Pilot

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Eu estava completamente distraída em meu banho quando alguém resolveu espancar a porta do meu apartamento. Tentei ignorar mas a pessoa parecia focada e como se não bastasse o barulho da porta, o meu interfone também resolveu se manifestar. Xinguei mentalmente todas as gerações da alma abençoada que resolveu levar toda a minha paciência do dia às sete da manhã.

Me enrolei na toalha depois de enxaguar o sabão do corpo e fui até a porta para olhar no olho mágico e então decidir entre pegar minha arma ou abrir a porta. Fiquei com a segunda opção quando vi que era meu vizinho e melhor amigo, Jake.

- São sete da manhã, Jake! - Resmunguei enquanto puxava todas as trancas da minha porta e dava passagem para o branquelo com cabelo tigela.

- Eu sei Laur, mas é por uma boa causa. Eu te arrumei um emprego.

- Ei, eu tenho um emprego.

- Eu sei, mas esse é muito melhor. Vai lá se vestir que eu não quero correr o risco de ver seu corpo de folhas a4 caso essa toalha caia.

- Seu viadinho de merda.

Joguei a toalha na cama, coloquei minhas roupas intimas e um roupão preto. Jake estava pegando um café em minha cafeteria.

- Então, qual é a do emprego?

- Lembra do meu não-namorado atual? O Josh - Fiz um som nasal enquanto encostava na parede de braços cruzados. - Ele é assistente e amigo daquela cantora meio sequelada, Camila Cebello, ou algo do tipo. E ele precisa de um esquema de segurança novo, já que a menina é inconsequente e eles vão sair com ela em sua primeira turnê mundial. Isso é muito dinheiro, você sabe. E ele me contratou como guitarrista da banda dela. Sabe o que isso significa não é?

- Você quer que eu vire babá de uma adolescente retardada que quer chamar atenção? E é Cabello, aproposito.

- Olha só, você sabe até o nome dela, aposto que até tem um cd. E Laur, ele disse que o produtor está disposto a pagar bem, só vem nessa reunião comigo hoje e conversa com ele, ok? Você está trabalhando em um shopping, vai ser muito melhor vir comigo, viajar e conhecer gente nova.

Eu gosto do conforto do meu apartamento e de ficar na minha. No shopping eu não ganhava tanto assim, mas era o bastante pra mim. Eu comia bem e podia comprar minhas coisas sem aperto, era o suficiente, mas eu estava começando a enjoar da minha vida. Eu estava nesse mesmo emprego há três anos e apesar de ter o suficiente, talvez vá ser bom inovar.

- Eu vou trocar de roupa e vou com você.

Nós estávamos em frente ao estúdio da Magical Corps Music, e Jake parecia ansioso por poder finalmente tocar. Apesar de não ser lá o tipo de música preferido dele, ele não estava ligando muito pra isso. Qual é? Ele é um garoto que estudou música e mesmo estando em NY não é fácil arrumar um bom emprego. Subimos de elevador, ele estava tagarelando sobre tipos de guitarras que poderia usar e a experiência que ele ia adquirir.

A porta abriu revelando um corredor enorme, ele sabia onde o não-namorado dele estaria. Entramos na sala e ela estava vazia.

- Laur, ele vai chegar logo, quer um café?

- Pode por pra mim, vou aproveitar pra avisar que não vou trabalhar hoje.

Tirei o celular do bolso e fui até a janela discar, a vista era maravilhosa. Dava pra ver o mar de prédios de NYC e me fazer imaginar o quão lindo deve ser olhar para lá mais tarde.

Depois de dizer que acordei com o corpo dolorido e ouvir reclamações que não caberiam em um livro de duzentas páginas eu finalmente pude desligar e voltar a sentar com o Jake na enorme mesa de reuniões enquanto bebericava meu café.

Never gonna leave this bedOnde histórias criam vida. Descubra agora