A melhor maneira de comecar o ano

558 30 3
                                    

Aquele lugar era sufocante! Tantas pessoas, os seus corpos a dançarem e a roçarem-se já sem noção do que faziam.

Menos nós, era perto das duas da manhã e eu apenas havia bebido um copo de champanhe, mas eu bem me lembro do que aconteceu antes... E depois.

~

Todos nós gritávamos em contagem decrescente animados por ir ver o fogo de artifício, bem pelo menos ela. Eu não, ao contrário da minha melhor amiga que até pequenos saltinhos dava eu observava-a descaradamente, mas ela não parecia notar  ou então fingia que não.

O seu corpo estava vestido por umas calças de ganga justas, ténis, uma camisa azul escura aberta e por baixo um top justo branco.

O seu longo cabelo cor de caramelo estava amarrado num simples rabo-de-cavalo e a sua cabeça estava coberta de ganchos negros tentando aperfeiçoar o seu penteado.

Os seus olhos castanhos estavam iluminados pela sua alegria ao ver os foguetes explodirem e rasgarem o céu escuro da noite com cores alegres e divertidas.

O seu sorriso era contagiante mas talvez apenas porque estava completamente apaixonado por ela e isso era visível pelo meu olhar e sorriso rasgado nos meus lábios.

Virou-se totalmente eufórica e atirou-se, literalmente, para os meus braços onde rapidamente a acolhi.

"Feliz ano novo falso loiro!" Ela exclamou ao meu ouvido devido a todo aquele barulho e eu naquele momento não pude evitar senão gargalhar devido à alcunha que me atribuíra.

"Feliz ano novo, chocolate!" Digo improvisando uma alcunha apenas para ripostar, ela fez uma cara de desgosto ao ouvir a alcunha e logo sorriu-me.

Decidimos despedirmos-nos dos nossos familiares enquanto lhes desejávamos uma feliz ano novo e eu levei o copo de plástico aos meus lábios acabando com o champanhe que lá estava enquanto Kayla bebia o resto do seu sumo de maçã. Foi assim que fomos parar à tal festa sufocante no pub. Ela agarrou a minha mão e puxou-me por entre os corpos suados e meio alucinados até uma zona onde havia algum espaço. Agarrando na minha outra mão 'obrigou-me' a dançar como ela e nem de perto era uma dança sensual. Na verdade nós só já conseguíamos agarrarmos-nos às nossas barrigas de tanto rir graças às nossas figuras a dançar, se assim pudermos chamar a isso, dançar.

Cansados daquele ambiente e um pouco esgotados por também toda aquela palermice saímos do pub abraçados de lado e caminhamos até à praia onde já havia poucas pessoas. A meias pagamos um mini balão de ar quente feito de papel, ou assim parecia, aquilo lembrava-me aquelas coisas de homenagem no filme da Disney.

Quando o conseguimos encher e deixamos-lo voar pelo céu nocturno já eram cerca das quatro da manhã e ao vê-la encostar a sua cabeça no meu ombro com um sorriso naqueles seus lábios algo me dizia que não existia mais destinado do que aquele, por isso coloquei as minhas mãos no seu rosto fazendo-a encarar os meus olhos, ali estávamos nós, iluminados pela lua, as estrelas testemunhando aquele momento e tendo como orquestra o som das pequenas ondas embaterem no areal. Não me conseguia segurar mais por isso colei os meus lábios aos seus. Ao aperceber-me que ela estava provavelmente em choque e não retribuía ia desistir, mas então eis que algo inesperado acontece.

Uma das suas mãos acaricia o meu rosto enquanto a outra foi para a minha nuca puxando-me para ela e prolongando o momento.

"O que significa isto?" Perguntei nervoso e hesitante, não são normalmente as raparigas a ter estas reacções? Então eis que ela esclarece as ideias que já estavam esclarecidas à muito para mim.

"Que não podes olhar para outras. Nem pensar nelas em sentidos perversos. Porque és só meu." Finalizou com o seu belo sorriso, eu ri naquele momento, acho que este era um belo inicio de uma relação e o ano realmente não podia ter começado da melhor maneira.

Palavras no teu mundo {n.h.}Onde histórias criam vida. Descubra agora