O azul representa a tristeza

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O amor é um dos sentimentos mais puros e genuínos, tal sentimento em sua forma mais sincera é capaz de mudar a vida de alguém. O amor é bom e necessário em qualquer aspecto do ser humano, o amor é o sentimento que nos faz sentir vivo…mesmo que você saiba que a vida não dura para sempre o amor faz você querer que dure. Amar s/n fazia eu sentir isso, ama-la me fazia desejar avidamente com cada particula do meu ser que eu tivesse mais tempo. Mais tempo para amar ela.
  Nove anos atrás eu a conheci, no momento mais obscuro da minha vida e talvez também da dela, encontrarmos um ao outro. Quando nós conhecemos eu corria de forma incessante pelo pátio da escola, meus pulmões queimavam e ardiam assim como os músculos de minhas pernas, eu queria me sentir, nem que seja um pouco vivo naquele momento. Queria sentir algo que dissipasse nem que seja um pouco da agonia e dor que habitava em meu coração. Quando não aguentei mais a ardência em meus pulmões e muito menos a queimação em cada minúsculo músculo das minhas pernas, eu simplesmente me joguei no chão e observei o  céu azul repleto de pequenas nuvens que formavam desenhos abstratos. Eu sentia com clareza o suor escorrendo com lentidão por minha testa e pescoço e então enquanto eu observava o céu o seu rosto surgiu sobre o meu tampando a visão. Seus cabelos presos caiam  em fios desordenados, seu sorriso parecia ser mais luminoso do que o sol que queimava a minha pele e o seu olhar refletia gentileza.

S/N: Oi. --disse simples como quem não queria nada e apoiou os braços nos joelhos para poder olhar para baixo, para mim, de forma mais confortável e a encarei confuso-- Você tem algum esqueiro? Tenho um cigarro e quero fumar.

HS: C-cigarro?! --repetir perplexo, naquele momento eu achei que ela era mais nova do que eu e era assustador pensar em uma estudante já fumando-- isso é errado, se pegarem você, você será suspens…

S/N: Aqui tenta --interrompeu minha fala e enfiou entre meus lábios um cigarro fazendo meus olhos se arregalarem e o seu sorriso aumentou agora numa aparência divertida e brincalhona. Porém assim que ouvimos o grito do supervisor que vinha em nossa direção o seu sorriso sumiu-- inferno! --praquejou e puxou minha mão, me ajudando a levantar e começando a correr. Eu imitei o seu ato ainda com o cigarro entre os lábios e corremos sem parar até estarmos longe o suficiente do supervisor da escola. Naquele momento, quando estávamos suados, ofegantes e ela ria achando graça da situação que ela mesma criou eu percebi uma coisa…eu havia me apaixonado a primeira vista por ela. 

Após aquele dia a nossa amizade realmente se iniciou, nove anos de história começaram a partir daquele momento. O meu amor secreto por s/n que durou longos nove anos se iniciou ali e o início da nossa história triste e melancólica também. Afinal S/n era o oposto de mim, ela era alegre, animada e um tanto agitada demais. Quando íamos a biblioteca ela comia e fazia uma extrema bagunça com os livros, ela fugia das aulas e constantemente tentava me meter em suas aventuras perigosas, talvez ter eu ao seu lado a ajudou a controlar esse seu lado impulsivo, suas notas melhoraram, seu comportamento era um pouco mais controlado quando eu estava ao seu lado a dando leves tapas para se comportar e suas aventuras de tornaram menos arriscadas.
Eu e s/n éramos melhores amigos, perfeitos um para o outro. Gostávamos de comer sorvete no inverno, dançar na chuva ou quando nevava, líamos quadrinhos e competimos entre si para ver quem comia o lamen mais rápido. Nós conseguimos entrar na mesma faculdade o que foi uma extrema sorte e esforço de minha parte para fazê-la estudar. Mas a melhor parte do início de nossa trajetória foi quando ela entrou de uma vez na minha vida. Antes de à conhecer eu morei sozinho desde os meus 17 anos, um garoto de apenas 17 anos que foi abandonado por sua mãe e que tinha a responsabilidade de lidar com as coisas de seu falecido pai, eu morava em uma casa enorme, escura e solitária. Mas quando s/n chegou, quando ela  simplesmente disse que também moraria comigo antes de irmos a faculdade tudo mudou. Antes dela minha vida era como um quarto escuro e então ela chegou. Ela abriu a janela para mim, uma janela enorme que me prendia na solidão e dissipou minha tristeza e me fez perceber que eu mereço alguém comigo. Eu era acostumado com a solidão até ela chegar, eu era triste até ela chegar. Afinal alguém se acostuma com à solidão, é muito mais triste do que a própria solidão.
As coisas entre nós fluíam com naturalidade, tudo era perfeito e agradável quando eu estava com ela, sua presença sempre fez meu coração acelerar. A primeira vez que nos beijamos foi como sentir a perfeita sensação da plenitude.
Nós havíamos voltando do mercado, estávamos encharcados por conta da chuva que levamos e enquanto eu enxugava o seu rosto com uma pequena toalha ela me encarou e segurou a minha mão. Naquele momento eu senti que não era certo fazer aquilo, afinal até aquele momento éramos amigos, mas o desejo de ter seus lábios nos meus era maior que a culpa que eu sentia por não contar o que estava acontecendo comigo, com minha saúde. Nossos lábios se juntaram timidamente, aquele foi o beijo mais hesitante de minha vida, mas quando ela apertou levemente a minha mão eu soube que não deveria hesitar. Colei nossos lábios com um pouco mais de atitude, enquanto levava as mãos a sua cintura e sorria durante o beijo. Talvez você ache que após aquele beijo nossos sentimentos foram esclarecidos, que ficamos  juntos e que um lindo romance se iniciou…mas não, isso não aconteceu. Talvez isso não seja uma história de amor, mas uma história sobre o que o amor é capaz.

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⏰ Última atualização: Aug 03, 2020 ⏰

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