Amor em Fevereiro

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14 de Fevereiro de 2023 o dia ainda mais nervoso que o Natal passado e mais feliz.
O meu corpo estava coberto por um terno e por baixo a camisa branca. Mas como não encontrava o laço que era em todas as gerações na minha família tive que usar a gravata da família, não me levem a mal mas é estranho usá-la no meu próprio casamento. A gravata é de um tom azul claro, que por acaso combina com a minha roupa interior, mas isso é outra história. O único problema é que tem riscas laranjas e vários estampados de trevos. Nem os irlandeses fazem isto.
Bufo e passo a mão pelo cabelo que já tinham estado a arranjar.
"Niall!" Elisa a cabelareira que já tinha estado a arrumar o cabelo de Kayla tinha acabado de arranjar o meu, mas estou demasiado nervoso para não passar as mãos pelo cabelo, suspiro frustado enquanto ela volta a arranjar os meus cabelos loiros recentemente pintados.
Mal podia esperar para ver Kayla dentro do vestido que fez questão de não me mostrar. As minhas mãos suavam e eu não conseguia estar quieto. Isto de termos dormido em casas diferentes também não ajudou nada.
Mas e se ela não aparecer? E se alguém interromper a cerimónia que eu fiz questão de termos e a levar de mim?
"Niall anda, estão à tua espera." O meu pai chama e logo vou então para o carro, ao chegar lá cumprimento as pessoas acelerado demais e apenas páro ao ver o meu sobrinho que seria o menino das alianças com um fatinho.
"Mano?" Ouço a voz de Greg e viro-me com o pirralho no meu colo que põe-se a cheirar a rosa branca que está no bolso do meu blazer.
"Porque não trouxeste o laço?" Ele diz contendo-se para não rir.
"Não gozes, eu não o encontrei e a gravata era a única coisa." Bufo tão irriquieto que até já pulinhos no meu lugar.
"Falta 15 minutos, todos lá para dentro!" O meu pai avisa e eu vou abanando as mãos numa tentativa para as secar. Coloquei-me em posição e esperei ver a mancha branca que seria o vestido dela, o meu sobrinho e o seu pai que não falava com ela à mais de quatro anos.
Não sei como o fez, mas sinceramente eu sei que ela mais tarde vai me contar tudo.
Abano as minhas pernas nervoso e acho que já comecei a irritar a porra do padre que não pára de me pedir para ficar calmo. Mas já passaram cinco minutos desde que os quinze acabaram e não posso evitar.

Em casa onde Kayla dormia, andava tudo apressado e nervoso, todos menos a noiva que dormia agarrada à almofada em que normalmente o seu noivo dormia.
Kayla acordou quando já não aguentava todas aquelas mulheres lá em casa a exclamarem com ela e foi tomar banho. Vestiu o seu majestoso vestido e deixa-se ser penteada e arranjada par o grande momento da sua vida.

Eu não conseguia acreditar no que via, Kayla estava magnifica. E uma princesa autêntica, a minha princesinha.

O vestido acentuava-lhe de uma forma, que parecia ter feito especialmente para si. Não tendo alças e sendo justo ao seu tronco, passara de princesa a rainha. Mas e todos aqueles detalhes como as mangas numa renda bonita e simples não conseguiam superar de forma alguma a sua beleza. Abaixo da sua cintura o vestido abria e deixava a cauda ser arrastada atrás de si. Theo vinha à frente alegre atirando as pétalas pelo ar. Eu poderia dizer que devia estar com uma cara mais parva do que o costume pois conseguia ouvir baixos risinho, talvez pelos meus olhos arregalados e boca aberta mas... Eu sei que já disse mas aquilo... Ok não existem palavras para a descrever.

~

Depois de eu finalmente ultrupassar o meu transe, estendi-lhe a minha mão recebendo-a, tentando controlar-me para não lhe tirar o maldito véu que lhe escondia ligeiramente o seu rosto. Mas eu pude ver o seu sorriso, então eu não poderia pedir mais certo? 

