Depois que as folhas caem no verão,
Vem a primavera florescer
E, então, mais uma vez,
sinto no meu coração
Esse sentimento a desejar
Que comprime no meu peito o ar
Que tira de mim o entardecer
É quando me pego em pensamento
Quero me livrar desse sofrimento
Dessa angústia que não tem fim
Quero poder tirar minha máscara
Quero poder deixá-la cair
Assim como as gotas que salgam meu rosto
Assim como a brisa que beija minha pele
Num suspiro vazio que se pode ouvir
Um pedido de socorro silencioso
Cada dia que passa, só consigo sentir
O peso desse ódio que cresce em mim
As folhas secam em solidão
O céu cai em choro profundo
Ao longe se pode ouvir o barulho
Da minha tristeza em vão
Hoje eu não quero voltar para a casa,
Pois aquela prisão reprime meus sentimentos
Não posso me expressar
Não posso transbordar minha essência
Sou marionete de um mundo castrador
Não posso ser azul, pois eles me fazem cinza
Vivo em um abatedouro
Tiram de mim minha liberdade
Essa relação preto no branco
É o que me mostra a realidade
Cada segundo longe daqui
Crio uma nova personalidade
Vivo um teatro incessante
Fingindo ter a vida perfeita
Sou amante da vida
Poesia derramada em uma xícara de chá
Os meus olhos mostram constantemente
Minha alma singela que almeja sonhar,
Mas não pode .
A cada sonho uma dor diferente.
A cada desejo uma repreensão.
Hoje eu não quero voltar para a casa,
Pois aquilo não é meu lar
E eu percebo quando no silêncio agonizante
Durante a noite inquieta
Meus pensamentos me guiam pra fora de lá
Tudo o que eu queria era gritar
Pra ver se assim eles escutam minha lamúria
Quero me mudar pra Júpiter
Eu deixaria essa bagagem para trás
Livraria-me desse peso morto em mim
Talvez, assim, eu conseguisse paz
Quero me desembolar dessas cordas
Libertar-me de vez, enfim
Essa noite apagarei - me da história
Vou fechar meus olhos para sempre .
Minha última lágrima
Minha última memória
Meu último riso falso
Hoje eu não quero voltar para a casa.
2019
Setembro
