•SAMBA DO DIABO
O rubro mais perverso
Passeava pelo Carmo
Um demônio na avenida
Era fã de Noel Rosa
Um larápio hedonista
Boêmia todo diaNo Santo Antônio do Carmo
Saído do inferno reinado
Passeava pelas noites
Um diabo caricatoVelho bode esquartejado
Começando um ritual
Era sua alegria
Mas é gente como a gente
Um cara sem mentira
Tem sua própria poesiaSambasatã! Sambasatã! Sambasatã!
No Santo Antônio do Carmo
Saído do inferno reinado
Passeava pelas noites
Um diabo caricatoMuitos anos se passaram
E o coitado do diabo
É só o grito de alarmistas
No coro dos imundos
É agora o quê se dita
As vozes da aristocraciaNo Santo Antônio do Carmo
Saído do inferno reinado
Passeava pelas noites
Um diabo caricatoDeturpado e entristecido
Só restava o velho inferno
Sua salvação exercida
Pois nem o diabo é tão ruim
Se comparado a essa gente
Que dissemina hipocrisiaNo Santo Antônio do Carmo
Saído do inferno reinado
Passeava pelas noites
Um diabo caricatoSambasatã! Sambasatã! Sambasatã!
•VILA LAURA
Resquícios rurais na flor que me desatina
Se encontra longe longe do mar
Pra maré não me levar
Esse anil que resplandece perante minha presença
Arde a flama da criança que é minha sentençaPelas alamedas de Vila laura, senhora mãe cristã gentil.
Pelas alamedas de Vila laura, senhora má amor sutilO sol se põe na Barra mas nasce em Vila Laura
Pássaro nostálgico rasga céus em seu embalo
Pela fresta da janela sobrepõem as luzes amarelas
Luzernas de amarelo acordam sob ordens de Laura Catarina
Se bem que as áreas cinzas sempre foram esquecidasPelas alamedas de Vila laura, senhora mãe cristã gentil
Pelas alamedas de Vila laura, senhora má amor sutilBlue, yellow and grey são os tons que mais oscilam
Primavera púrpura banha aglomerados hedônicos
In green village seu atômico avanço econômico
Beyond the darkness oculta nas rosas meninas
Rosas pequeninas que banham em sangue o asfalto cinzaPelas alamedas de Vila laura, senhora mãe cristã gentil
Pelas alamedas de Vila laura, senhora má amor sutil.•ESTÔMAGO FRACO (samba)
sou diplomado
graduado
oficializado
na aeronáutica
de charlatão
desde menino
aviãozinho
a vigário
batendo carteira
na ostentaçãogero emprego
pra polícia
pro repórter
pro delegado
e pro escrivão
tudo através de mim
no honrado ofício
de estar empregado
como um ladrãomas te digo malandro
pra mexer com dendê
não tenho coragem não
não mexe com dendê não
não mexe com dendê não
não mexe com dendê nãoao alho e óleo
olha pivete
que eu já gosto
de um apimentado
de um camarão
mas carregado
só quero deixar
o meu trinta e oito
tinindo no calibre
que sou cinquentãode estômago fraco
não quero ficar
nem um pouco
empanzinado
de azeite não
como cortejar
as morena
e as muleta
e fazer os corre
com a barriga pesada
de indigestão?e te digo malandro
pra mexer com dendê
não tenho coragem não
não mexe com dendê não
não mexe com dendê não
não mexe com dendê não.