Já era a terceira vez que Wendy sonhava com aquele lugar nessa semana, e isso estava deixando a jovem coreana frustrada, além do mais, nas últimas três noites — noites essas que sucederam o dia em que as monitoras espalharam pelo acampamento o falso conto de terror — a jovem Son vinha sonhando com uma misteriosa e escura floresta.
Oh, em seus sonhos, Seungwan nunca havia explorado tal floresta, preferindo manter-se no topo de uma colina, a observar o belo Sol reger o mundo fictício ainda desconhecido por si, enquanto brincava de "bem me quer, mal me quer", com uma bela rosa negra que florescia em meio a grama esverdeada.
E na quarta noite, não seria diferente — pelo menos, era o que a coreana achava e planejava. E, por isso, a jovem mulher encontrou-se novamente naquela mata escura e úmida.
Como de costume, Wendy caminhou em direção a cachoeira, e ao chegar na mesma, atravessou-a através de algumas pedras que atravessavam a água gelada. Depois, subiu numa alta colina que havia ali, logo sentando sobre a grama esverdeada que a cobria, enquanto observava toda a floresta, e brincava de arrancar as pétalas de sua fiel companheira: a rosa negra que ali florescia. Seungwan já havia se acostumado, pois passou a fazer esse mesmo processo toda vez que sonhava com tal lugar, porém, seu olhar alcançou algo incomum, diferente e surpreendente. Alcançou algo novo.
Seus olhos se tornaram um belo caramelo sob a ação da luz solar, e então, a jovem pôs-se a arriscar-se, adentrando a floresta que ainda era desconhecida por si.
As árvores altas transformavam a luz e a quentura do Sol em algo quase escasso. Algumas gotículas de suor se encontravam na pele esbranquiçada da Son, e suas madeixas claras balançavam conforme o vento batia contra elas.
Após longos minutos caminhando — ou melhor, correndo —, Wendy alcançou o que havia lhe deixado curiosa: uma cabana. Ela era feita de madeira, porém, a mesma parecia estar apodrecendo, e uma fina camada de musgo cobria a parte superior da pequena moradia. Alguns pingos de algo que parecia ser tinta azul royal pintavam alguns lugares repletos de uma grama alta, em frente à cabana.
Com cuidado, a garota aproximou-se da cabana, porém, acabara por sujar um de seus tênis brancos com a suposta tinta azul, que parecia ter formado uma mini poça. Com raiva, a jovem bateu o outro tênis — este que ainda estava limpo — contra o chão, e logo sentiu respingos da suposta tinta tocar seu rosto. Son fechou os punhos, e respirou fundo, com a intenção de não gritar ali mesmo, resolvendo tentar aliviar sua raiva com simples palavras:
— Puta. Que. Pariu. Por que essas coisas só acontecem comigo?
Com seus tênis sujos, assim como pequenos pontos de seu rosto, a coreana voltou a caminhar em direção à cabana, que se encontrava a poucos passos de si.
E ali estava Seungwan, em frente à cabana, receando para girar a maçaneta dourada — que parecia ser de bronze —, e que aparentava ser a única coisa intacta naquela casa que, provavelmente, havia sido abandonada.
— Parece aquelas cenas sinistras de filmes de terror. — disse Seungwan para si mesma, logo rindo com o próprio comentário.
Com determinação, Wendy respirou fundo e girou a maçaneta, logo abrindo a porta e adentrando a casa, sem sequer observar o que havia dentro. Ao se dar conta do que havia acontecido, percebeu que se encontrava no centro de algo que parecia ser uma sala de estar.
O sofá do local era feito de ébano, e coberto por um tecido aparentemente confortável. Sobre a mesa de centro, encontrava-se um coelho de pelúcia: ele era tão branco quanto a neve, e algumas manchas cinzas — aparentemente de poeira — o cobriam, assim como as nuvens cinzentas cobrem o céu em um dia nublado. Um lampião aceso e avermelhado estava sobre uma mesa redonda que havia ali perto — e a mesma era rodeada por um total de seis cadeiras, feitas de uma madeira não tão escura.
Movida por uma mistura de receio e curiosidade, Son passou pela sala, logo encontrando um pequeno corredor, onde haviam cinco portas, duas na direita, duas na esquerda, e uma no final do corredor, que parecia ser revestida de um ouro puro, belo e reluzente. Porém, uma única porta, possuía uma pequena placa de identificação coladas sobre si.
Seungwan caminhou até a porta extravagante que estava no final do corredor, e então, retirou do bolso um lencinho de papel, que fora usado para retirar o excesso que poeira presente sobre a plaquinha.
— Mais um item para a minha lista de coisas estranhas: sempre tenha consigo um lenço de papel, principalmente se você estiver sonhando com florestas ou cabanas abandonadas. — sussurrou para si, logo soprando a plaquinha de identificação, porém, não conseguira ler o que estava escrito. Após longos e entediantes dois minutos espirrando por causa da poeira, Wendy abriu a porta de ouro, e adentrou o que parecia ser um pequeno quarto infantil.
— Caralho, quem dormia aqui? Uma criança ou o filho de Deus? Essa porra é maior que a minha sala de estar! — exclamou Son, que assustou-se ao encontrar uma criança sentada na cama, enquanto penteava o cabelo de uma boneca.
— Okay, eu não estou enlouquecendo. Tá tudo bem, Seungwan. Você só está sonhando com uma desconhecida, nada demais. — disse Son, enquanto andava em círculo pelo grande quarto.
— Você acredita em anjos? — indagou a jovem desconhecida.
— O quê? Como assim?
— Anjos. Você acredita neles?
— Ah, acho que sim. É legal acreditar que há alguém assim, diferente dos seres humanos por aí. — respondeu Wendy, que sorriu ao responder, tentando manter a calma. — Como você se chama?
— Meu nome é Sulli.
— Oh, belo nome, sabe o que ele significa?
— Sul significa neve, e Li significa flor de pêra, então provavelmente vou renascer como uma flor pequena, mais cheia de força e vitalidade. — respondeu, com simplicidade. A ingenuidade na voz de Sulli era bela, tão bela quanto suas madeixas rosa pêssego. Son sorriu, sem saber muito bem o motivo de seu sorriso, mas, de alguma forma, a fala da jovem a fez bem.
— Eu me chamo... — pausou, ao ser interrompida por Sulli.
— Seungwan, Son Seungwan.
— Como sabes o meu nome?
— Oh, Wendy... Anjos têm uma boa memória.
E então, Seungwan despertou de se sonho.
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O Demônio Está À Espreita
HorrorUm grupo de quatro amigas trabalham em um acampamento, e nas férias de verão, diversas crianças se reuniam naquele lugar para passarem um tempo perto da natureza, se divertirem, e darem um descanso aos pais. Mas cuidar de 220 crianças não é nada fác...