1 • As janelas se abrem

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🍳= Jeongguk.
🍋= Jimin.

Uma longa trajetória de rivalidade foi passada de geração a geração. Rivalidade essa, que ninguém faz ideia de como começou, mas que mesmo depois de anos e anos vem sendo cultivada entre os vizinhos da rua Sorbonne.

🍋

Dizem por aí que como da noite nasce o dia, do ódio nasce o amor.

Talvez o que dizem seja meio equivocado ou há décadas nossas famílias apenas não seguem como manda o roteiro.

Tornando rotinas e espaços de trabalho, verdadeiros campos de guerras.

As manhãs na minha casa começavam assim que os ponteiros do relógio marcavam cinco horas. Panelas caíam e ofensas eram jogadas no ar — tanto de uma casa quanto da outra.

Mesas eram arrastadas para um lado, cadeiras para o outro, o bipe agudo da máquina onde os auxiliares batiam cartão podia ser ouvido mesmo que bem ao longe, as conversas pelos corredores, o cheirinho delicado de pão, bolo de laranja e de outros milhares aromas dançando em harmonia pela casa enquanto o vizinho se pendurava na janela para se gabar, em alto e bom som, por ter notado que seu saco de açúcar era melhor que o de meu pai.

Mas conforme o relógio pendurado na parede do meu quarto, já passavam das cinco e meia e eu ainda conseguia ouvir meus próprios pensamentos.

Esses que eram divididos entre a preocupação sobre o silêncio silencioso demais e a vontade de me manter quieto aqui, enrolado em minhas cobertas até que fosse acolhido pelo calor do sol quando ele, por fim, tomasse seu posto.

Desde muito novo, tenho esse costume de sentar em frente a janela e admirar o alvorecer da França sempre como se fosse a primeira vez, mesmo que já estivesse acostumado com os tons e soubesse exatamente como cada uma das estações coloriam a cidade.

De certa forma, sinto receio em querer afirmar que o silêncio repentino desta manhã torna cada segundo ainda mais especial, porque não faço ideia do que foi necessário para que ele reinasse.

Mas também sinto que é impossível deixar de lado toda a sensação que tal calmaria levava a cada centímetro de mim.

No espelho grande, escorado no canto da parede do relógio, vi como meu cabelo estava:

Desgrenhado e amarelado como o sol sonolento que ilumina os fins de tarde, mas mesmo assim debruço-me sobre a madeira da janela para ter uma visão ampla do céu que amanhecia sem pressa, se por acaso alguém passasse na calçada e visse a bagunça em cima da minha cabeça, eu acho que... apenas sorriria.

Ao olhar ao redor, me surpreendi ao notar que a transição do inverno para a primavera, enfim, havia terminado e as roseiras — que despertariam apenas no fim daquele mesmo mês — se estendem pelas paredes do lado de fora da casa e possuem pétalas em tons elegantes de vermelho e branco, seus espinhos estavam maiores e "talvez mais afiados que o normal" pensei, enquanto levava o dedo indicador até a boca após, sem querer, fincá-lo em um deles.

Uma brisa preguiçosa volta e meia acariciava meu rosto, fazendo com que eu me perguntasse como tal tranquilidade podia ser tão rapidamente substituída pelo caos de panelas, colheres e açúcar.

E também, gostaria de saber sobre o que foi necessário para que todo aquele caos cessasse de um dia para o outro.

Quando meus olhos pousaram sobre as dobradiças enferrujadas da janela em frente a minha, outra pergunta acendeu em minha mente:

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⏰ Última atualização: Sep 04, 2020 ⏰

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Amour FermentantOnde histórias criam vida. Descubra agora