Era tarde, mas não havia silêncio que me fizesse dormir, pois, como em todas as noites, parece-me que falta algo. Em sentir, passo horas refletindo acerca do que deveria ser conduzido (por mim) durante o dia que passou. Às vezes, encontro respostas em músicas e, desta vez, nem as belas canções de Vinícius acalentaram o meu pobre coração, mas só aumentaram os rios que corriam por meus olhos.
As lágrimas não eram de pura tristeza, pois, se fosse, não valeria o pranto. Por outro lado, chorava-me por sentir raiva. O ódio corria por meus olhos, mas eu o deixava, pois aquilo seria bom e suficiente para descobrir o quão fraco os humanos são, porém, ao mesmo tempo, tão complexos e tão belos. Na realidade, talvez lacrimejava para entender os sentimentos que me rodeiam.
Chorar iria me trazer algo ao final do pranto: ou tristeza, ou alívio. Com efeito, deixei rios correrem até que não restasse nada. Sendo assim, deliciei-me a cada momento. Ao final, descobri o que eu realmente viria a sentir: melancolia.
Enfim, eu estava certo; sabia que iria sentir tristeza, pois ela é soberana. É como um rio: sempre tem uma nascente; como as cores: sempre acabam em preto, quando juntas. Ser triste, naquele momento, tornou-se sublime, pois, a exemplo de poetas que usam melancolia como escrita e encantam até aos mais alegres eu me sentia capaz de fazer qualquer coisa.
A tristeza é uma senhora, pois, seguindo a biologia, vem primeiro. É preciso estar triste para (após) sentir alegria, ou qualquer outro sentimento. Enfim, a melancolia é só a passagem para coisas melhores.
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UM ESTUDO SOBRE A PSICOLOGIA PESSOAL
Cerita PendekE quando vejo, sinto-me inteiramente entregue à senhora tristeza. As horas? São como relógios sem pilha, não são suficientes. O tempo? É algo magnífico e, de repente, doloroso. Enfim, eu me entristeço por ver que não há horário para mim.