Capítulo III

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"Minha querida Lara, o que esta acontecendo? Que historia é essa das consultas regulares novamente? Voltou a ter os pesadelos outra vez? Estarei daqui a dois dias de volta a São Paulo. Vou ligar para a minha secretaria de forma a marcar a consulta...... beijos "

Quando acordei tinha esta mensagem de resposta de Carina, que infelizmente não estava na cidade, só voltando em dois dias.

-Aff, como irei conseguir olhar para ele outra vez depois daquele toque, serei capaz de enfrenta lo como se nada tivesse acontecido. Pensei eu enquanto lia a mensagem dela, clicando logo de seguida em responder.

"Carina, não voltei a ter os pesadelos novamente, mas existe algo que preciso discutir contigo sobre o meu novo empregado Mateo... Quando tiveres o horário da consulta avisa me... espero que seja o mais rápido possível... Beijos e cuida te "respondi colocando logo de seguida o telemóvel sobre a mesa de cabeceira.

Permaneci deitada a pensar em como a ajuda da Carina tinha sido fundamental na minha recuperação há uns anos atrás quando tudo veio à tona.

Carina é um pouco mais velha que eu, formou se na área de psicologia clínica mais propriamente na especialidade de Transtorno Traumático, é muito serena e tem uma atenção especial para com todos os seus utentes, dom esse que fazia os seus paciente falarem com a alguma naturalidade independente do tipo de trauma que viveram, ouvi varias vezes dizer que ela era um anjo na vida de cada um de nós.

Quando comecei a terapia, houve algo que me cativou logo nas primeiras consultas, ela instruía um elo entre duas pessoas como se fossem amigas e tivessem a ter uma conversa de café como eu muitas vezes chamava.

Entrar no consultório dela era como estar numa sala normal na casa de alguém que nos é próximo era isso que ela nos fazia sentir com tamanha à-vontade que nos dava.

Acho que nunca tive uma relação de medica/paciente com ela, e sim o início de uma grande amizade que dura até hoje, sendo ela uma das minhas ancoras, pois graças a ela conseguir erguer me do que já se avizinhava nessa altura quando era frequentes ter pesadelos ou até mesmo insónias, chegando mesmo a ter noites onde não pegava no sono de maneira nenhuma, ter uma instabilidade emocional grande não tendo coragem de enfrentar o meu dia a dia, ter um medo constante que a qualquer altura tudo poderia recomeçar novamente, graças a todo o apoio que tive não cheguei a entrar em depressão.

Cada vez que estou mal é a ela que recorro seja a que horas forem, chego mesmo a dizer que não a deixo viver. Colocando um sorriso enquanto pensava nisso.

Ganhei forças para me levantar da cama, tomar o meu banho matinal e prepara-me para mais um dia de trabalho com ou sem Mateo, tinha uma responsabilidade e era nisso que eu tinha de focar me, pois a exposição em João Pessoa estaria para breve e havia muitas coisas a tratar.

Enquanto estava no banho dei por mim a recordar uma das cenas que marcam o meu passado e com isso o medo a vir ao de cima.

"ele jogava me para o sofá de uma lugar, enquanto sem dó nem piedade me tirava as cuecas e me penetrava não se importando com a dor que eu sentia nem as lagrimas que caiam em meu rosto, fazendo os serviço que queria e quando acabava, dizia podes ir". Este pensamento fez me tremer e cair num choro, enquanto me sentava na banheira e puxava os meus joelhos até mim. Não sei por quanto tempo estive ali, mas houve algo me fez reagir, o toque do meu telefone.

Passei o corpo por água, sai da banheira enrolando uma toalha no meu corpo outra no cabelo e fui até ao quarto para ver quem estava a telefonar para mim.

Era do centro de jardinagem, afim de saber se estava tudo bem comigo visto ainda não ter aparecido no trabalho, o que no meu caso seria algo excecional visto raramente faltar ou chegar atrasada após responder que sim, mas que por motivos pessoais hoje não iria trabalhar, desliguei a chamada e logo de seguida desliguei o telefone para poder usufruir de um dia de paz ou pelo menos tentar.

Vesti a roupa mais confortável que tinha, coloquei os meus ténis, peguei na minha carteira e chaves e dirigi me ao café mais próximo.

Tomei o meu cafezinho da manha e de seguida fui caminhar até a praia, onde me sentei na areia e pensei na minha vida e de como ela estava a mudar novamente.

"A vida tem sido muito dura, mas ao mesmo tempo tem ensinado muita coisa", era esta a minha filosofia de vida ou pelo tentava que fosse.

Esta o destino a pregar me uma partida, alias a maior da minha vida até agora.

A Carina sempre me disse desde o início da terapia:

"O destino é moldado pela força do pensamento positivo, pense sempre POSITIVO, independente da circunstância que vive no momento", esta era a outra frase que acompanhava o meu dia a dia.

Seria o Mateo o positivo que eu necessitava junto de mim? Conseguiria ele me fazer vencer os meus medos e os meus traumas?

Mais uma vez perguntas surgiam em minha mente, o que me deixava confusa sem saber mais o que fazer ou pensar... Não podia evitar ir trabalhar para sempre pois uma feira aproximava se, mas como ultrapassar o dia desde que ele entrou pela primeira vez no centro.

Não consigo esquecer aquele olhar desde o primeiro dia que o vi, tanto que o evitei por isso mesmo, eu sabia que o meu coração poderia me atraiçoar a qualquer momento era como se o meu corpo se dividisse, indo a cabeça para um lado e o meu coração para outro lado, tornando me duas pessoas distintas até ao dia que ele tocou me suavemente no meu braço, fazendo me olhar para ele e logo de seguida fugir com medo que o meus olhos me denunciassem.

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