𝟎𝟑𝟒

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Skyler Jones;

No universo das cores, existem diversos tons. Eles tem significados diferentes que te fazem ter sensações diferentes, porém todos são derivados diretamente de uma única cor. O mesmo pode ser comparado com humanos. Somente em uma pessoa, há muito mais do que conseguimos ver, identificar e nomear. Elas tem outras tonalidades, outros lados de si mesmos que conhecemos aos poucos. Cada lado é capaz de nos trazer novos sentimentos, que podemos até mesmo não gostar, mas que são responsáveis pela individualidade de todos nós, nos fazendo ser únicos, a partir dos nossos próprios tons.

Na cor azul, temos especificamente 111 tipos de tonalidades. Mas, apesar de serem muitas, nenhuma delas se encaixam na intensidade que os olhos azuis de Daniel tem nesse momento.

Tudo parece estar em câmera lenta, enquanto eu o observo caminhar até mim. A atenção de todos que nos conhecem está sobre nós, como se estivessem assistindo um acidente de carro prestes a acontecer. Minha respiração trava e é como se o mundo fosse desmoronar a qualquer momento.

Até que o garoto passa exatamente ao meu lado, sem me direcionar nenhuma palavra; o que não era mesmo necessário, pois nos instantes em que seu olhar estava preso em mim, eu consegui entender tudo o que ele queria me dizer. Mas Daniel não esperou por uma resposta, então quando ele faz menção de que estava indo embora, eu instintivamente seguro em seu braço.

— Daniel... eu... — Começo, em um murmuro baixo que ele ignora, se afastando bruscamente do meu aperto em si, continuando seu caminho pela porta a fora.

No mesmo instante, eu o sigo, sem me importar com ninguém ou nada além de a não o deixar sair de lá assim, sem me escutar. Porque algo me diz que se eu fizer, a última memória que Daniel terá de mim, será eu parecendo estar com outro cara, dois dias depois de tudo ter ficado uma ferida aberta entre nós.

Se soubesse que aceitar o convite, inacreditavelmente amigável, de Blake fosse deixar as coisas piores entre mim e Daniel, eu teria continuado mofando, triste em uma cama do mesmo jeito que venho fazendo a alguns dias.

— Daniel! — Digo, quando já estamos os dois fora do bar. Minha voz é alta o suficiente para ele me ouvir em meio o lugar aberto lotado de carros estacionados. — Espera!

O garoto continua andando rápido e eu tento dar passos o mais largo que posso, porém ele não facilita. Assim que o noto longe o bastante para ser impossível que eu lhe alcance, viro meu destino, querendo pegar um atalho em meio aos carros para conseguir chegar perto dele. Felizmente, a missão é cumprida e logo acabo ao seu lado, o puxando, mais uma vez, pelo braço da jaqueta para que ele fique preso entre mim, uma parede e dois dos automóveis ali.

— Sai da frente, Skyler. — Ele fala, claramente nervoso assim que percebe que eu estou atrapalhando a única passagem que ele teria por onde sair.

— Não. Eu não vou me mexer até você me escutar. — Respiro fundo, colocando uma mão em cima de cada capô ao meu lado antes que o cérebro bêbado de Daniel tente pular por cima deles.

A expressão do loiro a minha frente ferve de nervoso ao reconhecer o quão determinada estou.

— Você não precisa me dizer nada! Posso não estar sóbrio, mas ainda enxergo.

Seu timbre amargurado, me deixa questionando o quão distorcido exatamente sua mente fez tudo parecer.

— E o que você pensa que viu lá dentro?

O vejo soltar uma risada seca e sem humor, algo que sei que ele geralmente faz quando está bravo, então simplesmente engulo em seco, sabendo que provavelmente ele iria gritar agora.

falling ➻ daniel seavey Onde histórias criam vida. Descubra agora