A PATRICINHA

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...Beatriz, Emilly e Bianca, assim se chamavam o trio parada dura, as três eram bonitas não posso negar, mas já chegaram de nariz em pé, se sentindo a última bolacha do pacote, a última Coca-Cola do deserto, a última mulher na boate...enfim, vocês já entenderam.

Ela me olhou de cima a baixo, e eu, tentando ser simpática, disse:

-Oi!

-Quem é você? - disse ela com cara de quem comeu e não gostou.

-Aluna nova - disse, já achando ela nada simpática - Prazer, meu nome é Laura - disse indo em direção a ela para cumprimentá-la.

Ela me deu as costas e foi para a sala, Emilly foi atrás, mas Bianca me cumprimentou, pelo menos ela, mas logo depois fez como a Emilly, e foi atrás da Beatriz, que pelo jeito mandava em tudo.

Ao entrar na sala reparei em um gato, e além de gato, era fofo e engraçado, mas nem liguei muito, e com essas características aqui em São Paulo, provavelmente era gay, porque está dificil achar um garoto bacana hoje em dia. Mas não, ele não era gay.

Depois de pouco tempo acabei descobrindo que a Beatriz gostava dele, mais um motivo pra mim não ligar muito pra ele, não queria arranjar problema pra minha cabeça, mas ele gostava de mim.

Até que a 4a série não foi tão ruim com a Beatriz me perturbando, mas aquilo não era nem o começo. Na 5a série não estava na mesma sala da turma da 4a série, só eu não estava, no começo fiquei com muita raiva, mas tive que aceitar.

Fiz algumas colegas na minha nova turma. No intervalo a Beatriz ficava me encarando, mas fingia que nem era comigo, passado algum tempo ela parou de ficar me olhando, mas, começou a falar do meu cabelo, tipo: "Olha se não é a coloral" "Olha, o feriado está chegando" e muitas outras coisas chatas, e aí você me pergunta: Por que ela falava "O feriado está chegando" ? E eu te repondo: Bom, ela falava isso quando eu estava chegando perto dela, porque o feriado no calendário é marcado de vermelho, e eu era ruiva, então...

Algumas coisas que ela falava, eu devolvia, por exemplo, mandando ela ir caçar o que fazer, ou mandando ela ir cagar, não sei porque, mas eu mandava, nunca fui muito boa em criticar os outros.

Na 5a série virei muito amiga da Gabriela Marques, que tinha acabado de chegar da Bahia, e estudou na mesma sala que eu. Nesse mesmo ano tive um namoradinho, o Victor, mas não durou muito e nosso término não foi muito amigável pra nenhum dos dois, porque nós tivemos um desentendimento e ele chingou eu e minhas amigas, e aí eu passei a chamá-lo de verme, sim, verme.

Depois disso comecei a namorar com o Guilherme, e esse foi o único que eu dei um selinho, sim, só foi um selinho, nada mais que isso. Mas também não durou muito. Bom, esse foi meu ano na 5a série, nada animado.

Na 6a série algumas das minhas amigas da 5a série tinham se mudado, menos a Gabi, então ficaria só eu e ela, mas não, a Gabriela Oliveira, que tinha estudado comigo na 4a série, estava na mesma sala que eu, e isso era bom.

Continuei com as mesmas amigas, com a mesma inimiga também, e com a mesma paquera desde a 4a série. Eu e o Jefferson acabamos virando amigos, nada bom para a narizinho em pé. Percebi que o Jefferson havia se afastado de mim, então quando eu estava voltando para casa, perguntei a ele:

-Por que você se afastou de mim?

-Porque você só brinca com os sentimentos das pessoas não é? - disse ele, com cara de bravo -  prefiro não ficar mais perto de você para não correr o risco de me apaixonar.

-Mas quem te falou essa mentira? Que eu só brinco com os sentimentos das pessoas, Jeh? - disse, quase chorando.

-A Beatriz, ela sim é minha amiga de verdade - ele disse, me olhando de cima a baixo com cara de nojo, e me deixando no meio da rua sozinha.

Naquele dia a única coisa que eu queria fazer era fuzilar a patricinha, mas teria que esperar o dia seguinte. Cheguei em casa e comecei a chorar, e acho que é nesse momento que você percebe que realmente gosta de uma pessoa.

No dia seguinte, ainda queria matar a patricinha. Eu coloquei uma calça jeans rasgada, um cropped branco de renda, e uma bota de cano curto de salto, ah e passei um batom vermelho marcante.

Cheguei na escola arrasando como nunca, todos olhando para mim e eu só esperando a narizinho em pé chegar. Quando ela entrou pelo portão da escola, eu e minhas duas Gabrielas, as minhas amigas, fomos tirar satisfação.

Amores de LauraOnde histórias criam vida. Descubra agora