Nós nunca fomos próximos.

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Ainda que seu quarto fosse coberto pela escuridão, e as cortinas tentassem o salvar do sol da manhã, havia um pouco de luz que entre passava por aquelas frestas. Fora seu despertador, aquilo era a única forma de o fazer cair da cama.

Mas era sábado, trabalhava apenas pela manhã, e aquilo fazia sua alma se sentir aliviada, sua cabeça parecia levemente dolorida, como se tivesse sido acertada com violência. Jungkook talvez tivesse o poder de passar sua ressaca para humanos, isso se demônios ficassem de ressaca.

Bom, ele não tinha como saber, nunca havia ocorrido consigo; estava supondo que era daquela forma.

Ele não conseguia digerir tantas informações, sua cabeça parecia bagunçada demais para formular coisas que fizessem sentido. Ele não teve muito tempo para processar na noite anterior. O quase beijo de Taehyung, seu desespero, Jungkook e seu jeito prepotente, o cheiro forte, as marcas do demônio. Além das suas palavras que soaram como algo do tipo: "Você curte demônios?"

Talvez estivesse entendendo algo errado, mas que caralhos aquilo deveria significar?

Muita coisa se explicaria se entendesse que, talvez, Jungkook fosse um demônio que seduz humanos. Por exemplo, aquele cheiro embriagante que passou a sentir, e sua atitude da noite anterior. Era perturbador de se pensar, se era um demônio, talvez, ele quisesse apenas usurpar do que Jimin tinha a oferecer, ou estivesse bolando um plano para comer sua alma em breve.

Uns anos atrás, ele se convenceu de que iria pro inferno. Com Jungkook, agora ele tinha certeza de que não havia salvação.

As coisas começaram a tomar rumos que fugiam do seu controle, se é que algum dia teve controle de algo. Se tornava irritante ter tantas dúvidas. Nem tinha vontade de se levantar e encarar o cínico. Era um novo dia, não podia ser pior que o dia anterior. Com sorte, ele nem olharia Jungkook.

Depois de um bom banho, ele saiu do quarto revigorado. Mas o cheiro de café rolando pela casa era um mau sinal.

O Jungkook esquisito atacava novamente, não sabia como teria coragem de olhar em seus olhos ou fingir que nada tinha acontecido.

Passaram por tantas coisas e apenas aquela coisinha conseguia fazer com que se sentisse verdadeiramente envergonhado. Ele era um adulto, por que estava agindo como um adolescente na flor da idade?

— Bom dia, Senhor — Ele estava realmente radiante, nem parecia aquela coisa da noite anterior.

Sua aparência era semelhante à de uma celebridade, até suas roupas pareciam brilhar. A expressão era meio falsa, mas apenas quem convive com ele poderia notar, também era fácil perceber seus caninos pontudos agora. Estavam menores que outros dias, aquilo até o fazia parecer adorável, ainda que não passasse de um demônio.

— Tão radiante, não se lembra de ontem? — Jungkook diminuiu o sorriso e, observando as expressões do outro, tombou um pouco sua cabeça para o lado. — Não me chama de senhor quando quem tem a aparência de um é você.

Aquilo era uma resposta suficiente, o álcool, ou seja lá o que ele usou, havia conseguido fazer maravilhas em sua memória. Não sabia se ficava agradecido ou incomodado, mas era bom ter momentos constrangedores apagados de sua mente.

— Ei, estou falando com você — Jimin viu um par de dedos serem mexidos em sua frente. — Nunca dá atenção ao que digo.

— Sempre presto muita atenção ao que diz. Do contrário, como eu lembraria de você insinuar que é um demônio? — Murmurou, enquanto servia-se do cardápio exagerado de Jungkook.

— Eu lembro de dizer e não de insinuar. Está surpreso? Esperava que pensasse de forma mais lógica. O que mais eu poderia ser? Uma fadinha que faz plin plin? — Naquele tom, Jimin se sentiu um idiota completo. — Eu passei meses comendo carne crua, eu sei de seus pensamentos, os olhos vermelhos... o que mais eu poderia ser?

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⏰ Última atualização: Oct 11 ⏰

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Diaboli | pjm • jjkOnde histórias criam vida. Descubra agora