Desembarcamos no aeroporto internacional de Belém, quando digo "desembarcamos" significa dizer que não estou sozinho. Melissa Magno como sempre me convenceu de que viria comigo e eu também, como sempre, cedi aos caprichos dela que me persuadiu com uma conversa mole de que seria ótimo respirar novos ares e que a empresa na qual ela estava trabalhando atualmente, precisava de uma modelo e que se fosse ela quem "encontrasse" a tal modelo, seria promovida à um bom cargo lá dentro, Mel acreditava que a encontraria em plena cidade das mangueiras. Mas eu, como bom irmão que sou, não tirei suas forças e a trouxe comigo. Contudo, quem ficou desapontada foi Sabrina, não pôde vir devido seu trabalho. Sabrina era modelo de uma agência conhecidíssima em São Paulo e, com seu recente job passaria alguns meses em Milão, disse que assim que retornasse ao Brasil se eu ainda estivesse na "pesquisa de campo" em Belém do Pará, a loira iria me encontrar.
Uma sensação estranha de ansiedade me consumia, logo eu que sempre fui seguro de mim, aquilo era novidade. Mel encarava o aeroporto internacional-Júlio Cezar Ribeiro- com um sorriso enorme de orelha a orelha e eu tratei de alugar um carro para irmos para casa, eu havia alugado um apartamento bem localizado em Belém, eu não gostava da ideia de ter que ficar por muito tempo em hotéis, como fui convencido em ter a companhia de minha irmã, achei melhor que ela se sentisse mais "em casa" e um hotel não nos proporcionaria tal sentimento. O apartamento ficava no Reduto- ou- Doca de Souza Franco, eu havia pesquisado o endereço naquele aplicativo chamado Waze e não foi tão difícil dirigir até lá, o trânsito era bem tranquilo comparado ao de São Paulo.
—Então, o que disse a sua querida Sabrina? — Mel soltou uma "espetada" assim que entramos no apartamento e eu ri. — Gostei daqui, você escolheu bem, o apart.
— A verdade, ora. — Dei de ombros e ela balançou a cabeça negativamente e estalou a língua como se discordasse de algo. — O que foi? Não entendi sua negação. — Me sentei no sofá da pequena sala e ela foi até a cozinha verificar armários e geladeira.
—Admite para mim Dinho— usou o apelido no qual apenas ela me chamava — Você só aceitou de bom grado a ideia de vir para uma outra cidade, por ser mais um motivo de adiar esse "casamento". — Revirou os olhos ao fazer aspas e acrescentou logo em seguida: —Precisamos fazer umas comprinhas.
— Talvez— sorrimos e dei de ombros. — Eu só não quero magoar ela, mas também não acho que esteja preparado para casar.
— Você não sente aquele lance por ela, a realidade é essa. — De que porra ela estava falando? Minha irmã só poderia falar outra língua porque a que todos costumavam falar, com certeza não era a dela.
— Que "lance" Lissa?
— Eu vejo como olha para ela. — Revirei os olhos — Você olha para ela com receio— balancei a cabeça sem entender e ela prosseguiu: — Receio de que ela note que você não gosta dela. Dinho, tá na sua cara, você não— ela fez o número três com os dedos como se fosse contá-los e a outra mão contou de um por um enquanto ela dizia: — Você não gosta dela, não está apaixonado e definitivamente não a ama.
— Ah é mocinha e como você tem segurança em me falar isso? — perguntei desafiador e ela deu de ombros.
— Quando você se apaixonar eu vou saber D. Agora vou tomar um banho para irmos ao supermercado e depois você pode me levar para jantar— piscou saindo e eu ri da sua petulância.
Foi assim que fizemos, depois do mercado onde compramos o que era necessário para manter a casa incluindo comida e limpeza fomos jantar fora. Eu não conhecia Belém, era a primeira vez na cidade e havia apenas feito pesquisas sobre a cidade, sua história e seus pontos turísticos, então decidi levar minha irmã pra jantar em um restaurante localizado em um dos pontos turísticos mais relevantes de Belém, a famosa Estação das Docas, era um local muito bonito, com várias lojinhas e restaurantes, haviam alguns estandes de artigos artesanais também, com cheirinhos e bijuterias paraenses, roupas com desenhos bem coloridos, blusas com um "dicionário paraense", Melissa estava completamente encantada com a cidade, na verdade era a primeira viagem dela, eu já havia viajado o mundo, era fluente em algumas línguas estrangeiras. Já Mel, dominava o inglês muito bem por sinal.
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A Mendiga
RomanceConrado Magno, o primogênito herdeiro de uma das maiores distribuidoras e exportadoras de açaí de dentro e fora do Brasil. O grande empresário que transbordava poder por onde passava nunca imaginou que seus pensamentos poderiam ser ocupados por uma...