Tanto Kayla como eu repetiamos as palavras do padre e dissemos os nossos votos e apesar de ser homem eu chorei, não do tipo que ficas a soluçar, mas as lágrimas escaparam-me sinceramente e quando o padre deu ordem para a beijar, eu retirei o maldito véu e beijei-a, com vontade enquanto a abraçava para junto de mim, não querendo saber se estava a machucar o meu fato ou o seu vestido eu já só não aguentava ficar longe dela e não me lembro desde quando fiquei tão lamechas.

Mais tarde veio o copo de água e como de costume e como eu vi em filmes, levantei-me batendo ligeiramente com o cabo do garfo para chamar a atenção. A sorte de Kayla é que estava vazio, porque chamar a atenção eu chamei, mas também parti o maldito copo de água.

Eu corei no meio daquele restaurante com no mínimo 50 pessoas porque parecendo que não Kayla tem muitos primos, mesmo muitos.

O discurso, mais uma vez não correu como ensaiei e sinceramente já nem sei porque me dou ao trabalho de os ensaiar. Kayla e eu atropelamo-nos enquanto falavamos e riamos de coisas sem sentido algum. Comemos e fomos para o parque para podermos tirar as fotos. Eu fiz questão das nossas a 'solo' fossem inesqueciveis, por isso temos umas desfocadas, outra em que a seguro pelas costas inclinando-a para trás e ambos estamos com um sorriso nos lábios. Outras com elas às cavalitas, ela nos meus braços rindo que nem uma parva ou simplesmente abraçados e olhando nos olhos e sinceramente não sei como é que ele nos apanhou no jantar, enquanto discursavamos e tinhamos as mãos dadas.

Eu não sei, este dia foi mágico e agora só quero ir para casa e deitar-me abraçado a ela bem juntinhos, não como melhores amigos, nem namorados, muito menos noivos. Vou-me deitar a seu lado como seu marido.

"Oh e quando o Theo ia caindo para o lago dos cisnes?" Ela pergunta rindo após tirar-mos a roupa com cuidado e pormo-nos à vontade deitados no tapete da sala, com um cobertor e apenas uma almofada já que eu fazia de uma para ela.

"Oh sim, essa foi muito boa." Ri relembrando-me da cara de Greg.

"Oh-oh e quando partis-te o copo." Ela olhou-me e eu encarei-a sério.

"Não teve graça, eles não disseram que era um vidro muito sofisticado." Sorriu e beijo a sua bochecha.

"És um lamechas." Ela murmura olhando-me com um sorriso nos lábios.

"Hm... Eu sei, mas é por isso que gostas de mim certo?"

"Errado." Ela ri-se e volta a deitar-se como deve ser enquanto me abraça. "Eu amo-te por tudo e por nada. Mas não iremos prolongar, se não, não sairemos daqui."

"Certo já está pago na mesma moeda." Resmungo fazendo-a rir.

"Ainda tens que me levar para o quarto ao colo." Ela relembra-me da tradição. "Oh e já agora, amei a tua gravata."

Ri-me irónicamente e afastei-a levantando-me vendo-a ainda deitada no chão mordendo o lábio, sorri de canto e fi-la levantar-se e peguei-a ao colo.

"Já quebramos a tradição, já não tens o vestido de noiva." Ri enquanto ando com calma para o nosso quarto.

"Cala-te, eu só não quero andar."

"Preguiçosa." Resmungo enquanto a coloco de pé na cama e ela ri pulando.

"Anda." Ri e pulo com ela como quando eramos crianças.

A noite foi andando e quando finalmente adormecemos protegidos nos braços uns do outro já deviam ser cerca das cinco da manhã. Afinal quem nos disse para ficarmos a madrugada a falarmos?

Ow :( as leituras, votos e comentários tão a descer, vou chorar.

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