Investigação

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- Hong Kong?

Kiki olhou para Saori sem conseguir esconder sua surpresa. A deusa havia dito que tinha uma missão para ele, mas o jovem recém sagrado cavaleiro de Áries imaginara que era algo mais corriqueiro, como supervisionar o treinamento de algum aprendiz ou acompanhá-la para algum evento importante com algum governante de um país qualquer.

- Chegaram até mim as informações de estranhas vibrações vindas de algum lugar de Hong Kong e eu gostaria que você fosse investigar.

- Farei o que me ordenar, Atena – ele respondeu com seriedade.

Saori olhou para o defensor da armadura de ouro de Áries e pensou em como ele havia amadurecido. Pouco lembrava aquele menino levado que acompanhava Shiryu para todo lado na mansão Kido. Agora com quinze anos, ele estava cada vez mais parecido com seu antigo mestre Mu, o valoroso guerreiro que fora seu predecessor à frente da Primeira Casa. Depois do seu sacrifício no Muro das Lamentações, juntos com os outros cavaleiros de ouro, Kiki não tivera outro mentor. E, Atena suspeitava, ele ainda sentia uma terrível falta de seu falecido mestre.

- Por favor – continuou ele. – Me passe os detalhes da missão.

Dois dias depois, Kiki estava viajando a bordo do jato particular de Saori para a região administrativa mais famosa e ocidental da China. A viagem, de aproximadamente 13 horas, com uma escala em Dubai, havia sido bem tranquila e, por estar viajando sozinho, ele passara boa parte do tempo lendo uma história de romance policial sobre uma gangue de motoqueiros e uma detetive. Tranquila o bastante para que ele pudesse sentir uma considerável ansiedade por aquela que era sua primeira missão como cavaleiro.

O aeroporto estava bem movimentado, por volta de 11 horas da manhã. Pessoas de variadas idades e tipos passavam para lá e para cá, apressadas, procurando nas diversas telas quais eram seus portões de embarque e a voz de uma mulher no alto-falante anunciava os horários dos voos, fazendo as últimas chamadas dos retardatários. Kiki olhava em volta, muito curioso e interessado em todo aquele movimento, tão frenético e tão diferente da vida, tanto no Santuário, quanto de Jamiel.

Saori havia dito que uma assistente o esperaria ali e ele procurou, sem sucesso, alguém segurando uma placa com seu nome, ou algo assim. Mas todas as placas eram para outros passageiros. Decidiu dar uma volta pelo lugar, talvez a pessoa estivesse em parte do aeroporto, ou talvez tivesse ido ao banheiro.

A escolha por um vestuário simples, calça jeans, jaqueta e camisa branca, se mostraram pouco eficientes para se misturar à multidão, já que os cabelos alaranjados e rebeldes e as pintas no lugar das sobrancelhas eram bem pouco discretos, assim como a urna da armadura de ouro nas costas. O rapaz a quem ele pediu informação de onde era o banheiro o encarava tão boquiaberto que ele temeu que sua mandíbula pudesse deslocar.

Depois de rodar mais uns cinco minutos e sentir que começava a ficar impaciente, Kiki pegou o celular que Saori havia lhe dado e, quando estava prestes a ligar para o departamento responsável da Fundação Graad, ouviu alguém chamar seu nome

- Senhor Kiki! – dizia a voz feminina. – Senhor Kiki!

Ele olhou para trás e viu uma jovem chinesa parada atrás de si, com o rosto ligeiramente corado e parecendo afobada. Apesar disso, seu coque muito bem feito não tinha um fio fora do lugar. Assim como a calça social preta e a blusa de seda de um tom amarelo pálido.

- É o senhor Kiki, não é? Do Japão? – ela perguntou e se inclinou em um pedido de desculpas. – Me perdoe, eu me atrasei porque meu irmãozinho quis me ajudar a fazer o café-da-manhã e quase colocou fogo na casa.

- Tudo bem – ele respondeu com tranquilidade.

- Obrigada pela compreensão – ela levantou o olhar, aliviada. – Sou Wang Xinyue. Fui orientada a acompanhá-lo até suas acomodações e levá-lo aonde desejar. Por favor, venha comigo até a saída do aeroporto, para que possamos entrar no carro.

Primeira missão! A batalha contra aquele que nunca desisteOnde histórias criam vida. Descubra agora