27 de abril de 1988
Está uma noite bonita e com um clima bom. Mudar de país é sempre algo significativo, sei disso, por que o meu pai era diplomata... nunca ficávamos muito tempo em um lugar, não só pelo trabalho dele, mas também pelas ameaças que recebíamos com frequência. Sempre me incomodei muito com as mudanças, não conseguia fazer amigos e meus olhos eram motivos de chacota em muitos dos lugares em que moramos. A Irlanda foi onde mais gostei de morar, apesar do clima, as pessoas eram incríveis e me receberam super bem na escola. Acho que foi um dos únicos países em que fiz bons amigos e os professores também eram ótimos, além da comida que também era divina.
Atualmente estou nos Estados Unidos, mas especificamente na capital da Carolina do Norte com uma tia, meus pais teriam que continuar a fugir por causa de algum problema no trabalho de papai, ele estava sendo ameaçado e como eu nunca tinha sido vista e ele fazia questão de que ninguém me associasse a ele, eu era uma garota "comum" e poderia continuar minha vida como se nada estivesse acontecendo e meus pais não fossem morrer a qualquer momento (sintam a ironia) , o problema é que, eu detesto a minha tia. Ela é uma vadia sem escrúpulos que fica fora o dia toda e não da a mínima pra mim, se vou comer ou se já cheguei da escola. Ela simplesmente não liga se estou viva ou morta. Quando chega de madrugada, vai direto para seu quarto, não fala comigo nunca e de manhã eu tenho que me virar pra chegar a escola, já que o ônibus não passa na frente de casa e ela não me deixa usar o carro. Ando 12 quarteirões pra chegar ao ponto mais próximo, então tenho que acordar mais cedo para não me atrasar. As vezes acho que ela se esqueceu que vim morar com ela a 6 meses, e não vai até o meu quarto por esse motivo. Mas depois mudo de ideia, quem esquece algo assim?
De qualquer forma, já que ela não está aqui e tem uma praça á 3 quarteirões, vou dar uma caminhada e espairecer um pouco. Quem sabe não consigo falar com mamãe hoje? Já tem 2 semanas que não consigo falar com eles e isso está me deixando apavorada, tenho crises de pânico mais vezes do que acho ser possível.
Ao chegar na praça, está tudo deserto apesar de ser apenas 7 da noite. Os postes eram longe um do outro, então pedaços da pista estavam muito escuros e aquilo estava começando a me assustar. Tentei ligar para mamãe 8 vezes antes de desistir. Já estava voltando para casa quando um carro parou ao meu lado e 2 homens me puxaram para dentro. Tentei gritar, chutar, correr, mas tudo em vão, tinha 3 homens dentro do carro além do motorista, um no banco da frente, e 2 atrás que me seguravam. Eles taparam a minha boca, e amarraram minhas mãos com uma corda grossa e áspera. Continuava tentando lutar contra eles mas eram muito fortes.
-Por favor, só tenho 16, me deixem ir, juro que não conto a ninguém... nem mesmo vi seus rostos, não poderia falar nada!! por favor, se quiserem tenho dinheiro, mas não façam nada comigo. Eu imploro! Me deixem ir!!
Gritei enquanto me debatia e tentava me soltar daqueles homens. Era verdade, não tinha visto seus rostos, só notei que eram brancos e altos, não poderia reconhece-los caso, por algum milagre, conseguisse fugir.
-Cala a porra da boca ou começamos a brincar antes da hora.
Um dos que estava no banco da frente, tenho quase certeza que foi o motorista, disse alto o suficiente para cobrir meus gritos de socorro e de clemencia. Parei de gritar por medo do que pudessem fazer, por estar escuro eu não conseguia ver nada dentro do carro, não sabia se estavam armados e não queria descobrir. Já estava apavorada o suficiente por uma vida inteira e não queria saber o que "brincar" significa pra eles.
Depois de horas, muitas horas, o carro parou. A viagem foi silenciosa e apavorante, assim que saímos de Raleigh e fomos pro sul, na direção de Fayetteville (era o que eu achava) , eu comecei a chorar baixo e a soluçar pelos próximos minutos. A essa altura esperava que minha tia já tivesse chegado em casa, seja lá pra onde ela ia todos os dias, e que HOJE, tivesse sentido minha falta e já tivesse chamado a policia. Até porque, eu nunca saia, e esses caras já tinham me sequestrado a horas. Além de não poder falar, eles disseram que não poderia olhar pra cima, nem pra rua, nem pra eles, nem pra nada. Então eu tentava me manter o mais imóvel possível.
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Uma mãe para os espécies - Nova Espécie
ChickLitUma adolescente de 16 anos é sequestrada e fica durante 30 anos presa em uma das instalações da Mercelli. Durante esse tempo, o cientista responsável pela instalação a estupra inumeras vezes e de algumas dessas violências foram gerados frutos. Os be...