Queen

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Era uma manhã cinzenta, enquanto os carros passavam livre e despreocupadamente pela Avenida, o grupinho de sempre estava reunido nos bancos aleatórios de uma praça.

Falando sobre algumas " aventuras, lembraram-se da vez em que Ray foi para o passado e quase não voltou, correndo sério risco de morrer congelado no Alasca.

Piper sorria ouvindo os planos malucos que eles faziam todos os dias para salvar a cidade. No fundo ela queria ter participado de tudo isso, se sentia excluída pelo fato de que Charlotte soubesse mais sobre o seu irmão do que ela própria, não que ela se interessasse, Claro, mas ainda assim era constrangedor pensar nisso.

Aliás, a garota que ela já considerava cunhada, mesmo sem nenhum aviso de que isso poderia acontecer, fora a única que tinha descoberto o segredo por si própria e não por acidente e Piper se orgulha disso.

Mas em sua sincera opinião, não tinha necessidade deles a tratarem de um jeito tão indiferente.

Nesse exato momento, Jasper estava em chamada de vídeo com a Patina, o que ela ainda repetia para si que não era nada demais, Henry e Charlotte fingiam que não estavam apaixonados, sendo que todos sabiam menos eles, e por fim, Ray e Schwoz que não conseguiam parar de brigar.

Era uma cena constrangedora. É ela só tinha percebido que sempre fora assim quando teve que deixar o celular na assistência.

- E quando eles achavam que a máquina ia explodir, eu tirei da tomada.
- E ela parou?
- Desligou total. - Piper riu.
- Nossa... nunca mais tivemos aventuras assim né?
- Tivemos? Piper você não é do time.
- É! Por que você insiste?
- Não tem lugar pra você aqui.

A garota engoliu em seco, desconfortável.

- Eu vou buscar um milkshake.
- Ta, vai lá.

Andando pela rua, ela viu que era verdade. Ela não era do time, eles repetiam todo santo dia a mesma coisa. E ela já estava perdendo a pose de durona quando ouvia que até sua melhor amiga não a aceitava ali.
Piper sempre fora a garota popular, encrenqueira e aquela mete a cara e paga pra ver. Mas se preocupava muito com o que pensam dela. Ela era autossuficiente mas também era um ser humano, não uma ilha. Ela podia jurar que se alguém parasse para elogiá-la por algo que fez, já seria suficiente para resgatar o que ela tinha perdido.

Elogiar o que? Sua mente acusou, você merece ser excluída. Se pelo menos fizesse algo pelo que as pessoas pudessem se orgulhar. Se você ao menos fizesse por merecer a amizade deles, talvez eles te considerassem.

Ela admitiu que parte daquilo tudo era sua culpa. Afinal, ninguém mesmo iria querer ficar perto de alguém tão difícil como ela. Entrou na fila e esperou enquanto as pessoas faziam seus pedidos. Ao pegar finalmente o copo e por o canudo na boca viu que a tampa trazia a inscrição:
Veja de outra forma. Faça por você.

A frase martelou na mente dela fazendo com que ficasse confusa. Afinal, eles não deveriam tratá-la daquela forma. Ela sabia muito bem dos seus poderes e que poderia ser feliz sozinha mas algo a impedia de pensar que poderia se vingar de seus amigos. Piper, apesar de tudo, era fiel.

Ao chegar de volta ao banco, percebeu que estava sozinha. Ela parou ainda atônita e observou o banco vazio no meio da praça. Isso é demais pra mim.
Não sabia se era algo de sua cabeça, mas enquanto sentava-se no banco, um rolo de feno passou por ali. Ela levantou os olhos e viu a vida correr alegre e preguiçosa por ela. As pessoas sorriam animadas enquanto proferiam discursos monótonos sobre suas vidas e trabalhos. As crianças se jogavam do alto de escorregadores de madeira, caindo sentadas. Elas pousavam as mãos nos quadris e voltavam a subir as escadas de madeira que já não estava tão lustrada quanto antes.

 The Queen of darknessOnde histórias criam vida. Descubra agora