Nova York era um lugar onde as cores reluziam. Naquela sexta feira em especial, tudo na cidade dos sonhadores florescia.
Park Jimin, em completo silêncio, parado perante a janela enorme do dormitório no sexto andar — nada muito alto comparado aos mutantes de cimento que estavam em volta — observava os sons de sirenes e buzinas que ecoavam no labirinto de paredes arranha-céus. Olhando daquela maneira, parecia até um pouco claustrofóbico. Já de banho tomado, vestido com as roupas de ballet masculinas, ele secava o cabelo ruivo, ainda úmido pela água. Todos que compartilhavam o mesmo quarto que ele haviam acordado e saído para tomar café, somente ele estava no cômodo. O garoto se virou, pegando o celular que estava jogado na cama, mais exatamente a parte de baixo da beliche em que dormia. Com os cabelos semi-secos, Park jogou a toalha na cama. Pelo menos ele tinha algum tempinho. Pegando o celular e abrindo o Spotify, o mesmo acabou dando o play na música Forever, Labrinth. O garoto alongou os braços torneados pela quantidade de exercícios pesados que fazia todos os dias, nada muito musculoso, mas escultural, e depois o pescoço, se virando novamente para a janela que ia do teto até o chão.
Aos olhos dele, era fácil reparar pessoas minúsculas se agitando a caminho de seus trabalhos e as centenas de retângulos amarelos que circulavam nas ruas em trajetos muitas vezes arriscados. Todas lutando pelos próprios objetivos, em busca das ansiáveis quimeras. O coração da grande maçã havia começado a bater, e lá em baixo, mergulhado a corrente da multidão, um artista de rua dançava em um pequena rodinha de pessoas, do outro lado, uma criança pedia dinheiro na porta do Starbucks, mais um pouquinho a frente, um pastor pregava sobre os perigos do Diabo, com uma placa que dizia ''o fim do mundo está próximo'', dentre berros fanáticos. Era um típico dia Nova Iorquino, na opinião do ruivo. Frio, adorável. Só era contraditório e ruim pois para dançarinos, afetava os músculos antes das aulas. Qualquer atleta concordaria. Frio e músculos que precisam se aquecer, definitivamente, não combinavam. Jimin suspirou. Havia tanto para fazer e o dia mal havia começado. Eram apenas seis e meia da manhã. Ele tinha acordado mais cedo para ver o nascer sol, o que com certeza faria mais vezes. Por mais tóxico que fosse, a cidade grande ainda tinha a sua beleza, principalmente, banhada pela luz dourada ao germinar da estrela favorita do garoto.
— Park, por que está parado como um fantasma? Vamos nos atrasar! — era Alexa, uma das novas colegas de quarto.
Diferente do acobreado, Alexa era um tanto mais extrovertida, as roupas mais descoladas, não seguindo o padrão estético que a sociedade impunha em mulheres; delicadeza, feminilidade, etc. Ela não era assim, tinha o próprio brilho, muito original. Magra e com porte de uma modelo de passarela, altura de uma, a jovem não dava a mínima para padrões, mesmo que se quisesse, poderia se encaixar muito bem neles. O que pouco importava para a própria.
— Foi mal. Estava apenas admirando a vista.
Aquele era o sexto dia dele nos Estados Unidos e ainda não estava acostumado a pontualidade exagerada dos norte-americanos.
Jimin era um dos alunos intercambistas na Broadway, estudante de dança, assim como Alexa. Ele havia conseguido um desconto de cem por cento após um longo processo seletivo em sua terra natal, Coréia do Sul. Aos dezenove anos de idade, o garoto havia conquistado o título de melhor bailarino clássico da Ásia. Quando completou seis de idade, começava os estudos da dança. Com doze, estava entre os melhores no ballet Bolshoi. Não era qualquer pessoa que conquistava aquilo, todos sabiam. Park respirava dança, respirava arte. Fazia parte da vida dele, o consumia. O jovem carregava títulos nacionais, internacionais e uma técnica tão perfeita, que nem mesmo os professores conseguiam explicar.
Ele era um prodígio da dança, uma estrela em ascensão. Havia deixado tudo para trás para estudar jazz nos estados unidos. Agora morava em um quarto compartilhado com mais duas garotas que também eram estudantes de arte. Jimin não era do tipo falante, mas também não era seco. Diante disso, mesmo sendo anti-social e focado nos estudos, ele não pode evitar acabar amigando com as duas. Elas eram diferentes, mais soltas. Os norte americanos não tinham tanto corte na liberdade de ser quem eram como os coreanos. Jimin até gostava daquilo. Esperava que não acabasse. Alexa resmungou:
VOCÊ ESTÁ LENDO
Na mira do perigo ✘ jikook
FanfictionEle tinha aquele cabelo longo jogado para trás, um olhar de James Dean, com uma camiseta branca que revelava todas as tatuagens. Ele era Jeon Jungkook, o gângster mais perigoso de Nova York, e eu, Park Jimin, apenas um calouro da faculdade de dança...