Capítulo 01

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  Ando pelos corredores, sentindo meu corpo ficar cada vez mais fora de controle. Enxergo tudo turvo por conta das lágrimas; minha garganta queima e sinto minhas mãos começarem a tremer. Aumento cada vez mais a velocidade dos meus passos e desvio de várias pessoas pelo caminho. Sinto pontadas na cabeça e acabo esbarrando em alguém, derrubando seu celular.

-Desculpe! - peço e me abaixo para pegar o celular, mas assim que noto as roupas que a pessoa está usando, travo completamente. Depois de alguns segundos, volto a mim novamente e entrego o celular sem olhar para cima. Saio o quanto antes e "corro" em direção ao meu camarim, onde encontro várias pessoas da minha equipe. Algumas estão mexendo com equipamentos, outras apenas conversando. -QUERO TODOS FORA DAQUI! - grito, e todos me olham surpresos, alguns preocupados com o meu estado. -AGORA, CARALHO! - Todos se assustam e fazem o que eu mandei. Vejo que três pessoas ainda continuam ali, faço um sinal para Julian, que logo entende o que aconteceu e sai puxando Jen, sua namorada (e minha empresária), com ele. Vasculho tudo por aqui à procura do meu celular e, assim que encontro, vou direto na minha lista de contatos e ligo para Lauren. Depois de cinco ligações e algumas mensagens, eu desisto de tentar, me sento no sofá tentando me acalmar e acabo vendo uma garrafa de vodka pela metade em cima da mesa. Tento lutar o máximo que consigo para não ceder, mas, quando percebo, já estou abrindo. Sinto minha garganta queimar, mas, dessa vez, meu corpo vê isso como um alívio ao sentir a bebida presente depois de tanto tempo. Vou em direção ao sofá e me deito, cobrindo o rosto com um dos meus braços livres. Continuo bebendo o líquido que agora já não queima mais. Sinto a manga da minha blusa molhar por conta das lágrimas. Depois de um tempo, sinto minha respiração normalizar e logo minhas lágrimas cessam. Escuto passos rápidos e a porta sendo aberta com certa brutalidade.

— Não sei quem é ou o que quer, mas, a menos que queira ser demitido, eu te aconselho a dar o fora! — digo, seca e deixando transparecer que não estou para brincadeira.

-Lexi... - Respiro fundo ao ouvir essa voz, tentando me manter neutra e indiferente.

- Saia daqui, O'Connel! - Falo, não fazendo questão alguma de prolongar ainda mais a situação.

- Lexi, por favor, vamos conversar. Você sumiu por um ano, nem sequer pisa nessa cidade. Mereço que me escute pelo menos uma vez... - Sorrio sem humor e sinto o clima pesar ainda mais.

- O'Connel, a menos que esteja surda, acho que me escutou muito bem quando te mandei sair daqui. Não será nada elegante todos te verem sair carregada daqui feito uma louca, certo? - Uso o tom mais irônico possível, dou outro gole, acabando completamente com o resto da bebida, e me levanto pela primeira vez, olhando-a. Quebro o contato rapidamente e vou em direção ao lixo, jogando a garrafa enquanto vou à geladeira à procura de outra.

- Lexi, eu te dei espaço por um ano. Achei que, depois de tudo o que aconteceu, era disso que precisava... Mas olha pra você, tá acabando com a tua vida como se não significasse nada. Você tá jogando sua carreira que lutou tanto para conquistar no lixo, e eu não aguento mais te ver assim... - Billie diz com uma voz trêmula, mas tento ignorá-la e pego uma nova garrafa, abrindo-a e levando-a automaticamente à boca, sentindo o líquido gelado descer pela minha garganta, me causando alívio imediato.

- Eilish, não me faça chamar os seguranças. Eu realmente não gostaria de fazer isso com você, então faça esse favor para nós duas e saia logo daqui, hum?- Digo, calma, a encarando. Coloco uma mão no bolso e sinto um plástico com algo dentro. Assim que o pego, vejo alguns comprimidos, o que faz meu coração pulsar forte ao senti-los tão perto. Pego três pílulas e as engulo com a ajuda da bebida, e vejo Billie começar a chorar, olhando para mim.

- Que porra tá fazendo, Alexia? Você... Meu Deus!!!- Diz, vindo em minha direção, tentando me tocar, e eu me afasto com certa brutalidade. Logo vejo um ruivo muito conhecido por mim entrar com uma cara completamente desesperada, assim que seus olhos param em mim.Vejo um certo alívio, mas logo some ao encarar a irmã.

come back to me...Onde histórias criam vida. Descubra agora