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                                                      ══⊹⊱∆⊰⊹══ 1 Mês depois ══⊹⊱∆⊰⊹══


Hoje é 22 de Março de 2020, um dia que tinha tudo para ser mais um dia normal, se não fosse os jornais, as revistas, a internet, todo o lugar falar de tal doença chamada Covid-19 que está se alastrando pelo mundo e já tem suas vítimas. No Brasil já possui casos dessa doença e aqui na Bahia já tem um número grande de casos confirmados e a maioria vem de bairros de elite como já era de se esperar.

E qual é a minha opinião sobre isso? Minha opinião é o tweet do Panic! At The Disco: 

"Panic! In Brazil".

Bem que a banda conseguiu definir o Brasil e o mundo inteiro em um só uma frase sem estar no contexto atual.

Eu estou em total pânico por dentro, pois eu sei que tudo que planejei nesse ano não vai acontecer. Tudo bem que até lá pode ser que as coisas mudem e tudo se resolva, mas mesmo assim eu sei vai estar tudo parado, aliás, o mundo já está parando porque o vírus está se espalhando rápido demais, já está começando a ter pessoas mortas.

Parece um filme medonho de distopia, mas é a realidade do mundo agora.

A prefeitura já adiantou o fechamento de escolas, já está impondo medidas restritivas que é simplesmente fechar o comércio dos bairros e não deixar ninguém sair dele, o ministério da saúde mandou todo o mundo ficar de quarentena por uns bons meses e sinceramente: eu espero que eu consiga me manter bem nessa quarentena porque vou sentir falta de muita coisa. Vou sentir falta da praia, vou sentir falta de ir à praça... Vou sentir falta de sair e respirar ar puro e não tanto das pessoas, pois tenho poucas pessoas ao meu lado e sempre estou sozinha.

Meu deus! Não sei como que vou saber lidar com essa realidade agora meu deus do céu!

3 meses depois...           

Estamos em Junho e nada da situação melhorar, as coisas estão cada vez piores. Número de casos aumentando, as mortes aumentando cada vez mais, os hospitais estão mais cheios... Parece que estou vivendo em uma distopia maluca! 

Desde final de março estou de quarentena e até agora está sendo simplesmente uma merda. Só vivo para fazer os afazeres da casa que são infinitas, parece que a casa nunca fica arrumada o suficiente, a depressão e a ansiedade só atacam e me sinto exausta e destruída diariamente.

Eu pensava que conseguiria me adaptar de boa, pois não saia muito de casa antes da pandemia, ficava presa no quarto como um ratinho em uma gaiola porque não achava interessante ir para lugares onde há muita gente. Aliás, eu só saia de casa para ir para a faculdade, pro mercado e para a farmácia. Tanto que só fui em UMA festa em 2019 que foi a da virada e olhe lá!

Eu pensava que quarentena era só não sair de casa, mas estava infelizmente enganada.

Agora estou ODIANDO ficar dentro de casa, não aguento mais lidar com os meus próprios pensamentos, não aguento mais ter que lidar com a minha própria ansiedade, com os meus gatilhos emocionais... Não estou aguentando mais ser eu! Nunca pensei que uma coisa que me dava tanto prezar pudesse me fazer tão mal! Agora só queria estar lá fora curtindo o ar puro, ver os urubus voando lá no céu com o sol quente batendo nas minhas costas.

Por causa dessa pandemia, a minha ansiedade passou a atacar demais e daí comecei a ter flashbacks da minha vida e também comecei a relembrar relacionamentos passados. Principalmente o meu primeiro amor que tive. Foi o meu primeiro amor que me trouxe experiência e muitos traumas também.

Sim, estou falando do meu relacionamento com Inaiê, se é que posso chamar de relacionamento porque olha... Foi uma mistura de sentimentos, de confusões e de muita paranoia e insegurança. Logo você vai entender o porquê.

Para começar que toda essa baixaria começou em 2007. Na época eu só tinha 16 anos, estava no ensino médio e não tinha nenhuma expectativa além de passar de ano. Naquela época os anos anteriores a 2007 estavam meio mornos: nem muito caos na minha vida e nem muita paz na minha vida, afinal eu nunca tive realmente paz na minha vida.

Eu nasci e cresci em Cajazeiras, especificamente a 4 que é um dos bairros mais sem graça do conjunto cajazeiras. Parece muito com uma cidade do interior, tanto que se colocar uma foto de uma cidade qualquer do interior da Bahia e do lado uma foto de Cajazeiras 4 nem vai saber quem é quem. 

Eu estudava na escola pública mais perto que tinha que era o Edivaldo Brandão e eu morava perto dessa escola, então eu ia andando, inclusive saudades de andar á pé para a escola, agora só pego dois ônibus para chegar na faculdade. Quer dizer, antes da pandemia né porque agora é só EAD. 

Até agora nada da UFBA se pronunciar se vai ter EAD, mas espero que não tenha, pois seria injusto ter considerando da quantidade de alunos que mal tem internet direito, quem dirás computador para assistir às aulas. Aliás, queria muito falar da faculdade que to cursando, depois eu falo desse relacionamento.

Ah é! Já falei antes e marquei de falar hoje com você sobre esse relacionamento, então vou prosseguir.

Nessa época estava no primeiro grau e com várias inseguranças afloradas. Eu tava passando por um momento de conflito interno, onde eu não sabia quem realmente eu era e estava tentando descobrir isso, principalmente sobre sexualidade. Estava questionando se eu era hétero ou se era algo a mais porque nunca conseguia namorar um garoto e me sentia lixo por isso, ficava me perguntando se eu tinha algo errado, pois as meninas da minha sala tinha namorados ou já namoraram alguma vez na vida, coisa que nunca vivi, aliás nunca sequer tinha beijado um, que dirás namorado algum!

Isso me frustrava muito e me deixava triste demais. Não aguentava mais as minhas tias perguntando dos namoradinhos, das minhas colegas falando dos relacionamentos delas... Até o Eric que era um merda de pessoa já tinha namorou e eu não!.

Queria falar desse Eric agora. Eric era um nerd, otaku da sala e era um otário. Era muito escroto, já tinha a fama de ser misógino com as mulheres e ele até mesmo foi um filho da puta com a Cris, a minha única amiga que tinha na época. 

Por isso e outros motivos que eu odiava ele, não gostava e até hoje não gosto de gente merda como ele. Queria distância dele ao máximo, então evitava sentar do lado dele, falar com ele, OLHAR na cara daquele sujeito. 

Mas teve um dia que foi diferente, que foi a exceção de tudo. Nesse dia tive o azar de sentar atrás dele e não tinha como mudar, já que ele tinha se atrasado para a aula, o que era rotineiro quando se tratava dele e quando ele sentou na minha frente, ele começou a falar comigo. Se fosse qualquer dia normal já teria ignorado ele, porém eu fiz uma coisa que depois eu me arrependeria pelo resto da minha vida.

Eu comecei a conversar com ele e foi daí que as coisas começaram a mudar drasticamente.


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⏰ Última atualização: Jun 20, 2021 ⏰

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