto para falar com seu amigo.