(EM ANDAMENTO)
SHORTFIC - ROMANCE - DRAMA
Duas pâtisseries estão, constantemente, em guerra.
A esperança de que tudo não se acabasse em fogo renasce quando dois corações se reencontram. Crescidos, Jimin e Jeongguk irão trabalhar juntos no meio do ca...
Lá de cima, todo o seu esforço parecia ter valido a pena.
O garotinho de camiseta branca contemplava a paisagem verde do parque, em cima do escorregador mais alto e mais velho do local.
Seu cabelo, escuro como a noite que intimidava o sol ao longe, se agitava ao que o vento batia em seu rosto. Ele se sentia como os heróis de sua imaginação e dos filmes que tanto admirava.
Mas ele não devia estar ali e sabia muito bem disso, pois suas pernas tremiam de medo ao pensar que seus pais poderiam chegar ali a qualquer momento.
Seus braços doíam pelo esforço que fez para chegar até alí, suas pernas eram curtas demais para os espaços entre os degraus de ferro, e então, ele os esticava distraído.
As poucas pessoas que passavam por ele não diziam nada, apenas ficavam surpresas pela tranquilidade de um garoto tão pequeno a quatro metros do chão em algo tão instável.
Mas um vira-lata filhote que passava por perto não gostou do que viu e latiu para o garotinho distraído que ao olhar em sua direção, acabou perdendo seu equilíbrio.
O passo em falso que deu fez com que ele caísse sentado e antes mesmo que pudesse reagir, ele estava escorregando naquilo que parecia não ter fim.
Seu corpo pequeno no brinquedo de angulação desproporcional para qualquer um, tornou aquele acidente ainda mais assustador.
Em uma de suas tentativas de fazer aquilo parar, ele tateou o metal até achar algo em que pudesse se segurar, invés disso, o que achou foi uma conveniente extremidade, tão fina quanto um gancho.
Aquilo fez um corte profundo na palma de sua mão, mas ele não percebeu imediatamente, estava completamente fora de si quando, enfim, estava chegando na ponta que possuía uma leve, mas significante, elevação. Isso junto da velocidade anormal com que ele descia, fez com que o garotinho de camiseta branca voasse até um montinho de areia ali à poucos centímetros.
Ficou por alguns segundos com o rosto alí antes de se levantar, sua mão e seus olhos ardiam como se pegassem fogo, ele revezava entre esfregar os olhos e balançar a mão que sangrava como se aquilo fosse fazer a dor ir embora.
Ele chorava enquanto chamava por seus pais, mas de repente, parecia estar sozinho naquele parque imenso, os latidos e as conversas cessaram e tudo que ele podia ouvir era o próprio choro.
De súbito, aquela sensação se dissipou, como o cheiro de ovos e bacon sendo preparados perto de uma janela aberta, quando uma mão se pôs sobre sua cabeça e bagunçou seu cabelo como se procurasse por um botão que o fizesse calar a boca.
— Esfregar os olhos assim só vai piorar tudo. — Uma voz doce e preocupada disse, enquanto prendia as mãos do garotinho longe de seus olhos. — Isso é s-sangue? — Perguntou. Assustando, sem querer, o pequeno. — Não! Calma, vai ficar tudo bem. — Sua voz ainda era doce, mas ele não tinha muita certeza do que podia fazer.
Desajeitado, ele procurava algo em seus bolsos, demoraram alguns segundos até que se lembrasse da garrafa d'água que carregava em sua pequena mochila e da bandana amarrada em seu pescoço. E quando se lembrou, o garotinho de voz doce não pensou duas vezes antes de lavar a mão do menor a sua frente e amarra-lá.
Ele a apertou forte, e então, partiu para a segunda fase.
— Eu preciso que você tente abrir os olhos, ok? — Colocou as mãos em seus ombros como se dissesse "eu ainda tô aqui." — Eu vou assoprar, vai ser rápido, você consegue?
O garotinho de branco, tão assustado quanto um gato molhado, escolheu obedecer a voz doce. Quando conseguiu abrir os olhos, as mãos frias, como limonada de domingo, do garoto a sua frente seguraram suas pálpebras para que se mantivessem arregaladas e então juntou todo o ar de seus pulmões para assoprar e retirar cada grãozinho de terra que o faziam chorar.
Com o polegar, o garotinho limpou as lágrimas quentes do menor que piscava sem parar.
— Você pode continuar chorando se quiser, isso ajuda a limpar, só não esfregue os olhos, isso faz mal. — Disse, e só então o pequeno entendeu que estava tudo bem. Seus olhos estavam limpos novamente e seu herói estava dando as costas.
Nos jornais, pessoas que ajudam os outros geralmente ganhavam algo valioso como recompensa, então o menor correu até seu herói, que já estava longe. Quando o alcançou tocou seu ombro com receio.
O que era um pouco maior, se virou e se deparou com o garotinho escandaloso limpando suas lágrimas com uma das mãos e estendendo a "enfaixada" em sua direção.
— Obrigado. — Disse, baixinho se comparado com o choro de minutos atrás. — Isso é pra você! — Abriu a mão e o mostrou sua recompensa.
Era um colar, sua cordinha era curta demais, mas o que importava era o pingente, uma cianita azul.
— Pra você lembrar dos seus sonhos. — E então sorriu, um sorriso grandão que fez qualquer rastro de dor existente em si mesmo, sumir.
O que era considerado um herói, não se aguentou e sorriu também enquanto aceitava sua recompensa, e o pequeno (que não parecia mais ser tão mais novo que ele), agora sorridente, o olhava curioso.
— É lindo! Eu vou... — Não conseguiu terminar, pois, da mesma forma inesperada como se conheceram, eles foram separados.
Seus pais o puxavam pelo braço, cada um de um lado, dizendo coisas impossíveis de serem ouvidas.
Levando um garotinho feliz, por ter conhecido um super herói de verdade.
E deixando um garotinho confuso, com uma recompensa nas mãos e uma sensação estranha no coração, que dizia que aquela não era a primeira vez que aquele garotinho escandaloso tinha sido tirado de si, tão bruscamente.
Enquanto se mantinha estático no mesmo lugar sem nem piscar, seus pais chegaram por trás, aparentemente cansados. Sua mãe parecia brava enquanto dizia coisas que jimin estava distraído demais para ouvir, seu pai sorria para ela como um bobão e seus irmãos, esperando nos portões, estavam emburrados, como sempre.
Mas Jimin continuava inerte na sensação de que havia algo estranho no toque daquele garotinho, algo como nos livros que sua mãe gostava de ler em voz alta em noites de quinta.
Algo.
De outras vidas.
Hey, obrigado por ler, espero q tenha gostado. Obrigado por estar aqui 💜 E se você gosta de procurar spoilers em músicas ou só gosta de playlists de fanfic mesmo, link na bio.
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