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c h a p t e r  s o l o

Lei de Murphy. É aquela lei famosinha, que todo mundo deve conhecer e que até mesmo parece um princípio científico, que diz que se algo pode dar errado, provavelmente dará.

Remus nunca acreditou muito nisso e sempre achou que era a maior baboseira do mundo; para ele não passava de pessimismo sem fundamento, memória seletiva, e até mesmo um tipo de desculpa poética para um dia ruim.

Porque deveria ser só isso e o Lupin acreditava piamente naquilo. Ele era um cara preparado e centrado, do tipo que planejava tudo que ia fazer com zelo e antecipação, o que o dava a chance de pensar em todas as possibilidades e o fazia sabia lidar com todo tipo de situação.

Porém, ali parado na entrada da sala do seu apartamento, com um olhar distante enquanto o peso da reflexão sobre o dia caía sobre os seus ombros, pouco a pouco, ele começou a rever seus próprios conceitos.

Com um suspiro pesado adentrou de vez o local iluminado, fechando a porta com o pé mesmo e logo largando o casaco pela mesinha que havia ali.

Deixou-se cair sentado de vez no sofá, deitando de qualquer jeito, assim que retirava os sapatos, com a ajuda dos próprios pés.

Se pudesse dormiria ali mesmo, e só acordaria quando tudo na sua vida estivesse certinho. Mas sabia que não funcionava daquela forma e se tentasse, acordaria com dor nas costas provavelmente, aprendera da pior forma.

Ainda assim era uma ideia que muito lhe tentava.

— Remus?

Ouviu a voz no mesmo instante que outro suspiro lhe escapara por entre os lábios, e prontanente sua atenção se voltou ao rapaz de pé do outro lado da sala, em frente ao corredor que levava aos quartos do apartamento simples que dividiam.

O moreno vestia uma roupa leve e os fios escuros ainda estavam um tanto úmidos, provavelmente havia acabado de sair do banho.

Quase que automaticamente o mais novo soltou um resmungo manhoso em resposta, ganhando um olhar atento do outro que logo se aproximou.

— O que houve?

— Eu sou um fracasso. – murmurou. Provavelmente estava sendo e soando muito dramático, sabia daquilo, mas sinceramente não se importava nem um pouquinho, porque era exatamente como se sentia.

Sirius somente negou diante do que ouviu, erguendo os pés do namorado assim que se aproximou, logo sentando no sofá fofinho, tornando a apoiar os pés sobre seu colo, o observando.

— Nós dois sabemos que isso está longe de ser verdade. – respondeu, num baixinho, enquanto tocava um dos pés em seu colo, apertando levemente, iniciando uma massagem cuidadosa. — Quer me contar o que aconteceu? Tem a ver com a entrevista?

O menor afirmou lentamente, suspirando baixo, tanto pelo assunto, quanto pelo toque que recebia, o qual o fez automaticamente relaxar e agradecer silenciosamente a Sirius por parecer sempre saber exatamente do que ele precisava.

— Tudo aconteceu, Six. – a voz escapou em um murmúrio frustrado, enquanto melhor se ajeitava, apoiando a cabeça no braço do sofá, assim podendo observar o namorado. — Hoje... tinha tudo pra ser O dia, você sabe. Mas parece que em algum momento tudo desandou. – fez uma careta, como se nem gostasse de lembrar daquilo, por um momento fechando os olhos.

— Ei, calma... – a voz baixa soou o mais mansa possível, como se tentasse confortá-lo de alguma forma. O que era interessante, porque Sirius Black poderia ser definido como muitas coisas, mas "manso" não seria uma delas. Mas era diferente quando se tratava de Remus, e anos de relacionamento ás vezes traziam a tona facetas das pessoas que nem elas próprias conheciam. Sirius dedicava aquela sua ao menor. — Foi tão ruim assim?

Remus somente afirmou, suspirando novamente, voltando a olha-lo.

— Acredite quando digo que tudo que poderia dar errado, deu. – torceu os lábios. — Eu... tive um pressentimento quando acordei, mas deixei de lado porque não acredito nessas coisas. Agora sinto que nem deveria ter levantado hoje... Me sinto um perdedor.

O menor parecia uma criança que havia acabado de descobrir que Papai Noel não existia. Desolado.

— Ok, vamos parar.

— Mas é o que eu sou, Sirius...

— Você é meu. – o moreno disse prontamente, muito sério, ao passo que parava a massagem, automaticamente recebendo o olhar surpreso do outro. — Não num sentido ruim, claro, mas se é pra falar do que você é... você é meu; e é gentil, dedicado, atencioso... É pessoa mais inteligente e empenhada que eu conheço, e um monte de outras coisas incríveis também que eu poderia passar horas citando. Você é incrível, Remus.

O moreno soltou o ar de forma lenta, suavizando a expressão.

— Escuta, às vezes coisas ruins acontecem, e você sabe disso. Não significa que seja um fracasso, porque não é. Eu sei que pode conseguir conquistar o que quiser... E se não te aceitarem, quem estará perdendo é eles... Entedeu?

Remus, que ouvia tudo aquilo quietinho, acabou afirmando lentamente com a cabeça, fungando.

— E-eu sei... E eu adoro que pense assim. Obrigado por pensar assim... – mordeu de leve o lábio, desviando o olhar. — Me desculpe por ser tão dramático e te encher com isso...

— Não é. E você não me enche com nada, gosto que fale comigo sobre tudo, sabe disso... Vem cá.

O moreno mais alto chamou com uma das mãos e o Lupin mal fez cerimônia para se aproximar, logo sendo puxado para o colo alheio, e envolvido pelos braços fortes do namorado, o qual prontamente correspondeu, aninhando-se ao passar  as pernas ao seu redor e escondendo o rosto no na curvatura do pescoço alheio.

Sentia-se sensível, mais que o normal, e bobo. Principalmente bobo. É claro que seu problema ainda o incomodava, só que ele parecia bem menor naquele momento. E parecia idiota pensar naquilo agora, não queria.

Então somente aproveitou do carinho, segurança e conforto que o outro lhe proporcionava.

I'm a loser ✧ WolfstarOnde histórias criam vida. Descubra agora