falling ➻ daniel seavey

𝟎𝟎𝟑

• Skyler Jones;

Acordo as dez da manhã e fico um bom tempo pensando sobre o que faria durante o dia. Não conheço ninguém aqui além de Thereza, mas passar meu dia com ela não está no topo das minhas vontades. Observo a parede cor creme enquanto penso nas minhas possibilidades. Talvez possa ver pontos turísticos? Ficar no Hotel? Assistir Tv?

Levanto quando ignoro tudo isso e resolvo ir fazer compras.

Dou uma volta pelo hotel, atrás do lugar onde tomaria café. Quando o encontro, tem cerca de cinco pessoas com uniformes que estavam tirando todas as comidas. Olho ao redor e vejo uma pequena plaquinha indicando que o café era das sete as dez e meia. Levanto o pulso e meu relógio diz que são exatamente dez e quarenta e três. Droga.

Não deixo a falta de sorte ou a fome me abalar durante o dia. Quando retorno, já a noite, estou com pelo menos 2 sacolas de cada loja que visitei hoje e várias fotos em meu celular de alguns pontos turísticos que enviarei mais tarde a Molly.

Primeiro dia quase concluído. Sorrio percebendo que consegui me virar pelo menos hoje. Amanhã terei que descobrir o que fazer para não morrer de tédio.

Dessa vez, chego em cima da hora novamente para a janta, porém ainda está tudo ali, apenas com menos pessoas. Faltam quase meia hora para acabar então, suponho que todos ja tenham comido. Ou talvez nem tenham chegado ainda, já que é um sábado a noite em Los Angeles.

Me sento em uma das mesas ao fundo, de costas para a entrada principal. Como enquanto converso por facetime com Molly, que está quase dormindo já que Nova York está a 3 horas a frente da minha localização atual.

— Não olhe agora mas eu acabei de ver um cara muito gato entrar pela porta atrás de você. — Molly diz e sua cara está está de pura animação.

— Mas o que? — Rio de sua expressão, levando meu garfo a boca.

— Ele está...? Ah Deus, ele definitivamente está vindo em sua direção, Sky. — A imagem de Molly balança e eu fico confusa na mesma hora.

Quando viro para trás, quase engasgo com o macarrão que comia.

— Ah cara, eu amo o macarrão deste hotel. O que está achando até agora? Aliás, você poderia ter me contato sobre isso se tivesse salvo meu número.

Tá, dessa vez eu engasgo. Começo a tossir e bebo meu copo de suco na mesma hora.

— Hey, sou Molly. — Minha amiga acena do outro lado da tela em meu celular.

— Daniel. — O garoto levanta uma mão em cumprimento a morena.

Molly sorri para ele e quando raciocínia que é Daniel que está a sua frente, o Daniel do avião, sua boca se abre em choque.

— Molly, vou desligar. Tchau.

— Skyler-

Aperto o telefone vermelho em minha tela e a imagem da morena surpresa some.

Limpo minha boca com um guardanapo enquanto olho culpada para o garoto que estava com os braços cruzados e uma sobrancelha arqueada.

— É, eu não salvei. Sinto muito, não foi minha culpa, eu só... O que faz aqui, afinal?

O garoto pega uma das minhas maçãs, qual eu comeria depois da janta e se senta de frente para mim.

— Tudo bem, eu meio que esperava que você não fosse me ligar, sabe?

— Então me seguiu até aqui?

Ele ri enquanto mastiga.

— Meio Joe Goldberg, então não. Eu iria pra casa depois do vôo mas, meus housemates vão estar fora durante o fim de semana e eu não tenho a chave, por incrível que pareça, nunca precisei ter até hoje. E não é exatamente um sacrifício ficar em um hotel desses.

Balanço a cabeça indicando que compreendia. A última frase do loiro me faz adicionar mais um fato a lista de coisas que sei sobre ele. Daniel definitivamente é rico. Ninguém com uma condição razoável viria para um hotel desses apenas por estar sem a chave de casa. Sorrio para mim mesma pensando no quanto eu gostaria de poder fazer isso sempre que Molly traz um de seus novos namorados pro nosso apartamento de paredes finas.

— Eu fiquei esperando, sabia? Uma ligação ou uma mensagem e quando não veio tudo o que pensei foi "Merda, eu nem sabia o sobrenome dela."

Rio e imediatamente sinto a mesma sensação do vôo, como se não pudesse parar de sorrir.

— É Jones.

— Bom saber. Apenas nunca mais deixe um cara esperando, é maldade. — Ele diz com uma expressão de dor e um biquinho em seus lábios.

— Anotei. — Faço a melhor cara de perdão que sei e ele solta uma risada gostosa.

— Okay, agora vamos. — Daniel levanta com tudo da cadeira e eu o olho confusa.

— Onde exatamente?

— Jones, é seu primeiro sábado a noite em Los Angeles, e você me prometeu um encontro, então. Vamos. — Ele dizia com um tom de como se fosse óbvio.

— Um encontro, é? Tipo, um encontro que as pessoas vão para se conhecer e ver se são compatíveis para algo maior e tal? E quando vêem que não são nada parecidas, pensam "pelo menos posso acabar esta noite tendo beijado alguém" — Digo confiante enquanto também me levantava.

— Como se eu quisesse algo menos que isso, quando te convidei para sair comigo. E convenhamos, não teria passado um vôo inteiro rindo com você, se não fossemos "compatíveis" — Ele levanta as mãos fazendo aspas com os dedos. — Mas mesmo assim, não pulo a parte do beijo.

Só agora percebo a proximidade em que estávamos, já que Daniel estava super perto da minha cadeira quando levantei.

Seus olhos pareciam mais azuis ainda de perto e sei que poderia listar cada tom da cor que havia neles.

Antes que eu possa dizer alguma coisa, Daniel se afasta, andando de costas.

— Te espero aqui em baixo em uma hora. — O agradeço mentalmente por ter encerrado o assunto, pois não sei se conseguiria formar uma frase depois que ele praticamente deu a entender que quer me beijar esta noite.

Ele se vira e continua o caminho até a porta enquanto o ar voltava para meus pulmões.

— Ah, e antes que eu esqueça. — Daniel vira na minha direção mais uma vez, aumentando sua voz devido a nossa distancia. — Leve um casaco ou algo assim, ficaremos fora a noite toda. — Mesmo com minha miopia, consigo ver sua piscada com o olho esquerdo e o sorriso presunçoso nos lábios.

E assim, Daniel, o cara que conheci no avião, some de minha vista, me deixando apenas sem saber como respirar novamente. Não posso deixar de agradecer seja lá qual for a força superior que tenha dado uma leve ajuda para acabarmos nos esbarrando de novo.

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