A plateia berrava de ansiedade debaixo do sol quente de meio dia em Roma enquanto aguardavam o início do espetáculo nas arquibancadas da maior arena do império. Mais abaixo, ficavam as arquibancadas onde se encontravam senadores, generais e membros das famílias mais ricas de Roma, pois de lá podiam ver mais de perto o combate. O imperador sentado em seu luxuoso camarote, acabara de dar a ordem para os gladiadores entrarem na arena, o combate seria um duelo entre um escravo trazido de terras recém conquistadas ao norte, e um centurião que havia se inscrito voluntariamente para o combate.
Os guerreiros finalmente subiam à arena arenosa do grandioso Coliseu. O escravo utilizava uma típica armadura de gladiador que mantinha pontos vitais do corpo como o peito e a barriga expostos a ataques, e ainda assim não utiliza escudo, e sim um tridente e uma rede, e já começava a ganhar fama por suas incontáveis vitórias. E do outro lado da arena, havia um centurião com sua armadura brilhante com metal polido e bem trabalho, com o capacete de crina vermelha e o escudo de madeira com detalhes em ouro e aço, mas o que parecia chamar atenção era a sua altura acima da média até mesmo para um oficial com bom treinamento e alimentação.
Antes mesmo que o imperador pudesse começar o espetáculo, um servo foi até ele dizer que o homem lá embaixo não era um realmente um centurião:-Então quem é ele?-perguntou o imperador
-não sabemos quem ele é e nem como conseguiu equipamento do exército-respondeu o servo
O imperador se levantou de sua cadete foi bem próximo a borda de seu camarote e então começou a falar:
-homem misterioso que veste o equipamento de nosso glorioso exército, eu soube que não é um centurião de verdade
A plateia começou a murmurar, mas parou quando o imperador retomou a fala:
-como vê o povo de Roma compartilha da mesma pergunta que eu, quem é você?
-Eu?- começou a responder o homem misterioso - sou apenas alguém que estava procurando um pouco de diversão
-um pouco de diversão? - o imperador parou para pensar por alguns segundos e perguntou - pode me dizer seu nome?
-só lhe digo se eu ganhar o combate
O imperador, enquanto notava que o sotaque e pronuncia do falso centurião eram estranhos como de alguém que nunca ouvira alguém falar latim respondeu:
-pois bem que se inicie o combate
A multidão foi a loucura, e calmamente o imperador voltou ao seu acento.
O gladiador fez um sinal para que o centurião o atacasse, então o homem misterioso soltou o seu escudo o deixando de pé no chão e apontou sua espada ao escravo, e nesse momento a coragem de alguém que não temia morrer em combate era mostrada, de alguém que não precisava de escudo para vencer, a verdadeira coragem de um guerreiro Romano. O gladiador resolveu começar a avançar na direção de seu oponente que largava a espada e em um instante puxava algo de sua cintura, por um curto momento todos se surpreenderam com o que havia acontecido, mas a escravo estava cada vez mais próximo e isso seria o fim do falso centurião, até que em um piscar de olhos o homem misterioso apontou o estranho objeto em direção ao gladiador e então um estrondo de um rápido trovam cruzou o Coliseu.
As pessoas das arquibancadas mais baixas estavam com os ouvidos praticamente bloqueados por um forte zunido, sem mencionar que todos lá estavam confusos com o som, afinal não haviam nuvens em lugar nenhum.
A atenção voltava a arena, onde agora se encontravam os dois lutadores praticamente parados na mesma pose. O falso centurião prendia o estranho objeto de volta em sua cintura, e o seu adversário estava paralisado a sua frente segurando o tridente bem próximo ao rosto do homem misterioso, mas mesmo assim não atacava, estava de pé estatístico. Nessa situação o silêncio já havia tomado as arquibancadas, um silêncio que revelava um som baixo de algum líquido pingando, o som nada mais era do que o sangue do escravo que já havia formado uma poça vermelha na areia, o sangue vinha do seu peito, onde havia um tipo de ferida nunca vista antes, era um buraco quase perfeito que atravessa o corpo, quase como se fosse a ferida feita por uma flecha de uma balista, só que sem a flecha. A plateia quebrou o silêncio com um som de um suspiro de medo ao ver o gladiador soltar o tridente e a rede, e cair ao chão jazido em uma possa formada pelo próprio sangue.
O homem misterioso se virou em direção ao camarote do imperador e exclamou:-O meu nome é Júpiter! Deus dos raios e trovões e rei dos deuses! E posso garantir que Roma nunca mais perderá uma batalha!
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Histórias de um observador
RandomHistórias aleatórias, curtas e longas, mas todas observadas pela mesma pessoa