Touch Me (Romance Lésbico)

Capítulo 17

De volta à estaca zero. Foi seu primeiro pensamento. Emma desceu do ônibus depois de uma viagem de mais de três horas do aeroporto. Ela finalmente havia chegado a sua cidade natal. Faziam anos que ela não pisava lá e estar de volta era uma sensação nova dessa vez.

Tudo parecia estar do mesmo jeito. As ruas, as árvores, as calçadas, até mesmo as pessoas. Mas ela sabia que não estava... Não para ela. Emma evitou pensar sobre isso durante toda a viagem, mas agora com todas as lembranças voltando em sua mente era impossível não pensar em sua mãe, Astrid. Apesar do tempo e de a dor ter amenizado um pouco mais, voltar para aquela cidade e ter que morar na sua agora vazia casa era uma coisa que ela pensava estar pronta, mas agora não tinha tanta certeza.

Respirando fundo antes de dar o primeiro passo, Emma decidiu primeiro ir para o único lugar que ela estava planejando ir. Um pequeno e movimentado pub chamado Poison. Ela lembrou claramente de quando Madison, a dona do local e amiga da família, havia lhe dito que sempre que ela se metesse em alguma encrenca, poderia correr para ela que ela a ajudaria. E essa era uma grande encrenca, não era?

Com suas poucas malas Emma foi até o Poison pois não queria bater na porta de Madison sem avisar. Também não estava com pressa de ir para a sua casa e ser atormentada com lembranças diárias do que ela nunca mais teria.

Ainda estava claro quando ela chegou, Emma sabia que o Poison só abria quando o sol ia embora, então esperou duas longas horas sentada na calçada. Durante sua espera, seu celular havia vibrado várias vezes em seu bolso enquanto ela ouvia músicas com seu fone de ouvido, mas ela não estava pronta para olhar, não agora. Tudo aquilo estava sendo demais e ter que conversar com Melinda, Serena ou quem quer que fosse para lembrar de tudo que tinha deixado para trás mais uma vez, não era algo que ela queria sentir agora.

Alguém estava abrindo a porta do Poison, mas aquela não era Madison. Madison era uma mulher negra de cabelos curtos e grisalhos (pelo menos na época), e não uma garota ruiva de sardas. Com pressa, Emma se levantou com certa dificuldade com suas malas e foi até ela.

- Ei! Onde está a Madison, ela não vai vim?

- Ai, caralho! Você quer me matar do coração?! – a garota colocou a mão no peito.

- Me desculpe, eu... Só... Você trabalha aqui? A Madison...

- É, ela vai vim. Só pediu pra eu chegar mais cedo pra receber uma carga de bebidas. – a garota abriu a porta. – Jesus Cristo. – ela ainda reclamava do susto, então entrou.

Emma foi atrás dela.

- Ok, eu vou esperar.

- Você é parente dela ou algo do tipo?

- Uma amiga antiga.

A garota olhou para Emma, lhe analisando da cabeça aos pés, certamente duvidando que Emma era o tipo de amiga que Madison teria.

- Okay.

- Você quer ajuda com...

- Não, to bem. – a garota se quer a olhou quando lhe respondeu e saiu para a porta dos fundos.

Emma franziu a testa, mas não tornaria isso um problema, então apenas colocou suas malas em uma mesa de canto e se sentou para esperar por Madison.

Seu celular vibrou e Emma viu uma chamada de Melinda. Ela pensou uma, duas vezes antes de atender, mas fez.

- Ei, Melinda.

- Oh meu Deus, Emma. Finalmente você me atendeu. Estava preocupada. Como você está? Chegou bem? Como foi a viagem?

Emma respirou fundo ao ouvir sua voz e fechou os olhos, se contraindo contra o assento em que estava.

- Sim, está tudo bem, não precisa se preocupar.