Capítulo Final

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- Uraraka, já tem alguns dias que você não almoça aqui. - o Todoroki aponta como se estivesse comentando que hoje é um dia ensolarado.

- Pois é, hahaha, eu... eu tava sentando com a Mina-chan, mas... acho que a Tsu-chan já deve estar cansada de ir comigo e ver a bagunça que os meninos fazem naquela mesa. - ela explica, sem-graça.

- O Kaminari-chan carrega uma caixa de palitos de dente, mas nunca o vi palitando os dentes, ribbit. Vamos dizer que esse é o fato menos estranho que vi acontecendo naquela mesa, ribbit.

Ochako contou à Tsu o que houve com o Deku, a amiga não questionou absolutamente nada, apenas disse que se ela não estava se sentindo confortável em ficar perto dele, então a acompanharia para aonde quer que a manipuladora de gravidade fosse, a lealdade da Tsu a tocou e também colocou algumas coisas em perspectiva: por mais magoada que estivesse, Ochako ainda não havia pensado em se afastar do Deku. Na hora em que aconteceu o beijo, de fato, ela não queria olhar pra ele, tamanha sua raiva e... vergonha de tudo. O Hiro pareceu chocado e até enojado ao ouvir a história, chegou a se oferecer para conversar com o Deku - o tom do amigo indicava que não seria uma conversa lá muito civilizada - então ela achou por bem se afastar do Deku por um tempo, a Tsu se oferecer pra não deixá-la sozinha foi a confirmação de que Ochako precisava para saber que estava fazendo a coisa certa.

Mas então... por que se distanciar doeu tanto? Ignorá-lo, tratá-lo com frieza e não lhe dirigir mais que um "bom dia" polido só pro Iida não estranhar muito, chega a incomodar fisicamente. Ela o via na mesa do café da manhã e seu estômago doía só de imaginar que seria mais um dia em que aquele beijo passaria em replay em sua mente e Ochako não saberia como se sentir, que se repreenderia por ter gostado e se ressentiria por ele nem ter se esforçado pra explicar nada, apenas disse "não sei" e ficou por isso mesmo, por três semanas ficou por isso mesmo. Três semanas.

E então algo insano aconteceu: batidas suaves em sua porta tarde da noite e uma voz muito familiar "Uraraka-san, sou eu..." ele nem precisava ter se identificado, não tinha como ela não saber quem era. Ochako entrou em pânico, o que ele estava fazendo ali àquela hora? O que ele estava pensando?

A resposta a essa pergunta veio um segundo depois, quando o Deku despejou uma série de desejos na porta dela:

"Eu só queria me desculpar..."

"Eu só queria ter te valorizado antes..."

"Eu só queria te dizer pra tomar cuidado."

"Eu só quero que você seja feliz, Uraraka-san."

Tão intenso, tão puro e genuíno, Ochako conseguiu sentir cada uma daquelas palavras, principalmente quando ele disse que entenderia se ela achasse que não há mais lugar pra ele na vida dela, e mais uma vez ela ficou chocada, chegou até a abrir a porta para ver se ele ainda estava lá para poder questioná-lo, mas ele já tinha ido. Será que é isso mesmo? Eles estão num ponto em que não podem mais ser amigos? O Hiro acha que sim, ele disse isso diversas vezes ao longo dessas semanas, que Ochako deveria tomar cuidado, que "esse rapaz" só queria se aproveitar dela e que ele estaria ali pra ela o quanto e quando ela precisasse. Foi gentil e a deixou contente saber que podia contar com alguém, mas às vezes a deixou se sentindo mal, pois há algo na fisionomia do Hiro que a lembra tanto do Deku, ela discordou profusamente quando a Mina apontou a tal semelhança, mas agora é tudo que Ochako consegue ver, e isso é tão injusto com eles todos, mas principalmente, deixa-lhe ainda mais confusa sobre o que fazer. Ela sente que não deveria, mas não quer se afastar do Deku, é a última coisa que ela quer.

Por isso resolveu sentar-se em seu lugar de sempre no refeitório: ao lado do Iida, de frente para a Tsu, o Deku está do outro lado do Iida, mal dá para vê-lo, mas ela não sabe se isso é bom ou ruim.

Na ponta dos dedosOnde histórias criam vida. Descubra agora