L'amour

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Escrito em 26 de Julho de 2020


Talvez a pouca idade que tenho, assimiladas a timidez e a inexperiência, me impossibilite de saber muita coisa sobre amor, Jeon. Mas sei que ele está no sangue que corre em suas veias, no ar que você respira e em todas as letras do seu nome. Acredito que amor seja sobre sentir e permitir-se viver de forma intensa, sobre enxergar o mundo com os olhos dóceis de uma criança e, em meio a tanta maldade, encontrar você, que se destaca pela pureza semelhante a de um anjo, pela inocência e bondade de alguém que é especial demais para ser verdade, bom demais para existir num universo tão perverso.

Te tenho como extraordinário, Jeon. Alguém que não se perde em reticências, mas que não termina em pontos finais. Alguém que possui o dom de me fazer gostar de coisas das quais nunca pensei que sentiria atração: astronomia e paixão por flores. Você é especial por ser você, e não há nada sobre seu modo de agir ou pensar que eu poderia mudar.

Talvez eu também não saiba dizer com exatidão o real significado da perfeição — tanto porque desconheço a sua real definição, quanto porque acredito que isso seja muito mais do que meras palavras explicativas dispostas em um site de pesquisas qualquer. Mas se tivesse tempo e coragem suficiente para discorrer minhas palavras apaixonadas, bobas, eufóricas e ansiosas, em uma folha de papel perfumado compradas em uma livraria de esquina, com um gracioso aroma de lavanda exalando de cada linha em particular e bordas decoradas por flores de pétalas coloridas, certamente não me privaria quanto ao desejo de expor todos os detalhes sobre você que me fazem te nomear a mais nobre definição de perfeição que já contemplei no mundo inteiro. Passaria horas em claro, sentada, com as costas curvadas em frente a escrivaninha, mas eu não usaria o computador para gravar o que escrevo sobre você. Pelo contrário. Deixaria aquele monitor desligado de lado e, com papel e lápis em mãos, me prepararia para revelar ali todas as coisas boas que meu coração anseia em deixar-se mostrar para você.

Começar um texto falando sobre alguém que gosto é mais difícil do que falar sobre mim mesma, ou tentar contar os bilhões de estrelas que existem no universo, e acho que se meu sentimento por você não fosse verdadeiramente puro e sincero, eu não estaria aqui, agora, nem um pouco preocupada com a possibilidade de minhas costas amanhecerem doloridas devido a péssima posição em que me encontro nesse momento.

Nada disso me importa. Nada disso me incomoda. Nada disso faz sentido porque no final eu só consigo pensar no quão feliz uma parte de mim se sente por estar finalmente fazendo questão de gravar em algumas folhas de papel em branco, diversas palavras aglomeradas que minha boca não consegue dizer pessoalmente. Palavras que falam sobre você, Jeon. Sobre tudo aquilo que é para mim. Começo. Meio. E fim.

Eu poderia dizer que amo a forma como você afasta os cabelos castanhos que insistem em cair ao redor do rosto apenas balançando a cabeça para a direita, e depois para a esquerda. Poderia dizer que amo a forma como seus olhos castanhos se fecham minimamente quando você sorri para mim — mesmo que eu não seja o motivo de seu sorriso tão singelo, tão transcendental, e tão bonito. Poderia falar sobre a pintinha marrom, pequena e preciosa, que decora seu lábio inferior, ou a quase imperceptível cicatriz em sua bochecha esquerda. Trataria isso como um sinal do quão humano e extraordinário você é, Jeon. E cada detalhe que o compõe seria como a perfeição que eu adoraria observar pelo resto da vida — se pudesse. Não me contentaria em dizer que amo seu sotaque de *Busan, a maneira intectual com a qual você consegue falar abertamente sobre qualquer coisa, a mania boba de crispar os lábios insistentemente antes de agraciar a audição de alguém com sua voz harmoniosa, herdada por anjos que não se contentaram em te moldar semelhante às próprias feições, ou a forma como cerra os punhos e esconde os dedos na palma das mãos sempre que algo o deixa nervoso.

L'amour • JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora